Aguero se aposenta por arritmia: qual o perigo da condição para um jogador?
O jogador argentino Sergio Kun Aguero, 33, anunciou nesta quarta-feira (15), que vai se aposentador do futebol. A decisão ocorreu após ele descobrir que teve uma arritmia cardíaca em campo durante uma partida no final de outubro.
"São momentos muito difíceis, mas ainda estou muito feliz com a decisão que tomei. Em primeiro lugar, está a minha saúde devido ao problema que tive há um mês. Estava nas mãos dos médicos, e eles me disseram que era melhor parar de jogar", explicou Aguero. "Fiz o possível para ver se havia alguma esperança, mas não havia muita", completou o jogador, emocionado.
A frequência dos batimentos cardíacos pode variar em determinadas circunstâncias, como durante a prática de esportes ou em resposta a situações de estresse negativo ou positivo. Isso é normal.
O problema é quando essa frequência é muito rápida ou muito lenta. Quando isso ocorre, elas são consideradas anormais. Em todos os casos, há uma perda do ritmo cadenciado do coração, e é exatamente essa irregularidade que caracteriza a arritmia.
Por isso, toda vez que observar em si uma palpitação que persiste, ela deve ser investigada, especialmente se, em sua família, há histórico de morte súbita, pois a percepção de batimentos cardíacos anormais é a manifestação mais comum da doença.
As arritmias têm causa multifatorial, mas, de modo geral, decorrem de doenças cardíacas. "Elas podem colocar a vida em risco porque o consumo de oxigênio pelo coração é muito grande em um atleta profissional de alto rendimento, como um jogador de futebol", explica João Vicente da Silveira, cardiologista e médico do Hospital Sírio-Libanês (SP).
Ainda segundo o especialista, é muito comum haver a recomendação de parar com o esporte para pacientes diagnosticados com arritmia, como aconteceu com Aguero, justamente para eliminar o risco de morte súbita em campo.
"Pelada" no fim de semana também é arriscado
Caso você tenha sido diagnosticado com arritmia cardíaca e, mesmo assim, continua jogando bola aos finais de semana ou praticando qualquer outro esporte de alta intensidade "só de vez em quando", saiba que o risco de ter uma morte subida também é alto.
Por isso é importante, a partir dos 18 anos, ir ao médico e fazer exames para detectar possíveis doenças que ainda estejam assintomáticas. Na dúvida, não pratique esportes de alta intensidade. Primeiro procure um médico e faça um check-up completo.
"Hoje, cada dia mais, nós vemos pessoas jovens com pressão alta. Tem gente que não sabe que tem problemas, mas quando aumenta o consumo de oxigênio pelo coração durante um esporte, a pessoa pode ter um infarto e morrer", ressalta o cardiologista.
Como é o tratamento para arritmias?
Ricardo Alkmim Teixeira, presidente da Sobrac (Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas) e professor da Faculdade de Medicina da Univás, diz que "o objetivo central do tratamento é reduzir ou eliminar riscos de sintomas, complicações e sequelas, além de morte. E para eliminar esses riscos é preciso identificar a causa da arritmia".
De acordo com Teixeira, o tratamento pode incluir:
- Mudanças no estilo de vida;
- Medicamentos para controle ou prevenção da arritmia (antiarrítmicos);
- Medicamentos para tratar ou controlar doenças associadas (hipertensão, insuficiência cardíaca, por exemplo).
Há também procedimentos cirúrgicos:
- Ablação (pode curar diversos tipos de arritmia. Por meio de um tubo fino (cateter) com radiofrequência, ele alcança o coração para cauterizar os focos da arritmia);
- Marca-passo (implantado, ele controla os batimentos lentos);
- CDI (o cardioversor-desfibrilador implantável é um aparelho que pode funcionar como um marca-passo, controlando os batimentos, mas que também pode reverter as arritmias malignas por meio de um "choque", evitando a parada cardíaca).
Quando não diagnosticadas e não tratadas, as arritmias podem levar a alterações estruturais no coração (modificando seu tamanho e força), parada cardíaca (resultando em morte súbita).
Dá para prevenir as arritmias?
Nem sempre é possível preveni-las, mas adotar um estilo de vida saudável pode reduzir o risco do seu aparecimento. Se você já está em tratamento, siga as instruções de seu médico e jamais descontinue a terapia sem antes falar com ele.
Outra sugestão é evitar situações que podem desencadear o problema, como o abuso do álcool e do tabaco, além de energéticos. Além disso, habitue-se a fazer visitas regulares ao cardiologista para uma avaliação.
*Com informações de reportagem publicada em 11/12/2021.
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