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Conexão VivaBem

Dicas para ajudar a cuidar do corpo, da mente e da alimentação de forma descomplicada


'Obrigação de ser feliz pode causar tristeza no fim do ano', diz psiquiatra

Do VivaBem, em São Paulo

15/12/2021 15h00

No segundo episódio da segunda temporada do Conexão VivaBem, atração que faz parte da programação do UOL no Verão, a apresentadora Mariana Ferrão recebeu Daniel Barros, psiquiatra e professor colaborador da USP (Universidade de São Paulo), e o historiador e filósofo Leandro Karnal, um dos intelectuais mais renomados do país, para falar sobre o estresse e a tristeza que algumas pessoas sentem no final de ano, época que é sinônimo de festa, férias e reunião de família.

De acordo com o psiquiatra, é comum surgir a ideia de que as pessoas ficam mais deprimidas no final do ano.

"Não é que as pessoas fiquem mais deprimidas no final do ano no Brasil nem no hemisfério norte, mesmo no inverno. O que acontece é que surge essa obrigação da felicidade, a gente vai no embalo, já que é pra ser feliz, vamos ser feliz e tem gente que não consegue", explica.

Esse cenário é reforçado pelas propagandas, pelos rituais, como amigo-secreto na empresa, na família, a ceia de Natal. "A gente encontra as pessoas, troca presentes para alimentar os vínculos, dividir as dores, compartilhar as alegrias. É para ser algo bom, e não para ser uma cadeia ou uma obrigação do tipo 'Eu tenho que fazer'."

"Isso se torna opressivo quando a gente coloca essa obrigação da felicidade. Tem um equívoco muito grande. A gente não tem nada contra a felicidade, a gente quer ser feliz, mas a felicidade tem que ser encarada como uma possibilidade e não como uma obrigação", diz.

Ainda segundo o médico, um outro ponto a ser entendido é que a felicidade não anula a tristeza. Isso significa que, numa noite de Natal, você pode estar feliz pelas pessoas que estão com você e triste pelas que se foram. Tristeza e alegria podem conviver juntas.

"Tudo bem ter as duas coisas ao mesmo tempo. A gente tem essa falsa dicotomia de que se eu estou triste é porque eu não estou feliz e vice-versa, quando na verdade a gente é tão mais complexo do que isso", acrescenta Barros. Com mais de 600 mil mortes provocadas pela pandemia do coronavírus, muita gente vai passar seu primeiro Natal sem um ente querido.

Para o psiquiatra, a melhor forma de ajudar essas pessoas é acolhendo o sentimento delas: "É normal ficar triste, é esperado que esse Natal seja diferente, que seja saudoso, que seja de alguma forma dolorido, é importante acolher isso e não tentar fugir", comenta. O médico dá dicas de como identificar um quadro depressivo não só no Natal, mas em qualquer época ou situação.

A tristeza é um sinal possível, mas não necessário. "Às vezes, a pessoa está deprimida, mas não está triste", diz. Devemos ficar de olho em outros comportamentos, como a pessoa não conseguir se motivar e nem se empolgar com nada, nada é bom, nada tem graça, ela não se anima, não se alegra, não consegue ter prazer. Isso, sim, é um sinal de alerta e pode ser um problema."

Na dúvida, ele recomenda procurar ajuda e falar com alguém, com um psicólogo, um psiquiatra, um clínico geral e abrir essa porta para se tratar.

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