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Caso Shantal: em que casos a episiotomia é indicada? Entenda

Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Luiza Vidal

Do VivaBem, em São Paulo

16/12/2021 19h02

Na semana passada, áudios e vídeos vazados da influenciadora Shantal Verdelho revelaram diversas condutas inapropriadas do médico que realizou o parto dela, em setembro deste ano.

Uma parte do vídeo mostra que o médico Renato Kalil utiliza algumas das expressões citadas por ela. Ao que a influenciadora responde: "Eu tô fazendo [força]. Sou a maior interessada nisso".

Shantal conta que o obstetra a tratou assim porque ela não aceitou fazer episiotomia —um corte na região do períneo, que fica entre a vagina e o ânus, para facilitar a passagem do bebê, apenas em situações específicas (leia abaixo).

De acordo com Alberto Trapani Junior, presidente da Comissão Nacional Especializada em Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), evidências mostram que o uso rotineiro de episiotomia não é benéfico e deve ser evitado.

Além disso, também faltam evidências de qualidade que destaquem quais são as situações em que a prática deva ser realizada. As indicações são, principalmente, para casos de partos com alto risco de laceração grave na região do períneo. Há ainda outras situações —que Shantal afirma não ter vivenciado durante o parto— citadas pelo médico:

"Quando é necessário facilitar ou acelerar o parto de um feto possivelmente comprometido. Pode ser útil também em alguns casos em que haja dificuldades para introduzir o fórceps ou vácuo-extrator. Na distocia de ombros, pode eventualmente facilitar manobras manuais internas", explica Junior.

Distocia é qualquer problema no andamento do parto em que estejam implicadas alterações em um dos três fatores fundamentais que participam deste momento (força motriz ou contratilidade uterina, o bebê ou algo nas regiões da bacia e partes moles do corpo).

Tal prática, quando feita sem orientação, pode deixar a região do corte dolorida e prejudicar futuras relações sexuais, segundo Alberto Guimarães, ginecologista e obstetra do Hospital São Luiz (SP), além de criador do projeto Parto Sem Medo.

"Sem a episiotomia, a paciente terá menos sangramento e uma recuperação melhor", diz. "A assistência do parto deve ser entendida como um momento para a melhor experiência da mulher. Tudo deve ser discutido antes no plano de parto, de preferência, garantindo a segurança dessa paciente."

Outro ponto importante é que, segundo a Febrasgo, a episiotomia não deve ser realizada sem o consentimento da gestante. "É necessário assegurar a compreensão da mulher sobre a necessidade do procedimento, solicitando o seu consentimento, antes da realização da episiotomia, fundamentalmente antes do início do período expulsivo."