Idosos com hipotensão estão mais propensos a ter declínio cognitivo

Ao levantar bruscamente, é comum que o idoso apresente tonturas, fraqueza e sensação de desmaio. Esses sintomas podem ocorrer devido a uma condição conhecida como hipotensão postural (ou ortostática), ou seja, quando há uma queda na pressão arterial.

"O quadro acontece em situações de mudanças bruscas da posição deitada para ficar de pé. E é bastante comum quando os idosos se levantam à noite para ir ao banheiro", explica Márcio Kamada, geriatra e professor do curso de medicina da Unisa (Universidade Santo Amaro).

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De acordo com o especialista, a hipotensão postural pode atingir até 30% dos idosos. Mas, além desses sintomas desagradáveis, o problema aumenta a mortalidade por conta das quedas e desmaios associados. Vale destacar que a pressão baixa em idosos também aparece quando o organismo é afetado por algumas doenças e em outras situações específicas.

Pesquisas apontam que as pessoas na terceira idade com hipotensão estão mais propensas a ter maior declínio cognitivo. Sendo assim, o idoso apresenta dificuldades de memória, falta de atenção e problemas relacionados ao raciocínio lógico.

Além disso, um estudo, que analisou mais de 415 mil prontuários eletrônicos de idosos na Inglaterra, indicou que a pressão baixa aumentou as taxas de mortalidade. Durante os 10 anos que os pacientes receberam acompanhamento, houve um aumento em 62% das mortes daqueles que apresentavam hipotensão.

Por todos esses fatores, é importante buscar ajuda de um geriatra para averiguar o sintoma e as consequências para o organismo.

Sintomas que acompanham a condição

Para algumas pessoas, a pressão arterial baixa sinaliza um problema de saúde, especialmente quando há uma queda repentina ou é acompanhada por outros sintomas como:

• Tonturas;
• Desmaios;
• Visão embaçada;
• Cansaço;
• Náuseas;
• Falta de concentração;
• Palpitações;
• Apatia;
• Confusão mental;
• Dificuldade para respirar;
• Palidez.

O que causa?

A hipotensão postural, por exemplo, acontece quando há uma mudança brusca da posição do corpo. Dessa forma, o sangue localizado nas extremidades tem dificuldade para chegar ao coração. Com isso, há uma queda da pressão arterial.

"As doenças que afetam o coração, como é o caso da insuficiência cardíaca, reduzem a pressão arterial. Disfunções na tireoide também provocam a situação. Além disso, desidratação, infecções graves, hemorragias e reações alérgicas entram na lista", completa Andréa Gondim, geriatra do Hospital Universitário Walter Cantídio (CE), da Rede Ebserh.

A seguir, veja detalhes de algumas condições que acarretam a hipotensão em idosos:

• Problemas cardíacos

Pessoas idosas que têm doenças cardíacas como bradicardia [frequência cardíaca muito baixa], disfunções nas válvulas do coração e insuficiência cardíaca estão mais propensas a ter hipotensão.

• Disfunções hormonais

Quem tem doenças como insuficiência adrenal (doença de Addison) e diabetes também estão mais suscetíveis à queda de pressão. Além disso, em alguns casos, o baixo nível de açúcar no sangue (hipoglicemia) é um fator de risco para o problema.

• Desidratação

Outros fatores importantes que devem ser considerados são as altas temperaturas e a desidratação, ou seja, menos água disponível no corpo.

A hipotensão costuma surgir após acontecer uma vasodilatação [quando os vasos se dilatam] para resfriar o organismo. E é comum que os idosos bebam menos água e sintam mais tonturas e fadiga.

• Perda de sangue

Idosos que sofrem algum acidente e apresentam ferimentos graves ou hemorragia interna normalmente têm uma redução da pressão arterial. Isso acontece porque diminui a quantidade de sangue circulando no corpo.

• Infecção grave

Chamada também de septicemia, esta infecção grave entra na corrente sanguínea e provoca uma queda da pressão arterial. A situação coloca à vida em risco e é uma emergência médica.

• Falta de alguns nutrientes

Nem sempre os idosos se alimentam adequadamente. Por isso, deixam de consumir nutrientes fundamentais para o seu bem-estar e saúde. A falta de vitamina B12, ácido fólico e ferro, por exemplo, diminui a quantidade de glóbulos vermelhos, causando anemia e diminuição da pressão arterial.

• Após as refeições

Algumas pessoas têm hipotensão logo após se alimentar. Essa queda na pressão arterial ocorre cerca de duas horas após as refeições e acontece porque o sangue segue para o trato digestivo logo depois de comer.

Geralmente, o organismo aumenta a frequência cardíaca e contrai os vasos sanguíneos para manter a pressão arterial em níveis normais. Mas, em algumas pessoas, há uma falha nesse mecanismo: também acontecem tonturas, desmaios e quedas.

• Medicamentos

Outro fator de risco bastante comum é o uso de alguns medicamentos. "Em pacientes mais frágeis, os efeitos adversos de remédios são mais frequentes. Entre eles, estão diuréticos, antidepressivos, medicamentos para tratar disfunção erétil, anti-hipertensivos, antipsicóticos e vasodilatadores", explica Renato Bandeira de Mello, diretor científico da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia).

• Doenças que afetam o sistema nervoso

Problemas de saúde como Parkinson ou Alzheimer atrapalham o sistema de regulação da pressão arterial do corpo. Além disso, esses idosos costumam usar medicações que causam hipotensão.

Como tratar e prevenir

Por ser multifatorial, a hipotensão em idosos é controlada de acordo com o problema de saúde que provoca o sintoma. Se for algo leve, requer apenas um acompanhamento.

De acordo com os especialistas consultados por VivaBem, vale a pena rever os medicamentos que o idoso está usando e se eles aumentam o risco de hipotensão —tanto a dose quanto a quantidade de remédios, que podem ultrapassar a cinco por dia (polifarmácia). Além disso, é fundamental beber bastante água para evitar a desidratação e ter uma dieta balanceada.

Segundo Mello, não existe um medicamento específico que controle a hipotensão de forma eficaz. "O tratamento envolve a prevenção de mudanças de postura, aumentar a hidratação, o uso de meias elásticas que comprimem o sistema venoso das pernas, fazer atividade física, substituir medicamentos e controlar as doenças que exacerbam a pressão baixa", reforça.

Cuidadores devem ficar mais atentos

Quando o idoso é mais vulnerável e precisa da ajuda de cuidadores para realizar suas atividades do dia a dia é fundamental redobrar a atenção. Apesar de a queda da pressão arterial não ser considerada um sintoma grave, elas ocasionam as temidas quedas.

O idoso quando cai pode fraturar alguns ossos como fêmur, quadril e pulsos. Em alguns casos, há necessidade de cirurgias e internações, o que compromete bastante a sua qualidade de vida.

Para Kamada, os tombos aumentam a insegurança nos idosos, já que eles acreditam que vão cair novamente. Essa situação delicada acaba desestimulando-o a desenvolver suas atividades de vida diária.

"Geralmente, há aumento do isolamento social e inatividade física. Isso acarreta sarcopenia (perda de massa muscular) e, em consequência, maior probabilidade de novas quedas", completa o geriatra.

A seguir, veja algumas dicas para diminuir o risco de hipotensão em idosos:

• Ajude o idoso a levantar e a se movimentar devagar, principalmente se ele ficou por longos períodos de repouso na cama;
• Vale subir a cabeceira da cama em torno de 10º a 20º;
• Ao ajudar o idoso a ficar em pé, aguarde alguns minutos para estabilizar a pressão arterial, antes de movimentá-lo;
• Fique atento ao uso regular dos medicamentos prescritos pelo médico;
• Não deixe de levar o idoso às consultas regulares com o geriatra e relatar qualquer sintoma diferente.