Karnal: Natal não é só felicidade, mas dividir dor, frustração e esperança
No segundo episódio da segunda temporada do Conexão VivaBem, que faz parte da programação do UOL no Verão, o tema central foi o estresse e a tristeza no final do ano.
O historiador Leandro Karnal disse que as pessoas se obrigam a ter uma felicidade falsa e de aparência: "Eu diria que o Natal tem um apelo de Instagram e a vida tem um apelo de foto do RG. É o choque entre o RG e o Instagram que gera este atrito", comentou o intelectual no bate-papo conduzido pela jornalista Mariana Ferrão, que também contou com a participação de Daniel Barros, psiquiatra e professor colaborador da USP (Universidade de São Paulo).
Segundo Karnal, levando em conta o ano estressante que tivemos, com pandemia, crise econômica, polarização política e pressões de todos os lados, ter uma certa tristeza é um sentimento saudável e não há problema em estarmos cansados.
Ele conta que perdeu alguns entes queridos, que deseja valorizar quem está com ele no momento e quer estar com algumas pessoas, mas não é todo mundo. "Para mim, Natal não é a felicidade, mas é a chance de dividir algumas dores com quem eu amo, algumas expectativas frustradas e uma esperança."
O intelectual acredita em um Natal que tenha uma reunião significativa, que seja real, e que não seja quebrado por uma expectativa irrealizável de otimismo patológico.
Na conversa, o historiador contou uma experiência que teve quando marcou uma viagem com uma pessoa para passar o Réveillon na Inglaterra, mas acabou indo sozinho porque sua companhia teve um problema de saúde.
Karnal confessa: "Tenho certa vergonha de reconhecer que foi um dos melhores finais de ano da minha vida. Saí para jantar no dia 31, tomei champanhe feliz. No dia primeiro passei o dia no Museu Victoria & Albert. Até estranhei o excesso de felicidade."
Segundo ele, não existe um modelo, as pessoas podem passar um Réveillon à beira da praia, em família, sozinho. O importante é buscar algo que seja coerente.
Uma outra situação pessoal que o historiador compartilhou foi o primeiro Natal que passou sem os pais —a mãe faleceu em novembro e o pai em dezembro: "Foi um horror", disse. Para ele, a gente tem que aprender a comemorar, em latim "commemorare" significa lembrar juntos, e não apenas celebrar.
Para Karnal, a ponto é: "Faça o Natal do jeito que você quiser, comemore ou não comemore, mas não culpe a data pela sua dor. A data é uma convenção matemática aleatória e a sua tristeza tem a sua marca autoral, não é por causa do Natal, ela só é reforçada por este cenário."
Fique ligado nos próximos episódios
O Conexão VivaBem faz parte da programação do UOL no Verão. Durante a estação mais quente do ano, toda semana, convidados especiais e especialistas vão conversar com a Mari sobre saúde, alimentação e equilíbrio mental de um jeito leve e divertido. Fique ligado em VivaBem e em nossas redes sociais para acompanhar toda a programação.
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