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Se crianças são menos afetadas pela covid-19, por que precisam de vacina?

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Imagem: iStock

Danielle Sanches

Do VivaBem, em Sâo Paulo

17/12/2021 12h19Atualizada em 17/12/2021 19h02

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou ontem (16) a liberação da vacina da Pfizer contra a covid-19 para crianças entre 5 e 11 anos. Antes disso, o imunizante estava autorizado apenas para maiores de 12 anos.

De acordo com Gustavo Mendes, gerente geral de Medicamentos da Anvisa, "o perfil de segurança da vacina quando comparado com placebo é muito positivo. Ao observar qualquer reação adversa não tem diferença importante e não tem nenhum evento sério de preocupação por conta da vacinação comparada com placebo", afirmou.

A decisão, no entanto, desagradou o presidente Jair Bolsonaro, que, horas depois da aprovação, em sua tradicional live de quinta-feira, disse que iria pedir à Anvisa os nomes dos responsáveis pela decisão para divulgá-los publicamente. A declaração vem em um momento em que diretores do órgão estão sob pressão após receberem, em outubro, ameaças justamente por desejarem incluir o público infantil na campanha de vacinação contra o novo coronavírus.

Esse imbróglio, claro, migrou para as redes sociais e acendeu o debate a respeito da necessidade das crianças se vacinarem —já que, desde o início da pandemia, o que médicos e especialistas sempre disseram é que elas não desenvolveriam quadros graves da doença com tanta frequência.

Crianças precisam mesmo se vacinar contra a covid-19?

Sim. Crianças, mesmo as pequenas (a partir de 5 anos), devem ser imunizadas contra a covid-19, uma vez que a vacina já foi liberada pela Anvisa por ser segura e eficaz para esse público.

Isso porque, mesmo sendo um público que tem menos casos de gravidade da doença, eles ainda existem. Um estudo da Fiocruz mostrou que, das 1.207 mortes causadas pelo coronavírus entre crianças e adolescentes no país, 55% foram de indivíduos entre 3 e 18 anos.

Ainda de acordo com a instituição, desde o início da epidemia no Brasil, em março de 2020, foram registradas 3.561 mortes de crianças e adolescentes até 19 anos —nos colocando entre um dos piores países do mundo em mortes infantis pela doença.

"A covid-19 é uma das doenças que podem ser prevenidas por vacina e que mais matou crianças em dois anos de surto por aqui", afirma o infectologista Alexandre Naime, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista). "Só por esses números, a vacinação já se justifica", afirma.

E, se considerarmos que a maioria da população brasileira já está imunizada contra o novo coronavírus, o grupo de indivíduos que ainda não recebeu o imunizante —ou seja, crianças e bebês— se tornam, assim, o principal "foco" de circulação do patógeno, que vai buscar organismos suscetíveis à infecção para continuar se espalhando.

Proteção da vacina também é coletiva

Há ainda outro aspecto importante da vacinação infantil: embora crianças sejam menos sintomáticas que adultos e transmitam menos o vírus por isso, elas ainda podem passar para seus pais, tios, avós —e manter a circulação do vírus ativa entre as pessoas.

"O objetivo principal da vacina é reduzir o risco individual de internações e mortes", explica o infectologista. "Mas secundariamente, ela também vai ajudar a reduzir a transmissão para outros indivíduos, o que sem dúvida é importante neste momento para diminuir as chances de surgirem novas variantes", acredita.