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Infecção dupla por gripe e covid é preocupante, mas não é novidade; entenda

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Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

02/01/2022 16h40

A notícia de que Israel havia registrado um caso raro de infecção dupla de gripe e covid-19 em uma mulher grávida causou preocupação na última semana. O quadro foi apelidado pela imprensa local como "flurona" —uma mistura das palavras "flu" ("gripe", em inglês) e "corona" (de "coronavírus").

Internada no Rabin Medical Center, na cidade de Petah Tikva, a mulher está com sintomas leves e, de acordo com a unidade de saúde, não recebeu as vacinas contra o novo coronavírus nem o influenza, e foi diagnosticada assim que chegou ao hospital.

O Ministério da Saúde de Israel estuda o caso para saber se a combinação das duas doenças causa uma infecção mais grave. Para as autoridades de saúde do país, é possível que outras pessoas também tenham tido "flurona", porém sem diagnóstico.

De acordo com Raquel Muarrek, infectologista da Rede D'Or, esse tipo de infecção não é exceção, embora não seja comum. "A pessoa pode estar saindo de um quadro e entrar no outro já em seguida, testando positivo para os dois patógenos por um período de tempo", explica.

Mesmo assim, é importante dizer que não há dados consistentes para afirmar que esse tipo de infecção combinada está aumentando ou seja motivo de preocupação. "No Brasil, especificamente, ainda temos uma defasagem de dados oficiais, portanto, não conseguimos dizer ao certo quantas pessoas estão de fato doentes", lamenta Muarrek.

Co-infecção não é novidade

O quadro infeccioso provocado pelo novo coronavírus junto com o influenza não é exatamente novo. Em outubro de 2020, por exemplo, pesquisadores do Hospital Nacional Dos De Mayo e da Facultad de Medicina Humana, Universidad Nacional Mayor de San Marcos (entre outras instituições) de Lima, no Peru, publicaram um relato com cinco casos de co-infecção pelo novo coronavírus e pelo influenza tipo A. Outros relatos semelhantes foram publicados por cientistas da Arábia Saudita, do Irã e da Turquia.

Não foram os únicos. Especialistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, já haviam analisado em uma pesquisa, publicada no Clinical Infectious Diseases, as possíveis co-infecções envolvendo o novo coronavírus e outros vírus respiratórios —entre eles, o influenza. Em outro estudo, publicado por pesquisadores ingleses no periódico International Journal of Epidemiology, foram avaliados casos de co-infecção pelos dois patógenos entre janeiro e abril de 2020 para estimar o risco de maior severidade dos quadros de saúde —no que eles concluíram que sim, a infecção dupla poderia impactar de forma substancial no desfecho negativo dos pacientes.

O que todos têm em comum é a conclusão de que a combinação de dois vírus respiratórios pode piorar o quadro de saúde dos pacientes e, por isso, há a recomendação de que se faça o teste para detectar outras infecções virais e até bacterianas entre pacientes da covid-19.

Em abril de 2021, a infectologista Claudia Maruyama, do Hospital San Gennaro, em São Paulo, reforçou ao VivaBem a importância da vacinação contra a gripe justamente para impedir a co-infecção. "A imunidade contra a gripe ainda evita a possibilidade da infecção pelo coronavírus e influenza, o que pode agravar a doença, aumentando as chances de óbito", alertou à época.

Além da vacinação em dia, o aumento nos casos de síndrome respiratória no fim de 2021 provocados tanto pela covid-19 como pela variante Darwin do vírus da influenza fez com que os especialistas recomendassem a manutenção das medidas preventivas —uso de máscara em ambientes fechados, distanciamento social e evitar locais aglomerados, além da higiene frequente das mãos— a fim de controlar o número de infectados e impedir uma sobrecarga do sistema de saúde.