Opcional ou obrigatória? Quando fazer cirurgia plástica pós-bariátrica
Se por um lado, quem faz a cirurgia bariátrica tende a ficar satisfeito com a grande perda de peso —que pode chegar a 70% ou mais do excesso de peso original—, por outro, a flacidez da pele pode desagradar. Algumas cirurgias plásticas reparadoras podem ser necessárias, mas não são obrigatórias.
"As cirurgias plásticas pós-bariátricas para os pacientes que se sintam incomodados, com baixa autoestima e outras causas eventuais são bem-vindas, mas não há obrigatoriedade em fazê-las", afirma Salustiano Gomes Pinho Pessoa, professor, cirurgião plástico, regente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva do Hospital Universitário Walter Cantídio, da UFC (Universidade Federal do Ceará) e diretor do Departamento de Ensino e Serviços Credenciados da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica).
O volume de peso perdido com a bariátrica pode decorrer em diferentes graus de flacidez e excesso de pele em algumas áreas do corpo, como abdome, braços, seios e membros superiores e inferiores.
"Nem todo paciente precisará de cirurgia plástica, mas aqueles que têm um IMC (Índice de Massa Corporal) mais elevado e os que perderam peso mais rapidamente podem necessitar ou optar por fazer as cirurgias de remoção de pele", explica o cirurgião Flávio Kreimer, professor da disciplina de Cirurgia Abdominal e coordenador da residência de cirurgia bariátrica e metabólica da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
As cirurgias reparadoras mais indicadas após a bariátrica são:
- abdominoplastia - porque o excesso de pele e flacidez na região do abdome pode gerar infecções fúngicas e dificuldades de locomoção;
- mamoplastia reparadora - que pode requerer o implante de próteses de silicone;
- lipoaspiração;
- cirurgia de contorno corporal;
- lift facial, dos braços, das coxas e da parte posterior, nas costas e no quadril.
Tempo de espera e saúde em dia
Segundo os médicos, as cirurgias plásticas pós-bariátrica podem ser feitas quando o objetivo da perda de peso esperada for atingida ou quando ocorrer a estabilização do peso. Geralmente, essa espera pode variar entre 12 e 24 meses.
Esse período é necessário porque depois da bariátrica o corpo perde uma série de proteínas e nutrientes devido ao rápido emagrecimento, e os quadros de anemia são frequentes, de acordo com o cirurgião plástico Luiz Haroldo Pereira.
"Em média, depois de um ano, o corpo se adapta ao novo tamanho do estômago e a perda de nutrientes e de peso vai diminuindo. Temos que fazer todo o balanço desse paciente e reposição das partes que estão baixas. Só depois de estabilizar a saúde corporal que ele poderá ser liberado para a cirurgia plástica, desde que autorizado pelo cardiologista e clínico geral, em conjunto com o cirurgião plástico", explica.
No entanto, ressalta o professor Kreimer, da UFPE, alguns casos podem necessitar de cirurgia plástica antes da estabilização do peso, quando a sobra de pele e o excesso gorduroso prejudicarem a saúde mental e física do indivíduo com assaduras, irritação e processos dermatológicos inflamatórios.
Em um cenário marcado por bloqueios de autoconfiança, autoaceitação e prejuízos na vida social e até profissional causadas pela obesidade, as cirurgias plásticas reparadoras se mostram uma grande aliada na autoestima de pacientes que buscam a reconstrução do corpo.
"A autoestima e saúde mental melhoram bastante. A cirurgia plástica vai ajudar a solucionar o problema do excesso de pele, mas é um momento delicado porque o paciente muitas vezes imagina que vai ficar com pequenas marcas e que é um processo rápido, porém é algo que exige paciência. Ele precisa ter a consciência de que vai ficar com cicatrizes grandes, mas vai ter uma melhor forma corporal", comenta Pereira.
Por isso, o acompanhamento com uma equipe multidisciplinar, que inclui profissionais como psicólogos e nutricionistas, entre outros, é importante.
Cobertura das cirurgias
A cobertura das cirurgias reparadoras pelos planos de saúde está prevista pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). As cirurgias plásticas reparadoras são aquelas realizadas com a finalidade de corrigir deformidades ou defeitos —no caso adquiridos ou agravados— cujo objetivo primordial é reconstituir uma parte do corpo humano. É diferente da cirurgia estética, que é realizada com o intuito específico de alterar algo na aparência.
Há alguns anos, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) acatou pedido em que obriga os planos de saúde a cobrir as cirurgias plásticas pós-bariátrica.
O SUS (Sistema Único de Saúde) cobre as cirurgias plásticas de pacientes que realizaram bariátrica —como abdominoplastia e mamoplastia com o fornecimento de prótese mamária—, mas normalmente pela grande ocupação dos hospitais públicos isso acaba não ocorrendo na prática.
"Em alguns hospitais que já possuem cirurgias plásticas, o acesso a esse tipo de procedimento costuma ser um pouco mais facilitado, por exemplo no Rio de Janeiro, o Hospital dos Servidores, o Hospital de Ipanema, o hospital da UERJ, alguns locais em São Paulo como a Unifesp, o Hospital das Clínicas, todos têm esse tipo de serviço de cirurgia plástica", comenta Luiz Haroldo Pereira.
Só para se ter ideia, dados de 2018 do Ministério da Saúde mostram que foram realizadas 11.402 bariátricas no SUS e 1.356 plásticas reparadoras.
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