Amante de praia? Atenção com a roupa de banho evita problemas de saúde
Quem nunca, após voltar da praia ou tomar um banho de piscina, não colocou a sunga, o maiô ou o biquíni no varal para secar e os usou no dia seguinte? Ou, então, passou o dia inteiro com essas peças no corpo estando úmidas e sujas de areia ou cloro? Muita gente faz isso, mas será que faz mal? E na hora de lavar, basta apenas água corrente ou precisa usar sabão?
Dilemas como esses são comuns, principalmente no verão. Mas é importante que sejam esclarecidos, a saúde agradece.
Sem os devidos cuidados, pele e mucosas íntimas ficam vulneráveis a sedimentos, microrganismos e reações químicas que podem causar quadros bastante incômodos e perigosos. Pode-se ter desde desidratação da área e coceiras a até infecções que requerem antifúngicos e antibióticos. Na lista: vaginose, pitiríase e impingem.
Há ainda a candidíase. É uma doença fúngica que atinge mulheres e homens e se manifesta com o declínio da defesa imune local, umidade, calor excessivo e abafamento, empréstimo de peças em uso e cujos sintomas incluem corrimento, vermelhidão, ardência, dor e fissuras nos genitais, elevando ainda o risco de se contrair ISTs (infecções sexualmente transmissíveis).
Se usou, precisa lavar e secar
Quando se volta da praia ou sai da piscina é preciso tomar banho e colocar tudo o que usou no corpo para lavar e secar, mesmo que se use novamente no dia seguinte. Além dos resíduos de protetor solar, que se não removidos podem obstruir os poros, as peças podem voltar cheias de areia, que é suscetível a parasitas de micoses e lesões (como por bicho geográfico) e, em contato direto com a pele, causa atrito e, consequentemente, assaduras, bolhas e ferimentos.
Por esses motivos, também não é indicado se sentar diretamente no chão da praia, sem uma esteira, canga ou cadeira. Da mesma forma, ficar muito tempo (horas e horas) com a roupa de banho no corpo e ainda mais encharcada.
Nessas situações, o correto seria ter em mãos peças limpas para trocar depois do mergulho. Na ausência delas, no mínimo, uma toalha seca. Mas antes de usá-las, tomar uma ducha ou se banhar com água doce ao sair do mar ou da piscina.
Se o problema da praia é a areia, da piscina é o cloro. Se o produto químico em contato direto com a pele já causa seu ressecamento, mantido nas roupas de banho, especialmente em alças e elásticos, potencializa os danos causados pela fricção constante, deixando a área mais seca, áspera e hipersensível.
O cloro, bem como a água salgada, também pode alterar o pH vaginal e, principalmente se a concentração do produto estiver fora do padrão, queimaduras de pele.
Produtos neutros e locais arejados
Após sua utilização, os trajes de banho devem ser lavados à mão com sabão de coco ou sabonete líquido neutro. Evite amaciantes e produtos perfumados e abrasivos, pois podem causar irritações em regiões íntimas.
E não esqueça de higienizar as peças antes de usá-las também. Tanto as guardadas há tempos, como as novas, que passam por provadores, lojas, fábricas e recebem tratamentos químicos que causam alergias e queimaduras se não lavadas.
Por praticidade, há quem as lave no banho (da mesma forma cuecas, calcinhas e sutiãs) e depois as pendure para secar dentro do box. Porém, não é o mais aconselhável. Primeiro, porque xampu ou sabonete não servem para isso e, mal enxaguados, podem prejudicar a flora de bactérias e microrganismos específicos. Segundo, porque banheiro não é lugar para secar nada. É úmido, mal ventilado (fatores pró fungos) e tem coliformes fecais em suspensão.
Para que tudo possa ser reutilizado seco no dia seguinte, o local precisa ser arejado. Na dúvida, se é melhor secar à sombra ou no sol, sem estragar, leia a etiqueta. Se permanecer úmido, recorra a um modelo reserva (por isso, tenha sempre mais de um) ou improvise com o secador de cabelo. Mas cautela para que o jato de ar quente não deforme o material das roupas de banho, que também não devem ser colocadas na secadora ou centrífuga nem passadas a ferro.
Modelos para se atentar
Além de lavar e secar as peças após o uso, não as manter no corpo por muito tempo estando molhadas e seguir as orientações corretas sobre limpeza e secagem, é importante dizer que para evitar problemas de saúde relacionados, a escolha dos modelos deve ser muito bem avaliada. Nesse sentido: tecido, corte, propriedades e se possui muitos adereços ou não.
Sungas mais justas, cavadas e feitas de tecido sintético, por exemplo, podem não ser a melhor opção para quem já teve assaduras na região genital por conta delas. Dão suporte extra, mas o ponto negativo são os elásticos que apertam.
Já um modelo boxer pode ser mais confortável e até ajuda a reduzir a inflamação por fricção, mas, por outro lado, não estabiliza os testículos e pode favorecer os fungos, pois por não encostar na virilha, não absorve a transpiração e abafa.
Mulheres também podem ter prejuízos por conta de cavas, mas ainda alças, fivelas, nós que apertam e não apenas nas dobras, mas em ombros, seios, tronco e coxas. Além de cloro, areia e umidade, também tem a oleosidade, que representa fator de risco.
Portanto, priorize opções de trajes que sejam frescos, leves, bem respiráveis, com capacidade de absorção rápida, toque macio e ação antibactericida. Nem sempre os mais baratos ou bonitos são os que compensam.
Fontes: Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra do Hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein, em São Paulo; Máira De Magalhães Mariano Astur, dermatologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); Rodolfo Favaretto, urologista pela FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo); e Simone Carvalho, coordenadora de ginecologia e obstetrícia do Hospital Esperança, em Recife (PE).
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