Filha de Leifert está com retinoblastoma; foto com flash pode detectar
Do VivaBem, em São Paulo
29/01/2022 10h59
Tiago Leifert e sua esposa, Daiana Garbin, usaram as redes sociais para anunciar que sua filha, Lua, de 1 ano, está com retinoblastoma, o tumor ocular mais comum na infância.
"O Tiago começou a perceber um movimento estranho no olhinho da Lua. Um movimento irregular", disse Garbin. "Ela olhava meio de lado, às vezes", contou o apresentador.
A mãe de Lua disse que só levou a menina ao médico após notar um reflexo branco no olho dela, "como um olho de gato". Segundo Leifert, o tratamento da filha, com quimioterapia, já dura quatro meses.
O diagnóstico precoce é fundamental para preservar a visão e a vida da criança acometida por esse câncer, que pode causar cegueira e até levar à morte, atingindo, em sua maioria, crianças de 0 a 5 anos —sendo que 90% dos casos ocorrem em crianças com até 4 anos de idade.
Além disso, o número de crianças identificadas tardiamente com o problema, quando a doença já está em um estágio avançado, ainda é muito alto no país, cerca de 50%, o que reduz as chances de tratamento e cura do tumor. O que pouca gente sabe é que se a doença for diagnosticada precocemente pode ter cura em até 100% dos casos.
Sintomas e diagnóstico
O retinoblastoma se desenvolve na retina, localizada na parte posterior de olho. A doença é mais comum em bebês e crianças pequenas. Raramente é diagnosticado em crianças com idade acima de 6 anos.
De caráter hereditário ou não, ocorre por meio de mutação em um gene no cromossomo 13. Pode afetar os dois olhos ou apenas um deles.
O principal sintoma do retinoblastoma é a leucocoria, presente em 90% dos casos. A leucocoria é caracterizada por um reflexo branco na pupila, conhecido como reflexo do olho de gato. Essa mancha esbranquiçada indica que uma fonte luminosa está incidindo sobre a superfície do tumor e impede a passagem de luz. Sem a passagem de luz, as vias óticas para o centro da visão no cérebro não se desenvolvem e atrofiam.
Esse reflexo branco, muitas vezes, só é notado sob luz artificial, quando a pupila está dilatada, ou em fotos, quando o flash bate sobre os olhos. Nos olhos saudáveis, esse reflexo é sempre vermelho. Outros sintomas que podem aparecer são estrabismo, vermelhidão, deformação do globo ocular, baixa visão e dor ocular.
Por isso, é extremamente importante que, ao perceberem qualquer anormalidade nos olhos do filho, os pais procurem um médico o quanto antes. O diagnóstico precoce possibilita o tratamento adequado e aumenta as possibilidades de preservar a visão e a vida da criança acometida pela doença.
O teste do olhinho deve ser realizado logo após o nascimento do bebê e periodicamente até os cinco anos, faixa etária mais atingida pela doença. O teste é simples e pode detectar qualquer alteração no eixo visual, levantando a suspeita da existência de um tumor, que pode ser confirmado pelo exame de fundo de olho. Além do retinoblastoma, o exame pode detectar outras doenças, como catarata e glaucoma congênito.
Depois, exames de fundo do olho e de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética nuclear completam o diagnóstico.
Tratamento menos invasivo
A quimioterapia intra-arterial é uma técnica minimamente invasiva que tem se mostrado bastante efetiva no tratamento do retinoblastoma.
A técnica é conhecida no tratamento de tumores gástricos, de pâncreas, de cabeça e pescoço, e tornou-se uma alternativa muito eficaz no tratamento do retinoblastoma, pois tem menos efeitos colaterais e possibilita salvar o olho da criança, além de sua visão. Infelizmente, muitos casos ainda são diagnosticados tardiamente, levando à enucleação (retirada do olho) ou até a morte.
A técnica pode ser considerada bem menos agressiva quando comparada ao tratamento convencional do retinoblastoma, por estar em contato direto com a artéria que nutre o olho, o que permite a administração de doses muito menores de medicamentos. Dessa forma, os efeitos colaterais são mínimos.
De acordo com Sidnei Epelman, presidente da Tucca (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer), oncologista pediatra e diretor do serviço de oncologia pediátrica do Hospital Santa Marcelina (SP), devido ao diagnóstico tardio em muitos casos, a medida mais comum para tratar o tumor é a enucleação.
"A quimioterapia intra-arterial traz a possibilidade de salvar o olho do paciente, a visão e ainda erradicar o retorno do tumor. É um privilégio ter a possibilidade de conseguir não só curar, mas salvar o olho da criança", completa.
O percentual de olhos salvos com a utilização dessa técnica é da ordem de 70%, o que comprova a eficácia do tratamento.
*Com informações de reportagem publicada no dia 18/09/2020