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Quanto tempo dura a recuperação da covid-19 após infecção pela ômicron?

Entenda qual é o tempo de recuperação da covid-19 com a variante ômicron - iStock
Entenda qual é o tempo de recuperação da covid-19 com a variante ômicron Imagem: iStock

Cristina Almeida

Colaboração para VivaBem

31/01/2022 10h40

Há um ano, se uma pessoa tivesse diagnóstico de covid-19 e os sintomas da doença fossem leves a moderados, a expectativa era a de que a recuperação se daria em uma ou duas semanas, e os casos mais graves precisariam de seis semanas (ou até mais) para serem resolvidos. Já a variante ômicron, com acelerada transmissibilidade, parece também ser mais rápida na manifestação dos sintomas, no restabelecimento e até no tempo de hospitalização.

Os dados disponíveis até agora indicam que, após uma infecção, a maioria das pessoas terá sintomas por três a cinco dias e plena recuperação em cerca de uma semana, o que corresponde aos resultados apresentados no relatório organizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em janeiro deste ano.

Nos primeiros estudos com animais, o tempo de recuperação foi menor e a capacidade de o vírus causar doença pulmonar foi reduzida, comparado à variante delta. Uma pesquisa da Universidade Nova de Lisboa, disponibilizada no último dia 23 de janeiro em versão ainda não revisada por outros cientistas, confirmou que o período de hospitalização também encolheu.

Ômicron traz doença mais leve. Será?

Quanto aos riscos de ir parar na UTI e óbito, as estimativas dos cientistas é que eles também são menores, quando comparados à delta, especialmente entre as crianças acima dos 5 anos e idosos. A pesquisa é do Center for Community Health Integration, School of Medicine, Case Western Reserve University (Estados Unidos) e também ainda não foi revisada por pares.

Importante saber que todas essas conclusões ainda precisam ser revistas e confirmadas, e esta é a razão pela qual o infectologista Jaime Rocha, professor da Escola de Medicina da PUC-PR, diz que ainda é cedo para afirmar, com toda certeza, que todas essas características serão mantidas.

A verdade é que boa parte das investigações científicas se referem a ou populações com altas taxas de vacinados ou pessoas jovens (caso da África do Sul), o que pode ter influenciado os resultados colhidos até agora.

"Além disso, a gravidade da doença, o tempo de recuperação, hospitalização e números de óbitos poderão ser diferentes, a depender da presença, ou não, dos típicos fatores de risco da covid 19", acrescenta Rocha.

Segundo o infectologista, hoje o maior fator de risco é não ser vacinado, condição que potencializa ainda mais as infecções, dado o alto poder de transmissibilidade da ômicron. Estudos recentes apontaram que a vacinação com a terceira dose (dose de reforço) reduz muito os riscos da ômicron. Rocha observa que não é hora de baixar a guarda porque a pandemia não acabou, e alguns grupos da população continuam sendo mais suscetíveis à covid-19.

O infectologista Fernando Bellissimo-Rodrigues, professor da USP, concorda e acrescenta que a gravidade da doença ainda está sendo observada e, por isso, seria arriscado atestar que a ômicron seja mais leve e dure menos, especialmente porque isso pode ser consequência direta da vacinação.

"Particularmente acredito que esta última possibilidade seja a mais provável. Além disso, os casos mais graves estão hospitalizados neste momento, e não sabemos como eles evoluirão", diz.

Saiba o que fazer se os sintomas não passam

Os especialistas consultados garantem que a covid-19 não é uma doença cujo quadro avança abruptamente, como é o caso da meningite (doença meningocócica). Tirando situações raras, como uma embolia fulminante, normalmente existe um agravamento progressivo, que se manifestará da seguinte forma:

  • Persistência da febre para além de 3 a 5 dias (acima de 38°C)
  • Recorrência da febre (ela passa, mas depois volta)
  • Piora dos sintomas respiratórios com falta de ar intensa
  • Tosse muito proeminente
  • Queda de oxigenação do sangue (para quem tem oxímetro)

Caso observe algum desses sintomas, não dá para esperar. É preciso procurar ajuda médica. E lembre-se: as práticas de prevenção da covid-19 continuam valendo para todos. A primeira delas é vacinar-se.

Para além disso, siga lavando as mãos com água e sabão, usando máscaras corretamente, evitando aglomerações (contato pessoal) e ambientes pouco ventilados, assim como tocar os olhos, o nariz e a boca, além de ficar isolado em casa enquanto estiver doente.

Fontes: Fernando Bellissimo-Rodrigues, médico infectologista e professor da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo); Jaime Rocha, infectologista e professor da Escola de Medicina da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). Revisão médica: Fernando Bellissimo-Rodrigues.

Referências: OMS (Organização Mundial da Saúde); CDC (Centers for Disease Control and Prevention); Agency of Clinical Inovations - MSW GovernMent. Disponível em https://aci.health.nsw.gov.au/covid-19/critical-intelligence-unit/sars-cov-2-variants.