Veja erros ao viajar de carro, barco ou avião que prejudicam a sua saúde

Viajar, aproveitando o percurso e a paisagem, faz muito bem à saúde, tanto psicoemocional quanto física. Combate-se o estresse, o desânimo, ajuda na aquisição de bem-estar, a interagir, desfrutar das coisas simples e estimula o raciocínio e a imaginação —ganhos que repercutem em disposição e melhoria do funcionamento do organismo como um todo. Porém, para que essa experiência seja agradável e segura até se chegar ao destino, é preciso evitar alguns erros.

• Não levar kit de remédios

Para não enjoar no trajeto, se for o seu caso, ou evitar que uma dor de garganta, diarreia ou enxaqueca lhe inviabilizem de chegar ao destino, ou lhe façam piorar nele, leve consigo uma farmacinha. Nela, coloque antitérmicos, antidiarreicos, remédios para náuseas e enjoos, anti-inflamatórios e antialérgicos.

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Soro fisiológico em versão flaconete (pequena e descartável após o uso) é útil para hidratar olhos e narinas secas no avião. Leve ainda máscaras, medicamentos de eventuais comorbidades e receitas médicas.

• Não se preparar previamente

Para viajar de carro e avião bem-disposto, com antecedência, diminua o ritmo de afazeres, exercite-se, organize-se e ajuste seu relógio biológico. Comer antes evita indigestão e enjoo em barcos. Igualmente, reservar cabine ou assento em lugar ventilado, longe do odor de cozinhas e banheiros, e que balance menos.

Para não passar mal em curvas —e no mar— treine os olhos para se moverem com a cabeça parada e vice-versa: ela movendo-se com o olhar fixado.

• Fazer refeições muito pesadas

Corte pratos gordurosos e ácidos no pré e durante a viagem. Causam desconfortos, como excesso de gases, cólicas, distensão e idas frequentes ao banheiro. Mas também não é para viajar de estômago vazio, ainda mais se tiver problemas com refluxo e tontura. Opte por alimentos leves, mas evite os crus, por risco de contaminação. E se não estiver com fome quando vier a comida, guarde-a para depois, mas é importante se adequar ao fuso do destino.

• Abusar de álcool e estimulantes

O excesso desses tipos de bebidas, assim como as gaseificadas, não é bom. Atrapalham, por exemplo, que se durma no horário desejado, o que é importante num voo noturno, para reduzir a "descompensação horária", o famoso jet lag, de uma viagem demorada. Drinques, café, guaraná e energéticos atuam diretamente no sistema nervoso central e, caso a pessoa já tenha ingerido antes deles calmantes e sedativos, pode se sentir desorientada e até passar mal.

• Reduzir o consumo de líquidos

Embora não seja recomendável consumir água de procedência duvidosa, vendida em estrada, guardada em garrafinhas já abertas e esquecidas no carro, ou então diretamente de riachos e lagos, é fundamental se hidratar regularmente.

Isso evita cansaço, irritação, queda de pressão, mau funcionamento dos órgãos, seja por estar em um voo longo, sob sol constante e suado ou por ter vomitado no caminho. Mas beba a água fracionada, sem excessos, para não enjoar.

• Não manter a higiene pessoal

Sempre que possível, após tocar em algo de uso compartilhado, lave as mãos. Sem água e sabão por perto, recorra ao álcool em gel, que deve ser levado consigo para onde for. A preocupação não é só o novo coronavírus, mas também outros tipos de doenças, transmitidas por vírus, fungos e bactérias que podem estragar o seu momento de descanso e diversão. Lembre-se ainda de higienizar objetos tocados com frequência, como celular, carteira e malas.

• Não se movimentar a cada duas horas

Nada de ficar parado. Mesmo que você esteja confortável, não queira importunar o passageiro ao lado ou ter de parar o carro, é necessário se movimentar. Principalmente em viagens aéreas longas, o risco é o de trombose venosa. Ela leva à formação de coágulos que, uma vez na corrente sanguínea, podem causar embolia pulmonar e até morte súbita. Por isso, levante-se, caminhe e alongue-se. Se não der, tirar os sapatos, esticar as pernas e girar os pés já ajuda.

• Não se atentar a roupas e conforto

Não pense no que vai usar apenas no destino. No avião faz frio, ao entrar e sair da serra o clima muda e, mesmo em ambiente climatizado, na janela, pode se sentir calor e incômodos visuais com o sol. Assim, leve consigo agasalho, óculos escuros, chapéu, em caso de viagens abertas, e pelo menos uma calça. Em passeios de barco é bom usar peças leves, que sequem rápido ou impermeáveis. Inclua ainda protetor solar, repelente, lenços e almofada de pescoço.

• Não fazer antes check-up geral

É indispensável consultar um médico (o que inclui psicólogo e dentista) se não tem se sentido muito bem, passou por cirurgia recente, está em recuperação, acompanhamento, tratamento de alguma doença ou transtorno.

Em grandes altitudes, fechado com muita gente, sem ter como ser hospitalizado e sujeito a mudanças de pressão/oxigenação, o organismo pode reagir mal e a pessoa até morrer. Tabagistas, hipertensos e obesos devem redobrar os cuidados.

• Não se preocupar com a segurança

Pensar na própria saúde também é estar com todas as vacinas atualizadas; deixar amigos e familiares informados sobre seu estado clínico, voo, modelo e placa de carro, duração da viagem, companhias, endereços; conversar com seu médico sobre a possibilidade de pegar o contato dele para caso de uma eventual emergência; considerar fazer um seguro-viagem, para atendimento médico e hospitalar durante o tempo fora; e seguir todos os protocolos sanitários.

Fontes: André Maurício, clínico geral e cardiologista pela FMB-UFBA (Faculdade de Medicina da Bahia, da Universidade Federal da Bahia) e professor da Faculdade Ipemed-Afya; Edvânia Soares, nutricionista especialista em nutrição clínica, geral e esportiva da Estima Nutrição, em São Paulo (SP); Felipe Gargioni Barreto, neurocirurgião pela PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) e especialista em coluna da clínica Personal Ortopedia, em São Paulo (SP); e João Vicente da Silveira, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP).