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EquilĂ­brio

Cuidar da mente para uma vida mais harmĂŽnica


Como controlar ansiedade? Veja o que fazer em momentos de crise

Ansiedade pode causar diversos sintomas - iStock
Ansiedade pode causar diversos sintomas Imagem: iStock

Carol Firmino

Colaboração para VivaBem

09/02/2022 04h00

A ansiedade é uma sensação natural de qualquer um perante situaçÔes cotidianas, como a espera por uma notícia, uma viagem ou algo relacionado ao trabalho. No entanto, o que era apenas um sentimento se torna um transtorno quando começa a ser constante, com preocupaçÔes e incÎmodos irreais que dominam a mente, às vezes até paralisando quem a sente.

Segundo Camila Hoeppner Toledo, psicĂłloga pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) e especialista em saĂșde mental pela Famema (Faculdade de Medicina de MarĂ­lia), a ansiedade Ă© um estado de humor negativo que contempla sintomas corporais de tensĂŁo e apreensĂŁo sobre o futuro. "A preocupação e o planejamento sĂŁo organizadores da vida cotidiana, mas, quando em exagero, tornam-se improdutivos e patolĂłgicos", diz.

O que Ă© a crise de ansiedade?

A crise de ansiedade consiste na sensação de angĂșstia e vulnerabilidade, com a presença de medo da perda de controle diante de um desafio que vai acontecer. A psicĂłloga explica que isso envolve desde a preparação para um evento atĂ© acontecimentos considerados de baixa importĂąncia no dia a dia, como tarefas domĂ©sticas ou chegar no horĂĄrio combinado a um compromisso.

"Mesmo sabendo que nĂŁo hĂĄ nada a temer, a ansiedade permanece. Por isso, no Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), o foco estĂĄ presente em todos os eventos da vida diĂĄria", descreve.

Na crise de ansiedade, as pessoas tĂȘm medo de que acontecimentos ruins possam afetĂĄ-las e passam a sentir sintomas psicolĂłgicos e fĂ­sicos, segundo Liliana Seger, doutora em psicologia pelo IP-USP (Instituto de Psicologia da Universidade de SĂŁo Paulo) e coordenadora do PRO-AMITI (Programa para o Transtorno Explosivo Intermitente do AmbulatĂłrio Integrado dos Transtornos do Impulso), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das ClĂ­nicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP).

Por que o ansioso pensa tanto e tem tantas questĂ”es? É que ele fica tentando encontrar controle nas situaçÔes, e faz caminhos mentais para caso alguma catĂĄstrofe aconteça. Quando isso se mantĂ©m por muito tempo, resulta em transtornos ou crises, e os sintomas fĂ­sicos aparecem porque essas pessoas estĂŁo jogando no corpo noradrenalina, cortisol, que aumentam a pressĂŁo sanguĂ­nea e os batimentos cardĂ­acos que vĂŁo preparar o organismo para agir". Liliana Seger, doutora em psicologia pelo IP-USP (Instituto de Psicologia da Universidade de SĂŁo Paulo).

ansiedade; frio na barriga - iStock - iStock
Ansiedade pode causar taquicardia e falta de ar
Imagem: iStock

Sintomas da ansiedade

Quando a ansiedade acontece de forma intensa, o corpo nĂŁo sabe se a ansiedade Ă© real ou se Ă© apenas um pensamento. Isso pode provocar:

  • TensĂŁo muscular;
  • Fadiga;
  • Cefaleia;
  • Tremores;
  • Sudorese;
  • Tontura;
  • Calafrios;
  • Formigamento no corpo;
  • Falta de ar;
  • Taquicardia;
  • Perturbação do sono;
  • Dificuldade de atenção e concentração;
  • SensaçÔes de "branco" na mente;
  • Boca seca;
  • NĂĄusea;
  • AlteraçÔes no apetite;
  • Irritabilidade;
  • Inquietação e insegurança.

Como controlar a ansiedade?

Diante de todas as explicaçÔes sobre o que representa esse episódio, é importante conhecer formas de aliviar os sintomas, o que envolve desde medicação receitada por um profissional até uma simples conversa. As psicólogas dão algumas dicas:

  1. Recorra a tĂ©cnicas de controle respiratĂłrio: a respiração consciente, por exemplo, impacta o funcionamento do corpo inteiro. Para fazĂȘ-la, basta escolher um momento do seu dia e estabelecer uma pausa na qual o ato de inspirar e expirar acontecerĂĄ de forma controlada, com a atenção apenas na respiração.
  2. Converse com alguém de sua rede de apoio: isso ajuda a identificar que é um momento de crise e que a sensação de morte é apenas negativa subjetiva (não estå ocorrendo de fato).
  3. Faça atividades com a finalidade de interromper o pensamento e desfocar da crise: escrever, ouvir mĂșsica, ler, tomar um banho ou qualquer outra forma de expressĂŁo, inclusive a realização de prĂĄticas religiosas para quem possui crenças dessa ordem.

Como prevenir a ansiedade?

Seger argumenta que uma pessoa ansiosa, normalmente, cresceu nesse contexto de ansiedade, com medo do novo, do desconhecido. Assim, ela tenta antecipar o futuro para ter o controle da situação.

"Nessa tentativa de impedir que algo de ruim aconteça, esse indivíduo não vive, estå sempre pensando em como responder, em um estado de sofrimento mental gritante. A psicoterapia, portanto, é essencial para lidar com isso", orienta.

Além de frequentar o psicoterapeuta, que vai auxiliar no autoconhecimento, na identificação de "gatilhos" e no manejo da ansiedade, Toledo sugere outras pråticas:

  1. Atividades fĂ­sicas aerĂłbicas: reduz dores crĂŽnicas e melhora a qualidade do sono.
  2. Meditação e pråtica de ioga: ampliam a conexão consigo mesmo, promovem relaxamento e ajudam no controle da ansiedade e da depressão.
  3. Trabalhos manuais, culinåria e pintura: desenvolvem a criatividade, habilidades, raciocínio mais centrado, melhoram concentração, aumentam o repertório simbólico e expressivo.
  4. Contato com a natureza: contribui para alĂ­vio do estresse.
  5. Brincar com animais de estimação: desenvolve a afetividade, melhora o humor e a relação com diferentes emoçÔes.
  6. Atividades de autocuidado: melhoram a autoestima, a sensação de segurança e a autonomia.
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Psicoterapia pode ser muito Ăștil no tratamento
Imagem: Freepik

Como diferenciar uma crise de ansiedade de um infarto?

É preciso entender que a aceleração cardĂ­aca por si sĂł nĂŁo indica um infarto. Sua principal caracterĂ­stica Ă© uma dor aguda no peito, geralmente com irradiação para o pescoço e braço, com alteração de pressĂŁo arterial, que se estende por horas. No caso da crise de ansiedade, existe uma multifatorialidade, com sensaçÔes diversas, que vĂŁo desde a falta de ar atĂ© uma tremedeira. AlĂ©m disso, as pessoas ansiosas percebem que jĂĄ viveram essa situação outras vezes.

Toledo lembra que a dor da ansiedade Ă© permanente: "Pode durar dias, estĂĄ associada Ă  angĂșstia e, muitas vezes, hĂĄ correlação com um evento estressor recente", afirma.

Em todo caso, essa diferenciação precisa ser confirmada no pronto atendimento por um profissional, sem partir do pressuposto de que é apenas emocional.


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