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Nutricionista ou nutrólogo: qual especialidade procurar para montar dieta?

Apenas uma deles é responsável por estruturar cardápios, com alimentos e porções ideais - iStock
Apenas uma deles é responsável por estruturar cardápios, com alimentos e porções ideais Imagem: iStock

Sarah Alves

Colaboração para o VivaBem, em São Paulo

11/02/2022 04h00

Emagrecer, ganhar peso, melhorar a alimentação, reduzir o sódio: ao precisar de uma dieta, é comum que a pessoa saiba exatamente qual é o objetivo com os novos hábitos. Porém, pode surgir confusão na hora de buscar o profissional ideal: ela vai ao nutrólogo ou nutricionista?

Para receber um plano alimentar, com indicação de cardápio e porções para cada refeição, o correto é buscar um nutricionista. "Ele vai prescrever a plano da dieta com orientação nutricional de acordo com a necessidade do paciente", explica Sandra Chemin, membro da SBAN (Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição).

Mas ir ao nutrólogo também é importante, porque é ele que diagnostica problemas de saúde mais complexos. Por isso, a orientação é que o trabalho seja realizado em conjunto.

Segundo Chemin, uma pessoa que vai começar a praticar exercícios e deseja mudar a alimentação, por exemplo, deve ir preferencialmente ao nutrólogo primeiro. Lá, vai investigar eventuais problemas relacionados à alimentação e quais as orientações gerais para a nova dieta, considerando os esforços do tipo de atividade física. Depois, enfim, o nutricionista vai estruturar cardápios ideais e individualizados.

Qual a diferença entre nutrólogo e nutricionista?

Ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, as duas profissões têm trabalhos diferentes. A nutrologia é uma especialidade da medicina responsável por diagnosticar e indicar tratamentos para problemas alimentares.

"Cabe ao médico nutrólogo identificar alterações no hábito alimentar, na digestão, absorção e excreção de nutrientes, assim como alterações metabólicas que levem ao não aproveitamento deles e justifiquem intervenções que podem mudar o curso das doenças", diz Eline de Almeida Soriano, diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).

A especialidade pode analisar a absorção de nutrientes, obesidade e suas consequências, além de transtornos alimentares, como bulimia, anorexia nervosa e compulsão alimentar.

Há ainda destaque ao papel à promoção da saúde, para identificar alterações precocemente. "É importante frisar que o nutrólogo deve ser procurado quando há suspeita de algum distúrbio alimentar que possa causar danos para a saúde. Uma avaliação periódica, inclusive, pode contribuir para o diagnóstico precoce de possíveis desequilíbrios nutricionais e prevenção de doenças mais graves", atenta Nelson Iucif Júnior, também diretor da Abran.

Nutricionistas trabalham na formulação de planos alimentares, mas também podem indicar suplementação e solicitar exames —como hemogramas, análises de albumina e vitaminas. As avaliações precisam ter relação com as dietas, ajudando a indicar quais as carências daquele paciente, explica Flavia Auler, coordenadora do curso de nutrição da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).

Segundo Auler, ainda assim, alguns planos de saúde podem não aceitar as guias de solicitação de nutricionistas. Exames de imagem, genético e endoscopia são atribuídos à nutrologia.

"Nós podemos solicitar, mas o diagnóstico não é nosso. Vou solicitar para a minha conduta, relacionados à precisão dietética", explicou a profissional da PUCPR. Ao identificar que algo está errado nos exames, os profissionais orientam que os pacientes busquem o nutrólogo. Por exemplo, um exame pode indicar falta de ferro, mas apenas a especialidade médica vai investigar se isso pode ser anemia ou demais causas do problema.

Nutricionistas podem solicitar suplementação

Também é liberado que o nutricionista oriente polivitamínicos ao paciente, explicando quais deficiências nutricionais devem ser supridas. Para isso, porém, há um limite nas porcentagens de suplementação, deixando de cobrir casos mais intensos, explica a nutricionista Flavia Auler. Esses parâmetros se baseiam na RDA (Ingestão Dietética Recomendada, na tradução do inglês), que indica a quantidade suficiente para suprir um nutriente em pessoas saudáveis do mesmo gênero e idade.

"Quando a suplementação requer doses mais altas, apenas o médico nutrólogo pode fazer", orienta Célia Regina da Silva, responsável pela Câmara Técnica de Nutrologia do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro).