Fica sentido com pouco? É possível impedir que críticas o magoem tanto
Algumas pessoas são mais sensíveis do que outras em relação a comentários pejorativos ou jocosos, críticas e desqualificações de terceiros e acabam se magoando profundamente, a ponto de a autoestima e até a saúde mental sofrerem impactos. Há aqueles, porém, que parecem blindadas em relação à desaprovação e ao sarcasmo alheios e não se deixam afetar pelas farpas. Mas isso pode ser controlado? Embora não seja uma regra válida para todas as pessoas e circunstâncias, sim.
"Todos nós já ficamos ou iremos ficar magoados em algum momento da vida. O problema consiste em persistir com a mágoa", observa a psicóloga Raquel Mello, do Rio de Janeiro (RJ), especialista em TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental).
Não se deixar magoar tem a ver não só com a personalidade de alguém, mas também com resiliência. "Se a pessoa conta com uma formação emocional em equilíbrio, construída desde a infância à base de segurança, reforço e validação, ela tem a possibilidade de resistir e não levar tanto em consideração as observações cruéis ou negativas, além de lidar com isso com mais resistência, resiliência e estrutura", fala a psicóloga Alessandra Augusto, também da capital carioca e idealizadora do Projeto Psicoterapia Acessível.
Para Augusto, seria muito bom se todo mundo tivesse o poder de ouvir certas coisas e não se magoar no automático. Ficar chateado com qualquer comentário acontece principalmente quando se tem um comportamento de gentileza ou doação e não se espera uma reação de confronto ou áspera.
Existe, sim, esse movimento de se deixar magoar, mas não é algo consciente, é involuntário. No entanto, é possível desenvolver uma autorregulação e uma autoproteção, ou seja, blindagens psicológicas para lidar melhor com certas ações alheias e não ficar tão fragilizado ou vulnerável. É claro que as experiências podem moldar essa capacidade de resposta, mas aprender a colocar limites no outro, nas situações e em si mesmo é a primeira atitude de autocuidado a se aprimorar". Alessandra Augusto, psicóloga idealizadora do Projeto Psicoterapia Acessível.
É possível impor de maneira assertiva, criando objetivos e critérios na vida. No campo profissional, por exemplo, é preciso ter um foco, saber onde se quer chegar e qual o caminho a percorrer. "Com isso, você vai criando flexibilidades, entendendo o que se dispõe ou não a passar para chegar até o alvo ou ponto determinado", diz Augusto.
De acordo com Andreza Marrocos, psicóloga do Hospital Santa Joana Recife (PE), praticar a escuta ativa e todas as suas nuances também é uma maneira de ouvir o que o outro tem a dizer sem levar para o lado pessoal, ou melhor, sem internalizar a crítica ou o comentário. "É preciso entender o momento, pois muitas palavras ditas são verdadeiras ou não, dependendo da ocasião. A verdade do outro é do outro. Cada pessoa passa por suas dificuldades e só quem as atravessa tem acesso a elas, isso não é nosso", diz.
Já Raquel Mello recomenda também trabalhar o autoconhecimento para aprender a separar o que é seu e o que é do outro. "É preciso olhar para si mesmo sem julgamentos, identificando suas forças e fraquezas, e avaliar como tem sido sua comunicação com compaixão, autenticidade e coragem. E é importante lembrar que se sentir magoado faz parte de vivenciar suas emoções, mas deixar a mágoa persistir no tempo trará problemas físicos e psicológicos que irão influenciar no pensamento e no comportamento", avisa.
Entender que todo mundo falha —inclusive você— e filtrar críticas e comentários nocivos também são ideias para colocar em prática que podem surtir bons resultados. "Será que a opinião do outro não pode ser, de alguma forma, positiva? Tudo depende da sua percepção. Não é a situação que vai despertar em você a emoção, e sim a forma como você a percebe", diz Mello. Nem sempre uma crítica pode vir de forma negativa ou punitiva, ela pode trazer algum conteúdo proveitoso para você melhorar como indivíduo. Manter uma conduta positiva em relação às pessoas e à vida ajuda a não validar ou se deixar afetar por observações alheias, segundo ela.
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