Caspa duradoura e espinha na cabeça são normais? Aprenda como cuidar
Não é só a pele que precisa de cuidados e atenção. O cabelo fica exposto à umidade e suscetível ao aparecimento de caspas, espinhas e outras doenças no couro cabeludo, principalmente com tempo quente. Para mantê-lo saudável e cheio de vida, é necessário protegê-lo dos efeitos da radiação, controlar a oleosidade e identificar os sinais de proliferação de bactérias e fungos.
Muito se fala sobre a rotina de skincare, mas a saúde capilar também demanda atenção diária. Poluição, suor e produtos que provocam o desejado efeito de salão, também podem ser prejudiciais aos fios e ao couro cabeludo.
Diferentes especialistas têm se unido para detectar as doenças de forma precoce, mas garantem que os principais cuidados são essenciais para garantir o equilíbrio, evitando graves consequências para o organismo.
Principais problemas capilares
Caspa é o nome popular para dermatite seborreica, uma inflamação na pele gerada pelo aumento da produção de sebo com a participação do fungo Malassezia pachydermatis sp., que causa vermelhidão, coceira e descamação.
Geralmente aparece em áreas com maior oleosidade pela presença de glândulas sebáceas, como couro cabeludo, sobrancelha, tórax, orelhas, canto do nariz e dobras. Embora de origem genética, é agravada por reações alérgicas e estado emocional. Quando não controlada, pode apresentar feridas no local e cair na roupa em forma de flocos brancos, levando ao desconforto e constrangimento.
Espinha é o nome popular para as saliências vermelhas, algumas vezes com pus, da foliculite, uma inflamação no folículo piloso, também conhecido como poro, local onde nascem os pelos. A inflamação acontece quando ocorre a lesão cutânea, a obstrução dos poros e a produção de maior quantidade de sebo com a atuação de outras bactérias, como a Staphylococcus aureus.
O uso de lâminas, roupas justas e excesso de antibióticos são agravantes. A foliculite aparece nas áreas com muitos pelos como couro cabeludo, barba, axilas, virilha, pernas e braços. Quando não tratada, pode levar à perda de cabelo no corpo de forma definitiva, as chamadas alopecias cicatriciais, por formarem uma cicatriz por fibrose no lugar do fio.
A acne, ainda que tenha características semelhantes à espinha, é causada pela bactéria Cutibacterium acnes e possui tratamento diferenciado.
A psoríase é uma inflamação crônica sistêmica, não somente da pele, geralmente desencadeada por infecções, fatores emocionais e baixa temperatura. Também tem como sintoma a descamação, mas, diferente da caspa, tem como característica manchas vermelhas arredondadas e ressecadas, em qualquer local do corpo.
Tipos de exposição e cuidados
Na exposição ao sol, raios UVA (ultravioleta A) oxidam e desbotam os fios, o UVB (ultravioleta B) danifica a queratina. O couro cabeludo exposto às radiações pode sofrer queimaduras e pequenas lesões, por isso o uso de bonés e chapéus com proteção UV (ultravioleta) é imprescindível, mas, se mantido com o cabelo molhado ou suor excessivo, pode desencadear o aparecimento de caspas e espinhas, porque ambientes quentes e úmidos são propícios à proliferação de bactérias e fungos.
O mesmo vale para pessoas calvas, que devem ter cuidado redobrado fazendo o uso de filtro solar contra as diferentes radiações, que pode ser igual ao do rosto.
A água do mar e da piscina prejudicam as proteínas dos fios. Por isso, depois de mergulhar, é indicado lavar com água potável ou água termal, que contém agentes antimicrobianos e hidratantes. Na bolsa de praia não deve faltar um protetor térmico e um pente de madeira ou escova apropriada para os fios.
No verão, é comum prender os cabelos, mas além da umidade abafada ser propícia ao aparecimento de dermatite, o atrito promove o enfraquecimento e quebra dos fios, assim como enrolar na toalha após o banho e dormir com o cabelo molhado.
Para a lavagem correta, deve-se evitar água quente, porque destrói as barreiras de proteção da pele, utilizar o xampu no couro cabeludo e o condicionador ou máscara somente nas pontas dos fios. Retirar o excesso de umidade com a toalha, sem torcer ou abafar, optando pela secagem natural.
A exposição química e térmica, como descoloração, alisamento e o uso de secador todos os dias, pode provocar queda e inflamações. Quando necessário, utilizar um protetor térmico com a distância de um palmo dos fios.
Hormônios e medicamentos como antibióticos, corticoides e testosterona podem agravar a oleosidade dando origem à dermatite, acne e alopecia androgênica, conhecida como calvície. A puberdade e a menopausa também podem ressecar e afinar os fios.
Pandemia x estresse
A pandemia fez novos casos de dermatite seborreica e acne surgir nos consultórios, de acordo com os especialistas consultados, e pessoas que já tinham predisposição às condições, apresentaram a sua forma exacerbada.
As duas situações estão ligadas ao aumento de estresse, com o consequente comprometimento da resposta imunológica do organismo, mas também às complicações geradas por escoriações com o ato de manipular o local.
As unhas levam consigo outras bactérias, que encontram ambiente propício para formar novas lesões. Com a imunidade baixa, o risco de adquirir diferentes doenças aumenta.
Cuidados básicos como tomar banho todos os dias, lavar o cabelo corretamente, com frequência de acordo com o tipo de cabelo, e praticar o autocuidado, ajudam a criar uma barreira de proteção.
Para diagnosticar o tipo de dermatose e tratamento adequado, é necessário agendar uma consulta com a dermatologia, assim que observar qualquer alteração na saúde capilar. Importante ressaltar: não pratique a automedicação para não prejudicar a cicatrização.
Para aliviar os sintomas até o dia da avaliação, especialistas indicam produtos isentos de prescrição: para dermatite seborreica, o xampu anticaspa e cetoconazol podem minimizar os incômodos.
Para a acne, o peróxido de benzoíla (acnase) é uma boa opção. E, de maneira geral, o sabonete com triclosan, alternando com o xampu comum, reduz o crescimento bacteriano.
É importante lembrar que as doenças capilares não são contagiosas. O fungo da caspa e as bactérias da espinha e da acne fazem parte da flora, mas geram problemas quando estão em desequilíbrio. Apenas germes secundários podem fazer a transmissão.
Fontes: Fabiane Brenner, médica dermatologista, especialista em cabelo pela The Cleveland Clinic Foundation; Denise Barcelos, médica dermatologista, especialista em medicina integrativa, sócia fundadora da CD Clínica Dermatológica; Ana Lisia Giudice, médica dermatologista da Ebserh; Mário Grinblat, médico dermatologista no Hospital Albert Einstein, em São Paulo; Marcela Mattos, médica dermatologista especialista em tricologia e cosmiatria; Rodrigo Tanamati, terapeuta capilar.
*Com informações de matéria de fevereiro de 2022
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