Pesquisa: ansiedade é assunto mais buscado por brasileiros na pandemia
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil tem o maior índice de pessoas com transtorno de ansiedade no mundo. A percepção desse quadro entre as pessoas está cada vez maior e a busca por esse tema no país lidera o ranking das pesquisas, de acordo com o "Report Anual da Saúde Mental dos Brasileiros", relatório com dados retirados da plataforma Psicologia Viva, empresa de saúde mental, do Grupo Conexa, em parceria com a Eurofarma.
Entre junho de 2020 e julho de 2021, foram avaliados mais de 84 mil registros distintos de pacientes, associados a aproximadamente 925 mil agendamentos de teleconsultas psicológicas.
Os temas mais buscados na plataforma foram ansiedade (20,1%), depressão (6,5%), desenvolvimento pessoal (4,93%), psicologia clínica (3,27%) e saúde mental (2,59%).
De acordo com o relatório, as mulheres agendaram mais consultas na plataforma durante o período analisado. Entre os que optaram em informar o gênero (62,5%), 73,8% dos pacientes são do sexo feminino e 26,2% são do sexo masculino.
Esses números refletem uma informação de conhecimento popular, de que a mulher, historicamente, busca se cuidar mais.
"Ao notar que algo não está bem, seja relacionado à sua saúde física ou mesmo emocional, elas já procuram ajuda, ao contrário dos homens, que acabam relutando mais em buscar um apoio profissional", diz Luciene Bandeira, psicóloga e cofundadora da Psicologia Viva.
Crianças, jovens e idosos
Os jovens adultos são os que mais procuram por assistência psicológica on-line. Os da faixa etária entre 21 e 40 anos representam cerca de 40% dos agendamentos de teleconsultas no período, entre os que reportaram a idade.
Sobre os temas mais buscados na plataforma por essa faixa de idade, a ansiedade ocupa o primeiro lugar, com 21,3% das pesquisas. Tanto homens quanto mulheres de 15 a 30 anos têm como segundo principal tema de busca o desenvolvimento pessoal, com 6,2% das buscas. Já dos 31 aos 45 anos, o segundo lugar é ocupado pelo tema depressão (6,0%).
"Uma possível explicação para o desenvolvimento pessoal ser foco das buscas dos jovens talvez seja o ingresso no mercado de trabalho e as questões psicológicas que isso envolve. Já dos 31 ao 45, é preocupante avaliar que a depressão ocupa este lugar, o que pode sugerir uma relação com a síndrome de burnout (relacionada ao estresse gerado pelo trabalho excessivo), problemas financeiros ou de relacionamento", explica Luciene.
Pais de crianças e adolescentes também se mostram preocupados com a saúde mental de seus filhos, buscando aconselhamento para esse público. Os meninos de 0 a 16 anos agendaram mais atendimentos psicológicos, equivalendo a 5,5% do total de agendamentos por pessoas do sexo masculino no período, em comparação com as meninas na mesma faixa etária (2,7% dos agendamentos por pessoas do sexo feminino).
É importante destacar que pessoas acima dos 80 anos, que geralmente não têm familiaridade com as novas tecnologias, representam 0,35% do total, aproximadamente dois mil agendamentos de consultas psicológicas on-line, o que não deixa de ser um número expressivo.
Entre os temas mais buscados por homens e mulheres acima dos 60 anos está "acompanhamento psicológico de idosos" (22% mulheres e 18% homens), seguido de ansiedade e depressão.
"É interessante notar que este público está em busca de ajuda através da tecnologia, pois é uma fase da vida em que muitos já perderam membros importantes da família, sentem os impactos da idade, ou podem se sentir sozinhos", conclui Luciene.
Centro de Valorização da Vida
Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valorização da Vida) e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.
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