Reduzir consumo de carne pode evitar desenvolvimento de câncer, diz estudo
Estudos que relacionam o consumo de carne, principalmente a vermelha, com câncer são frequentes. Desta vez, um novo artigo publicado na revista BMC Medicine, nesta quinta-feira (24), mostrou que a redução de carne, como um todo, diminui os riscos de desenvolver um câncer.
Segundo os autores, as pessoas que aderiram a uma dieta com pouca quantidade de carne —comer porções de carne vermelha ou aves cinco vezes ou menos por semana— tiveram um risco 9% menor de ter câncer de cólon, por exemplo, em comparação com as pessoas que comiam carne com mais frequência. Outros cânceres também foram avaliados.
Como o estudo foi feito
Os pesquisadores da Universidade de Oxford coletaram dados de 472.377 britânicos que foram recrutados entre 2006 e 2011.
Os participantes, com idades entre 40 e 70 anos, relataram a frequência com que comiam carne (processada, bovina, cordeiro ou carneiro, porco, frango, peru e outras aves) e peixe.
Depois, os autores do estudo acompanharam os participantes por 11 anos usando seus registros médicos para entender como sua saúde havia mudado durante esse período.
Cerca de 53% comiam carne regularmente (o que significa que comiam carne mais de cinco vezes por semana). Outros 44% dos participantes eram pouco carnívoros (comer carne cinco ou menos vezes por semana).
Pouco mais de 2% eram adeptos aos pescetarianimo (alimentação semelhante ao vegetarianismo, porém permitindo o consumo de peixes e frutos do mar), enquanto pouco menos de 2% dos participantes foram classificados como vegetarianos. Os cientistas incluíram veganos no grupo vegetariano, pois não havia o suficiente para estudá-los separadamente.
As análises também foram ajustadas para garantir que outros fatores que podem aumentar o risco de câncer —como idade, sexo, tabagismo, consumo de álcool e status sociodemográfico— fossem levados em consideração.
Quais foram os resultados
O risco geral de câncer era 2% menor entre aqueles que comiam carne cinco vezes ou menos por semana e 10% menor entre aqueles que comiam peixe, mas não carne, e 14% menor entre vegetarianos e veganos, em comparação com aqueles que comiam carne mais de cinco vezes por semana.
Ao comparar a incidência de cânceres específicos com a dieta dos participantes, os autores descobriram que aqueles que comiam carne cinco vezes ou menos por semana tinham um risco 9% menor de câncer colorretal, em comparação com aqueles que comiam carne mais de cinco vezes por semana.
Eles também descobriram que o risco de câncer de próstata era 20% menor entre os homens que comiam peixe, mas não carne, e 31% menor entre os homens que seguiam uma dieta vegetariana, em comparação com aqueles que comiam carne mais de cinco vezes por semana.
Mulheres na pós-menopausa que seguiram uma dieta vegetariana tiveram um risco 18% menor de câncer de mama do que aquelas que comiam carne mais de cinco vezes por semana. No entanto, os resultados sugerem que isso se deve ao fato de que as mulheres vegetarianas tendem a ter um índice de massa corporal (IMC) mais baixo do que as mulheres que comem carne.
No entanto, os pesquisadores alertam que a natureza observacional do estudo não permite conclusões sobre uma relação causal entre dieta e risco de câncer.
Além disso, como os dados sobre a dieta dos participantes foram coletados em um único ponto de tempo —e não durante um período contínuo de tempo—, eles podem não ser representativos ao longo da vida dos participantes.
Por que este estudo é importante?
O autor principal Cody Watling, da Universidade de Oxford, disse ao site MedicineNet que a grande amostra do estudo permitiu um olhar mais atento a diferentes padrões de dieta e tipos específicos de câncer, contribuindo para mais evidência sobre o tema.
Além disso, o artigo traz dados que ajudam as pessoas a optarem por dietas mais saudáveis, evitando, por exemplo, o consumo de carnes processadas.
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