Máscara na escola: como anda o uso pelo Brasil e o que dizem especialistas
Com o início do ano letivo e o retorno às aulas 100% presenciais em diversas localidades do país, depois de quase dois anos de atividades em formato remoto ou híbrido, acende-se um alerta quanto ao uso de máscaras pelas crianças nas escolas e quais cuidados ter com o acessório nessa retomada.
Apesar de algumas cidades como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro estarem flexibilizando —ou pensando em flexibilizar— o uso delas ao ar livre, as máscaras já são um consenso científico como medida eficaz de proteção e sua utilização aparece como uma das principais orientações para a volta às escolas em Portaria dos Ministérios da Educação e da Saúde, publicada no Diário Oficial da União em agosto do ano passado.
O documento estabeleceu recomendações para um retorno presencial seguro em todos os níveis e séries da educação básica nacional, mas dá autonomia a estados e municípios para organizarem os direcionamentos de seus sistemas de educação. Assim, apesar de premissas em comum, não há um protocolo unificado em todo o país.
Com isso, podem surgir dúvidas sobre o assunto. Para ajudar tanto a família quanto a escola na hora de cuidar da saúde dos pequenos e evitar a propagação do coronavírus, a reportagem de VivaBem conversou com especialistas e mapeou algumas situações em diferentes cidades do Brasil.
Com que idade é obrigatório o uso de máscara nas escolas?
Profissionais ouvidos por VivaBem informam que o ideal é que a máscara seja usada a partir dos dois anos, com a supervisão direta dos adultos, como pais e professores. Os protocolos, no entanto, mudam de um lugar para o outro.
Em Salvador, por exemplo, crianças da educação infantil, com até cinco anos, não são obrigadas a usar máscara. Já no Ceará, Rio Grande do Sul e na capital do Rio de Janeiro, são dispensados do uso os pequenos com menos de três anos.
Se a criança não gosta de pôr a máscara, o que fazer para minimizar isso e fazê-la usar?
O primeiro passo é conscientizá-las, explicando a importância do acessório para prevenir a covid-19. Dar o exemplo usando a máscara no dia a dia também é uma maneira de os adultos mostrarem aos pequenos a necessidade da proteção. Além disso, o equipamento pode ser incluído na rotina da criança de forma lúdica.
Por exemplo, os pais ensinando aos filhos como usar a máscara e propondo que eles façam o mesmo com um boneco ou boneca. Outra maneira é disponibilizar para a garotada máscaras com apelo infantil: coloridas, com desenhos e imagens divertidas.
Qual a melhor máscara para crianças? Existe um tipo mais adequado?
O tipo de acessório utilizado por aí varia bastante. Em escolas de Pernambuco, Ceará, Bahia, Alagoas, Sergipe e São Paulo é possível encontrar crianças com máscaras de diferentes modelos: cirúrgicas/descartáveis, de tecido de algodão, de malha, de tripla ou dupla camada e cortadas a laser.
Especialistas ouvidos por VivaBem aconselham que a máscara de pano deve possuir duas camadas de tecido. A cirúrgica pode ser utilizada em tamanho adaptado para a criança. Inclusive, já existem no mercado modelos desse tipo voltados para o público infantil, com diferentes cores e desenhos.
Elas devem usar máscara durante todo o tempo de permanência na escola?
Sim, o item deve ser retirado apenas na hora do lanche ou para beber água. Mas sabe como criança é: pula, corre, mexe e, de repente, a máscara está fora do lugar. Entre os mais pequenos, ficar com o item no rosto 100% do tempo pode ser desafiador, então é importante que os professores supervisionem e orientem constantemente quanto ao uso.
As aulas de educação física são outro momento de atenção. Relatos ouvidos pela nossa reportagem na Bahia, em Pernambuco e São Paulo indicam que a máscara tem sido retirada pelas crianças nessa hora em algumas escolas. O motivo seria o desconforto ao usá-la durante a prática esportiva.
Para tentar contornar isso, é recomendado evitar neste momento de pandemia a realização de atividades que aglomerem muito ou que possam ser muito exaustivas para a galerinha.
Por quanto tempo a criança pode ficar com a mesma máscara? Em que situações na escola o acessório deve ser substituído?
É essencial ter máscaras extras durante o tempo de permanência na escola. Idealmente, o item deve ser trocado a cada três horas. No Ceará, essa é a orientação padrão e, em escolas da rede privada, por exemplo, os professores têm sinalizado a hora de fazer a troca.
Os especialistas consultados pela nossa reportagem observam ainda que a substituição deve ocorrer também se a máscara cair no chão, estiver suja ou úmida. Isso porque, nessas situações, o equipamento perde a sua eficácia protetiva.
Dentro de uma mesma região, no entanto, podem ser observadas diferenças nesse aspecto. Em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, enquanto em escolas da rede privada as crianças costumam levar mais de uma máscara para trocá-la após o intervalo, aulas de educação física ou se ocorrer um imprevisto; na pública, muitos alunos não possuem outra máscara para substituição.
Qual o problema de não trocar a máscara?
O uso prolongado do equipamento ou a sua utilização quando estiver suja ou molhada aumentam os riscos de contaminação pelo coronavírus e também outros micro-organismos, como fungos e bactérias.
E se as crianças trocarem de máscaras entre elas?
Isso pode acontecer sobretudo entre os menores. Por isso, é fundamental o acompanhamento de um adulto e, caso se note que ocorreu, as máscaras devem ser retiradas imediatamente e substituídas por outras novas. Os pais e professores devem também procurar explicar aos pequenos o porquê de não poderem usar a máscara do coleguinha.
Crianças devem ser instruídas regularmente sobre o uso adequado da máscara?
É importante que família e professores atuem de forma integrada e contínua, ensinando às crianças a usarem o equipamento corretamente. Este deve ficar bem ajustado ao rosto e cobrir boca e nariz. Não vale também mexer toda hora nem tocar na parte externa do acessório.
Escolas privadas na Bahia e em Pernambuco têm reforçado mensagens como essas através de materiais informativos disponibilizados aos alunos, sinalizações, lembretes em salas de aula e orientações de professores e coordenadores.
Só com a máscara as crianças estão protegidas?
Para prevenir a covid-19, o uso da máscara deve ser combinado ao distanciamento e higienização constante das mãos com água e sabão ou álcool 70%. Por isso, entre os protocolos adotados por muitas escolas pelo país, está a disponibilização de dispensers de álcool gel e evitar aglomerações na entrada e saída dos estudantes.
Além disso, a imunização dos pequenos é outra aliada no combate ao coronavírus. No momento, crianças a partir de 5 anos já podem ser vacinadas em todo o Brasil. Assim, é importante que os pais levem a garotada para iniciar o esquema vacinal contra a covid. É uma forma tanto de protegê-las quanto de evitar que elas sejam vetores de transmissão, ajudando a conter a circulação do vírus.
Confira alguns tipos de máscara infantil para comprar*:
Máscara infantil PFF2/N95 (kit de 10 a 100 unidades)
Máscara Descartável Infantil Tripla Proteção (50 unidades)
Máscara descartável com dupla camada, filtro e clipe nasal (50 unidades)
Kit com 3 máscaras de tecido - Trifil
Fontes: Aline Abreu Bastos, médica infectologista no Centro Médico do Hospital Aliança e na Clínica Humana, em Salvador e Maria Isabel de Moraes Pinto, médica especialista em infectologia pediátrica, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), membro efetivo da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e consultora de vacinas da Dasa.
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