Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


RJ decretou fim do uso de máscara; é seguro liberar em locais fechados?

iStock
Imagem: iStock

Sarah Alves

Do VivaBem, em São Paulo

07/03/2022 19h23

A cidade do Rio de Janeiro decretou o fim do uso obrigatório de máscaras em locais abertos e fechados, segundo decreto assinado nesta segunda-feira (7) pelo prefeito Eduardo Paes (PSD). Também ficou determinado que o passaporte da vacinação não será mais necessário quando o município atingir 70% de pessoas acima dos 18 anos vacinadas com a dose de reforço.

"Atendendo recomendação do comitê científico da prefeitura do Rio, edição extra do Diário Oficial nessa tarde libera do uso de máscaras em espaços abertos e fechados na cidade do Rio de Janeiro", escreveu Paes no Twitter. Segundo o comitê, a cobertura vacinal na cidade aliada ao declínio de casos mostrou um bom momento para a liberação, inclusive com manutenção do cenário após o Carnaval.

Especialistas ouvidos por VivaBem acreditam que o anúncio merece atenção e incentivo para que a população busque atividades em espaços abertos como medida de reduzir eventual alta nas contaminações. "Tem alguns espaços que eu acredito que ainda seria uma boa decisão manter o uso de máscara, de preferência uma PFF2 bem ajustada ao rosto, sobretudo locais fechados, mal ventilados e com muita gente", afirma o físico Vitor Mori, doutor em engenharia biomédica pela USP (Universidade de São Paulo).

O alerta vale para locais com muita circulação, onde geralmente há grande compartilhamento do mesmo ar. É o caso do transporte público, por exemplo. Academias de ginástica, onde há grande emissão de gotículas e pessoas respirando intensamente, também merecem atenção, assim como casas de repouso, pela maior vulnerabilidade de idosos ao risco de caso grave da covid-19.

Atenção ao distanciamento

Para o infectologista Kleber Luz, a liberação é uma medida possível no contexto atual e reforça o efeito positivo da vacinação. No entanto, ainda é importante que as pessoas se atentem ao distanciamento social.

"Mais do que ser local aberto ou fechado, é a proximidade das pessoas. Em distâncias a menos de um metro, por um longo período, a pessoa vai passar para você, porque gotículas permitem a transmissão", alerta o também professor do IMT (Instituto de Medicina Tropical) da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

Quando usar máscara?

Luz lembra que qualquer pessoa que tenha sintomas respiratórios deve manter os protocolos aprendidos durante a pandemia: adotar o isolamento sob qualquer suspeita e usar máscara para deslocamentos necessários —como para ir ao hospital.

Pessoas com problemas de imunidade também devem manter o uso, medida já recomendada mesmo antes da pandemia. O comitê científico, inclusive, recomendou que imunodeprimidos ou com comorbidades graves que não tenham se vacinado sigam usando máscaras.

Já o infectologista Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury, orienta que a população espere ao menos 15 dias para flexibilizar o uso, como precaução pós-Carnaval.

"Se é liberado em ambientes com possibilidade de transmissão muito grande, eu acho um pouco arriscado. Não é toda a população com discernimento suficiente para saber em quais ambientes é melhor manter a máscara", comenta Granato.

Segundo ele, pensando no coletivo, também é recomendável manter o acessório ao visitar locais com pessoas que tenham o sistema imune comprometido —clínicas de vacinação, por exemplo.

E as crianças?

As escolas vão poder decidir sobre a obrigatoriedade ou não dos acessórios de proteção, informou o comitê. A orientação é que crianças não vacinadas usem o item até receberem a dose.

Vitor Mori acredita que as escolas também devem incentivar atividades ao ar livre para reduzir riscos de contaminação em sala de aula. "Muito pouco foi feito para melhorar a circulação de ar em sala de aula, condições para que as crianças possam retornar em segurança", diz.

Segundo ele, seriam necessários investimentos para analisar a circulação de ar em ambientes fechados, como monitoramento de gás carbônico, filtragem e luz ultravioleta. "Justamente por muito pouco ter sido feito, a máscara seria uma das únicas ferramentas para reduzir o risco em ambientes fechados", defende.