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Escova, pasta, movimento: o que é mais importante na limpeza dos dentes?

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Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

10/03/2022 04h00

Ao se dirigir à pia do banheiro para limpar os dentes, você é daquele tipo de pessoa que se pergunta: vale mais eu caprichar na pasta ou na escovação? E será que uma escova elétrica é melhor do que uma convencional? E se eu esquecer em casa meu kit pessoal de higiene bucal e só me der conta numa situação, como acampado no meio do nada e à noite. O que fazer?

Deixar os dentes reluzentes e de quebra livres de ameaças parece uma tarefa que todo mundo nasce sabendo, mas como se vê, não é não. Cuidar deles —e da boca em geral— envolve paciência, delicadeza e conhecimentos que só mesmo sendo dentista para repassá-los. Por isso, VivaBem conversou com alguns. Veja a seguir o que eles têm a dizer a respeito, você irá se surpreender.

Mecânica em primeiro lugar

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Para eliminar restos de alimentos e bactérias que grudam nos dentes e provocam placa bacteriana (biofilme dental), tártaro, cárie, a escova é mais importante do que a pasta. Mas é a ação mecânica de suas cerdas, em movimentos suaves percorrendo toda a superfície dos dentes, a grande responsável pelo trabalho. O fio dental também é coprotagonista, pois entra em cena nos espacinhos entre os dentes que a escova é incapaz de chegar.

Em uníssono, os profissionais consultados concordam a respeito. Marcos Moura, dentista de Maceió e membro da ABHA (Associação Brasileira de Halitose), vai ainda um pouco além e cita os limpadores de língua com cerdas.

"Para remover uma colônia de bactérias chamada saburra lingual, que se forma sobre a língua e é a principal causa do mau hálito, eles são mais indicados e eficientes do que os raspadores de língua e escovas, que podem não conseguir removê-la."

Escovas modernas são melhores?

Escova de dente elétrica é uma boa opção para quem gosta de itens tecs - Getty Images - Getty Images
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Antes de avançar para as pastas de dente, vale fazer um complemento sobre as escovas. Saiba que os dentistas preferem as convencionais. Sobretudo modelos com cabeça pequena (para alcançar melhor os dentes), cerdas planas ultrafinas e ultramacias (para entrar nos vãos e não agredir as gengivas) e cabo reto (é preciso usar a escova como uma caneta. Aquelas com suporte grosso, para apoiar o polegar, sugerem que você pode usar força e isso não é bom).

"Sobre as escovas elétricas, estudos mostram que utilizá-las exibe uma melhora da higiene nos primeiros seis meses, depois disso a qualidade da higiene se iguala a de pacientes que usam escova convencional. Isso provavelmente é explicado pelo fator 'novidade'. Simplesmente depois de um tempo usando a escova elétrica ela passa a ser algo normal na rotina e, assim, volta-se a escovar como antes", explica David Barros, dentista na Clínica ITA, em Salvador.

Esses modelos elétricos costumam ser mais indicados para idosos avançados, pessoas com problemas motores e para cuidadores usarem em pacientes acamados. Outro ponto a se observar é que as cerdas delas não são tão macias (porque como são rotatórias precisam ser espessas, senão não funcionam direito) e demoram mais para serem trocadas (e sabe-se que cerdas muito tempo usadas entortam, sinal de uso de muita força por não estarem tão boas).

Pastas dividem opiniões

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Agora, sobre as pastas de dente, Bastos informa que as opções disponíveis são semelhantes entre si, embora algumas apresentem tecnologias extras, como substâncias que se aderem aos dentes e formam neles uma camada protetora por algumas horas, ou algo que promova uma maior eficiência na remineralizarão. Mas para quem não tem uma necessidade além do normal (sensibilidade, refluxo), acredita que um creme dental simples com flúor já seja o suficiente.

Na dúvida sobre alguma marca ou recomendação específica, Moura aconselha consultar o dentista e faz alertas sobre o que pode eventualmente ocorrer se mudar por conta própria o creme dental ao qual já se está habituado. É que em algumas pastas existe um composto químico, o LSS (lauril sulfato de sódio), que pode eventualmente causar descamação excessiva na mucosa e prejudicar o hálito. E abrasivos como a sílica também provocar danos.

Já para Gustavo Issas, cirurgião-dentista e diretor da Clínica Personal Odontologia (SP), pastas são dispensáveis. "Pode-se até usá-las em prol de um frescor momentâneo, mas a quantidade de benefícios é irrelevante. E não são recomendadas as que informam clarear, pois são abrasivas demais e pioram problemas de dentes e gengivas. O que importa é escova, fio dental e tempo dedicado à técnica, que deve ser orientada pelo dentista de acordo com os dentes e a arcada."

Esqueci meu kit, o que faço?

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Tão ruim como cuidar dos dentes de forma errada é não cuidar. Nesse sentido, passar muito tempo fora de casa e sem um estojo pessoal de higiene bucal é um problemão. Os dentistas até aconselham o que pode servir de improviso nessas condições, que consideram extremas, mas com o lembrete de não deixar que elas se tornem frequentes e virem rotina.

Alguns alimentos quando mastigados são razoavelmente autolimpantes, a exemplo de maçã e cenoura crua. Mas de forma alguma substituem uma escova. Bastos sugere que usar um tecido ou gaze na ponta do dedo também pode cumprir o papel de limpeza mecânica dos dentes e no lugar do fio dental, caso não se tenha um por perto, paliativamente um pedaço de linha fina e resistente. Moura complementa que nesses casos a falta menos ruim de todas é a da pasta.

"Quem abusa de muita pasta, inconscientemente escova os dentes mais rápido e por menos tempo. Como produz muita espuma, acha que está bom e termina logo. Por isso, a falta da pasta ou uma quantidade mínima dela, como metade de um grão de arroz, pode até ajudar a escovar muito melhor, pois se enxerga o que está fazendo. Aí, no final da escovação, se quiser, pode-se colocar um pouquinho dela para melhorar o hálito", finaliza o cirurgião Gustavo Issas.