Difalia: menino que nasceu com dois pênis faz cirurgia; entenda a condição
Um menino de 7 anos do Uzbequistão que nasceu com dois pênis e com ânus imperfurado passou por cirurgia para remover um dos órgãos. A condição, chamada difalia, é rara e está associada a outras questões congênitas, explica o urologista pediátrico Ubirajara Barroso Júnior, especialista em reconstrução genital e diretor da Escola Superior de Urologia da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).
O caso foi publicado no periódico Science Direct e, segundo a equipe, a duplicação de pênis atinge 1 a cada 5 ou 6 milhões de pessoas —desde o século 17, foram pouco mais de 100 relatos, observaram os cientistas. De maneira geral, os casos estão associados a alterações na formação do rim ou de ânus imperfurado, caso relatado no Uzbequistão.
A difalia é classificada como verdadeira ou de falo bífido. "O pênis é formado por três cilindros, dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso, dentro desse está a uretra. A difalia corresponde à presença de dois órgãos genitais, que podem ser duplicados completamente [verdadeira], com os três cilindros intactos, ou falo bífido, em que os dois pênis são incompletos, cada um com o seu corpo cavernoso e um corpo esponjoso com a uretra", explica Barroso Júnior.
No estudo, os médicos indicam que o caso do menino é uma difalia verdadeira, ou seja, ambos os pênis com estruturas integrais. Na condição, as duas uretras se convertem em uma só, semelhante ao formato de y invertido ligado à bexiga. Isso permite que as funções de ambos sejam preservadas, com dois órgãos funcionando normalmente —tendo dois jatos ao urinar, por exemplo.
Em alguns casos, a identificação de difalia pode acontecer ainda na gravidez. Mas em casos não diagnosticados, ela é facilmente notada assim que a criança nasce.
Tratamento é cirúrgico
Segundo o urologista da SBU, a difalia por si só não traz comprometimentos à saúde, mas, sim, as suas causas associadas. Em casos de ânus imperfurado, por exemplo, alterações na medula podem facilitar quadros de infertilidade, alterações no jato urinário e problemas de incontinência.
O tratamento é cirúrgico, com poucas mudanças dependendo do tipo de difalia, e pode ser realizado já a partir dos 6 meses de vida. "A opção é a retirada de um dos pênis, já que os dois são bem formados na maior parte das vezes. A uretra pode ser extraída ou conectada uma com a outra. Trata-se de uma cirurgia que é passível de ser realizada", comenta Barroso Júnior, que também é coordenador da disciplina de urologia da UFBA (Universidade Federal da Bahia).
Se a uretra apresentar má-formação, é necessário reconstruí-la. Já quando se trata de falo bífido, é possível juntar com o outro corpo cavernoso, indica o especialista.
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