Depressão e ansiedade foram mais comuns em pessoas que tiveram covid grave
Um estudo publicado no periódico The Lancet Public Health revelou que pacientes que desenvolveram a forma grave da covid-19 têm maior risco de apresentar sintomas de ansiedade e/ou depressão por até um ano e meio após a infecção.
A pesquisa é considerada uma das primeiras a analisar os efeitos a longo prazo na saúde mental após casos severos da doença. Para o estudo, os pesquisadores consideraram "grave" os casos em que o paciente não era capaz de sair da cama por pelo menos uma semana.
Na comparação geral, os indivíduos que foram infectados pelo Sars-CoV-2, mas não precisaram ser hospitalizados ou apresentaram casos leves e a moderados, apresentaram risco ligeiramente elevado para sentir sintomas de ansiedade e depressão — mas eles desapareceram em até dois meses.
No entanto, aqueles que tiveram uma evolução grave da doença e ficaram acamados — em casa ou em hospitais — por pelo menos sete dias tinham um risco aumentado para experimentar ansiedade e/ou depressão até 16 meses após a recuperação.
Unnur Anna Valdimarsdóttir, autora do estudo e professora da Universidade da Islândia, disse, em comunicado, que o estudo aponta para uma diferença importante de sintomas entre pacientes infectados pelo novo coronavírus e que o tempo acamado é um fator importante para se determinar a extensão do impacto para a saúde mental desses indivíduos.
"Conforme chegamos ao terceiro ano da pandemia, manter uma vigilância sobre a saúde mental entre pacientes graves acometidos anteriormente pela doença é importante para garantir que eles tenham acesso aos cuidados de que necessitam", afirmou.
Como o estudo foi feito?
- Ao todo, foram analisados os dados de 247 mil pessoas na Dinamarca, Estônia, Islândia, Noruega, Suécia e Reino Unido;
- Dos participantes, 4% foram diagnosticados com covid-19 entre os meses de fevereiro de 2020 e agosto de 2021;
- No geral, indivíduos diagnosticados com a doença tiveram uma prevalência maior de depressão e sono de baixa qualidade em comparação com pessoas que não forma infectadas;
- Por outro lado, os pacientes que ficaram acamados por sete dias ou mais se mostraram com até 60% mais risco de apresentarem sintomas de depressão e ansiedade por até 16 meses após a infecção, em comparação com indivíduos que não foram infectados.
Por que isso é importante?
Embora tenhamos entrado no terceiro ano da pandemia, os efeitos do novo coronavírus no nosso organismo ainda estão sendo estudados pelos cientistas — que ainda não têm todas as respostas sobre as possíveis sequelas que a doença pode deixar após a infecção.
Os efeitos de longo prazo à saúde mental dos pacientes infectados são justamente uma das frentes de estudo, já que é cada vez maior o número de indivíduos que relatam problemas neurológicos e de psicológicos após contraírem o vírus.
Uma das explicações aventada pelos pesquisadores deste estudo é que pacientes de quadros graves da covid-19 apresentam uma inflamação generalizada no corpo semelhante ao que já foi relatado como causador de transtornos de saúde mental como a depressão.
Mas há também o fator psicológico, ou seja, o estresse causado pela doença e o medo tanto da morte como das possíveis sequelas após a infecção podem gerar um efeito devastador no emocional desses pacientes.
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