Vacina contra chikungunya apresenta eficácia de 96%, diz Butantan
Resultados da fase 3 apontam que a vacina do Instituto Butantan contra o vírus da chikungunya, feita em parceria com a empresa de biotecnologia franco-austríaca Valneva, obteve altos índices de eficácia.
Os estudos mostram que 96,3% dos participantes da pesquisa obtiveram a chamada imunogenicidade, que é a capacidade de um antígeno provocar uma resposta imune no corpo. Os anticorpos permaneceram elevados por ao menos 6 meses.
Apesar do resultado, os participantes seguirão realizando testes pelos próximos cinco anos para verificar se os níveis de proteção seguem altos e se há diferenças entre diferentes grupos, de faixas etárias diferentes, por exemplo. Ao todo, 4.115 pessoas maiores de idade participaram da pesquisa.
A fase 3 é a última etapa nesse tipo de pesquisa. Um estudo anterior, desenvolvido pela mesma parceria, apontava a eficácia da vacina na faixa de 98,5%, em um período próximo à aplicação do imunizante. Não havia diferenças nos números entre adultos e idosos.
A alta taxa é considerada representativa, ou seja, é uma pequena amostra, feita em um grupo de pessoas moradoras de um local específico. Neste caso, o estudo foi realizado nos Estados Unidos, país no qual o vírus da chikungunya não é endêmico. O Butantan pontua que a tendência é de que em locais onde a doença seja comum, a produção de anticorpos seja ainda maior.
Estudos anteriores sobre a mesma vacina também já haviam confirmado a segurança do imunizante. Nenhum efeito adverso grave foi relatado. 50% dos participantes relataram efeitos leves como dores de cabeça, fadiga e dor no local da aplicação; 2% tiveram efeitos um pouco mais severos, sendo febre o sintoma mais comum.
Testes no Brasil
No Brasil, o Butantan começou com a vacina em janeiro. O local escolhido foi São José do Rio Preto, majoritariamente, bem como centros de pesquisa de seis capitais: São Paulo, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Aracaju e Campo Grande. As cidades são consideradas regiões endêmicas da doença. 750 voluntários, com idades entre 12 a 17 anos, participarão do estudo.
A vacina é aplicada em dose única e previne as formas mais graves da chikungunya, doença infecciosa causada pelo vírus de mesmo nome, repassada pelos mesmos mosquitos que transmitem a dengue e a febre amarela, o Aedes aegypti e Aedes albopictus, respectivamente. Os sintomas incluem febre alta, dores intensas no corpo e manchas vermelhas na pele. Cerca de 30% dos casos são assintomáticos.
A circulação do vírus já está presente em mais de 120 países, sendo desde 2014 no Brasil. Como a transmissão ocorre por mosquitos, as recomendações são as mesmas à prevenção da dengue, sendo extremamente importante eliminar os criadouros de mosquitos nas residências, principalmente não deixando a água parada.
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