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Crianças menores de 5 anos, ainda sem vacina, devem continuar de máscara?

Especialistas afirmam que pais devem avaliar quais locais ainda é importante manter o uso - iStock
Especialistas afirmam que pais devem avaliar quais locais ainda é importante manter o uso Imagem: iStock

Sarah Alves

Do VivaBem, em São Paulo*

18/03/2022 14h46

Com o fim do uso obrigatório de máscaras em locais fechados em São Paulo e no Rio de Janeiro, as duas maiores cidades do Brasil —além de outros estados que também acabaram com a obrigação: Santa Catarina, Alagoas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Roraima e Acre, e o Distrito Federal— crianças menores de 5 anos, ainda fora da cobertura vacinal contra a covid-19, podem ficar mais expostas à contaminação.

"Sempre que se flexibiliza qualquer medida há mais convívio com menor proteção, o que aumenta a circulação do vírus e eventual maior transmissão. Quando se tem taxas mais baixas, como atualmente, o risco é menor, por isso é possível flexibilizar. Mas o risco atinge principalmente os mais vulneráveis", alerta o infectologista pediátrico Renato Kfouri.

Por isso, crianças ainda não vacinadas, idosos, pessoas com comorbidades e imunocomprometidas podem ter mais risco de contaminação e a orientação é que os pais avaliem em quais locais ainda é recomendado manter o uso, orienta Kfouri, também presidente Departamento de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

Segundo o especialista, a consciência individual sobre o uso de máscaras, independente dos decretos, é a forma de evitar que as crianças se contaminem ou sejam vetores e infectem outras pessoas.

Em São Paulo, por exemplo, o governo manteve a obrigatoriedade em unidades de saúde e no transporte público. A infectologista Camila Almeida, do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), alerta os pais que é recomendado que as crianças ainda usem a proteção em ambientes aglomerados, mal ventilados e ao visitar pessoas do grupo de risco, por exemplo. Crianças com comorbidades e imunodeprimidas também devem continuar com a máscara em espaços fechados.

"A máscara é uma medida eficaz e barata contra o coronavírus. Sabemos que o vírus é capaz de se transmitir por partículas, e ter uma criança infectada em ambiente fechado, cantando, falando é um risco", afirma Almeida.

A infectologista também lembra ser importante aumentar o índice de população adulta vacinada com a dose de reforço. "De maneira indireta, mesmo que não vacinadas, essas crianças vão estar mais protegidas assim."

E nas escolas?

Vitor Mori, físico e doutor em engenharia biomédica pela USP (Universidade de São Paulo), acredita que estimular atividades ao ar livre em escolas seja essencial como alternativa para reduzir riscos de contaminação em ambientes fechados.

"Muito pouco foi feito para melhorar a circulação de ar em sala de aula, condições para que as crianças possam retornar em segurança. E justamente por muito pouco ter sido feito, a máscara seria uma das únicas ferramentas para reduzir o risco em ambientes fechados", afirmou o especialista.

Segundo ele, seriam necessários investimentos para analisar a circulação de ar em ambientes fechados, como monitoramento de gás carbônico, filtragem e luz ultravioleta.

*Com informações de reportagem publicada em 07/03/22.