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Hipertensão arterial: medicamentos novos superam os antigos? Nem sempre

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Imagem: iStock

Danielle Sanches

Da Agência Einstein

18/03/2022 08h43

Cerca de 10 milhões de pessoas morrem de complicações da hipertensão arterial todos os anos, no mundo. No Brasil, 30% da população têm o diagnóstico de pressão alta, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Por ser um problema que atinge muitas pessoas, o número de medicamentos disponíveis para o controle da condição é alto: só no país, há mais de 40 opções, na listagem do Ministério da Saúde.

Embora muitas das opções sejam medicações de uma nova geração, ainda são utilizados remédios que estão no mercado há anos. Nesse sentido, é comum surgir a dúvida: qual é o melhor?

Os dois, segundo Fábio Pitta, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, visto que os efeitos mudam pouco. "Não são novas classes de substâncias. Ou seja, elas têm uma ação semelhante às antigas medicações", explica o especialista sobre a ação dos remédios mais novos.

A principal diferença está na posologia, ou na dosagem. "É possível reduzir a quantidade de vezes em que o paciente precisa tomar o remédio de três para uma no dia, por exemplo", explica Pitta.

Ainda, versões mais atuais também conseguem combinar até três substâncias em um único comprimido, o que facilita a rotina do paciente. Um estudo conduzido no George Institute for Global Health, junto a pesquisadores de outros países, testou a eficácia e segurança na combinação de três princípio ativos, em pequenas doses, já utilizados contra a hipertensão: telmisartan, amlodipina e clortalidona.

O resultado foi que o uso da "pílula tripla" se mostrou mais eficaz nos indivíduos que fizeram uso por seis meses, enquanto a maioria dos pacientes no tratamento tradicional precisou, no mesmo período, adicionar uma ou mais medicações para alcançar um resultado semelhante. Os resultados foram divulgados no periódico científico JAMA, em 2018.

Medicamentos contra a hipertensão

Entre os medicamentos mais usados para controlar a pressão alta, estão:

  • Diuréticos: aumentam a eliminação de sódio pela urina, diminuindo a retenção de líquidos no corpo e ajudando a reduzir a pressão arterial. Existem mais de sete classes desse tipo de medicação, mas todas devem ser consumidas apenas sob orientação médica;
  • Inibidores adrenérgicos: têm atuação no Sistema Nervoso Central no relaxamento dos vasos sanguíneos e permitindo que o sangue circule com mais facilidade. Eles se dividem em dois tipos: Alfa-1 bloqueadores e Betabloqueadores.
  • Vasodilatadores direto: promovem a dilatação dos vasos, facilitando a circulação do sangue e evitando o esforço excessivo do coração.
  • Antagonistas dos canais de cálcio: impedem que o cálcio entre nas células do coração e das artérias, permitindo que os vasos permaneçam relaxados e abertos para o fluxo sanguíneo. Alguns tipos ainda podem diminuir a frequência cardíaca, protegendo o coração do risco que o esforço excessivo provoca no órgão.
  • Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA): impedem que o hormônio chamado angiotensina, responsável pelo estreitamento dos vasos sanguíneos, seja produzido.
  • Inibidores do receptor da angiotensina II: semelhante ao IECA, só que atuam no receptor da angiotensina, impedindo que ela atue no organismo.

Riscos da hipertensão

Considerada uma doença crônica não transmissível e silenciosa, a hipertensão arterial não costuma manifestar sintomas claros, especialmente no início. O diagnóstico é feito a partir da avaliação da pressão nas artérias do paciente, caso apresente números acima de 140 mmHg por 90 mmHg.

Ainda que sem sintomas, órgãos como coração, cérebro e rins, além dos vasos sanguíneos, são afetados pela condição, que é considerada um fator de risco para infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC), doença renal crônica e morte prematura.

Embora os medicamentos façam parte do tratamento, outras medidas são necessárias para combater a doença, como reduzir o consumo de sódio na alimentação e adotar hábitos de vida saudáveis, com a prática regular de exercícios físicos e dieta balanceada. É fundamental também o acompanhamento frequente com um médico cardiologista.