Influenciador Bruno Helal revela ter epilepsia: 'Pessoas ficam assustadas'
Em 2012, o influenciador Bruno Helal, 25, teve uma crise epilética enquanto dormia. Ele foi socorrido pelos pais que, até então, não faziam ideia do que estava acontecendo. "Eles ficaram assustados, por isso me levaram para o hospital", conta em entrevista a VivaBem.
Na época com 14 anos, Helal passou por uma bateria de exames, mas os médicos não fecharam um diagnóstico. Eles afirmaram que a convulsão teria sido um caso único. Depois, com a frequência das crises, não restaram dúvidas, ele foi diagnosticado com epilepsia, doença que acomete 1% da população em geral e que, na maioria dos casos, têm origem desconhecida.
O que é epilepsia?
O cérebro é formado por bilhões de células nervosas (neurônios). E cada uma de suas áreas tem uma função específica: garantir os movimentos, a fala, as emoções, os sentidos etc.
Para que haja comunicação entre esses neurônios, eles usam impulsos elétricos e sinais químicos, e essas atividades são organizadas e sincrônicas. Quando esse processo ocorre de forma desordenada, ele dá origem a uma crise epiléptica.
"A minha atual médica fez um exame e constatou que eu tinha um tipo de epilepsia do lobo temporal esquerdo, mas os demais médicos falavam que não dava para ver nada", explica.
No início, Helal teve dificuldade de aceitar que teria que conviver com as crises. "Foi bem frustrante e assustador para mim e para as pessoas que estavam comigo. Mas hoje lido bem com isso e sei controlar bem as situações. Inclusive, embora esteja afastado do teatro, meu primeiro texto de stand-up foi sobre a minha epilepsia", diz.
E ele está dentro da estatística: de acordo com especialistas, para a maioria desses indivíduos é possível controlar a doença, reduzir os efeitos colaterais dos remédios e as crises, e ter qualidade de vida.
'Minha primeira convulsão acordado foi no cinema'
"É muito difícil de explicar a sensação, mas é uma perda de controle do próprio corpo e da fala", descreve. Quando está acordado, ele conta que consegue sentir —cerca de três minutos antes— quando terá a convulsão. A primeira vez que aconteceu, em julho de 2013, ele estava numa sala de cinema, acompanhado dos pais e do irmão.
"Fui ver o filme 'Truques de Mágico' e quando entrei vi que a sala estava lotada e a Fernanda Montenegro estava lá", lembra. "E eu sou muito fã dela, daí já fiquei nervoso. Pensei que quando terminasse o filme iria falar com ela e estava todo esperançoso."
Mas as coisas não saíram como o planejado. Quando faltavam 5 minutos para o término da sessão, Helal começou a sentir que teria uma convulsão, mas não quis acreditar. "Comecei a pensar: 'Não é possível, não vou ter convulsão'. E ainda cheguei a alertar o meu irmão na hora", lembra.
"Tive convulsão ali, e lembro que quando despertei, a tela do cinema estava desligada, as luzes acesas, o maior climão, e tinha um homem na minha frente falando: 'Oi, você está me ouvindo?' Depois meus pais disseram que quando convulsionei apareceu um homem gritando que era médico e que, aparentemente, quis ser o herói da situação", conta, aos risos.
Como reconhecer a epilepsia
Para que se possa afirmar que uma pessoa tem epilepsia é preciso verificar a ocorrência das seguintes condições:
- Ter ao menos 2 crises epilépticas não provocadas em um intervalo maior que 24 horas;
- Ter 1 crise epiléptica não provocada --e possibilidade de novo evento-- no período de 10 anos após a ocorrência de 2 crises não provocadas;
- Ter diagnóstico de síndrome epiléptica.
Como é feito o tratamento?
O objetivo terapêutico é controlar as crises ou cessá-las, além de evitar efeitos colaterais dos remédios. A estratégia terapêutica se baseia no uso de medicamentos que são chamados de antiepilépticos ou fármacos anticrise. O tempo do tratamento varia e depende das características das crises de cada paciente.
E para prevenir as crises, caso já esteja em tratamento:
- Use o medicamento na forma indicada pelo médico;
- Evite bebida alcoólica em excesso;
- Adote regime de sono regular;
- Pratique atividade física regular;
- Aprenda alguma técnica de controle do estresse e coloque-a em prática;
- Mantenha um diário para aprender a reconhecer os possíveis desencadeadores.
Vida segue normalmente com medicação
Bruno é ator, mágico profissional, além de influenciador de humor. No Instagram, ele tem 710 mil seguidores. Recentemente, foi a primeira vez que falou sobre a doença. "Não gosto de falar para as pessoas que tenho epilepsia porque elas ficam assustadas", explica.
O influenciador conta que, além das crises convulsivas, tem crise disperceptiva. "O que mais incomoda na minha epilepsia não são as convulsões, porque elas estão de certa forma controladas, mas a frequência que eu tenho crise disperceptiva é muito maior que de convulsão. Tenho de 3 a 4 vezes por semana. E essas crises me impedem de completar um raciocínio, por isso deixei o teatro e comecei a gravar vídeos para a internet."
A crise disperceptiva, citada por ele, é um tipo de crise focal que compromete a consciência. Em geral, quando ela ocorre a pessoa não responde aos chamados e fica com o olhar parado e "perdido". Ainda assim, fora a restrição para dirigir, a vida do jovem influenciador, que faz uso de medicação, segue normalmente.
*Com informações da reportagem publicada em 29/12/2020.
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