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Psiquiatra dá dicas para voltar ao trabalho presencial visando saúde mental

Colaboração para VivaBem

23/03/2022 15h00

Fugir do trânsito, iniciar algum esporte, passar mais tempo com a família. Apesar de muita gente ter se adaptado bem às vantagens do home office, o retorno ao trabalho presencial já tem sido a realidade de muitos trabalhadores e outros têm se preparado para isso.

No último episódio da segunda temporada do Conexão VivaBem, Mariana Ferrão conversou com o psiquiatra Luiz Zoldan que deu dicas de como voltar ao trabalho com segurança do ponto de vista de saúde mental.

Segurança física

Os profissionais devem continuar seguindo todas as orientações e precauções de prevenção da covid-19, como uso de máscara (apesar de não ser mais obrigatório em algumas cidades), evitar aglomerar-se, ausentar-se caso esteja com quaisquer sintomas gripais e, claro, estar completamente vacinado com todas as doses recomendadas.

Segurança psicológica

Além da segurança física, precisamos observar como está nossa segurança psicológica, isto é, nos questionarmos o quanto nos sentimos seguros o suficiente para enfrentar tudo isso, para fazer uma nova modificação da rotina.

Lidando com o medo

Mesmo a grande maioria das pessoas estando vacinada, o medo de se infectar e de transmitir o vírus ainda existe. O fato de o medo gerar receio e precaução é natural, mas quando ele nos paralisa estamos diante de um problema. Há casos em que o medo pode se tornar até uma fobia.

Essa questão precisa ser mais bem discutida porque o retorno presencial pode ser mais danoso à saúde mental do colaborador do que de fato mais produtivo.

Gestão de energias

Precisamos cada vez mais fazer a gestão das nossas energias. Nós temos várias, uma delas é a energia física, que está relacionada a ter uma boa alimentação, bom sono e fazer exercício físico.

Temos a energia emocional e dois tipos de pessoas: o pessimista e o otimista. A maioria das pesquisas evidencia que quem é otimista tem melhores desfechos e mais sucesso não somente pela forma como vê as coisas, mas como direciona sua energia emocional.

Temos a energia mental, que tem a ver com a concentração e o foco. A energia social, ou seja, o convívio com as outras pessoas, a possibilidade de voltar a experimentar e aumentar isso, a ter mais engajamento. A conectividade melhora nosso humor e disposição.

E, por fim, a energia espiritual, que vai além das práticas religiosas para quem as tem, e que é superimportante. Mas para quem não tem, nutrir essa energia espiritual é considerar e respeitar seus valores, fazer aquilo que você gosta e que você acredita que é certo.

Manias x convívio

Nossas manias se intensificaram na pandemia durante o home office. Como administrar isso conciliando uma boa convivência com os colegas de trabalho?

"Convívio é como andar de bicicleta, a gente não esquece, mas às vezes pode acontecer de cair um pouco após um tempo sem praticar. Às vezes precisa botar as rodinhas de um lado e do outro e voltar aos poucos. Essa também é a questão envolvendo o retorno ao convívio", diz Zoldan.

Nós intensificamos alguns hábitos que podíamos ter em casa, mas que não são adequados num ambiente de trabalho. "A gente precisa trabalhar os hábitos, voltar com os os micro-hábitos, o que eu fazia lá atrás que era bom, que era importante, o que estou fazendo agora que posso aproveitar? Precisa entender qual será a nova dinâmica do escritório porque todo mundo vai voltar para um cenário diferente."

Dentro desse cenário, por exemplo, há membros da equipe que nem se conhecem pessoalmente. Para o médico, é a oportunidade de construir um convívio novo e diferente.

"É hora de criar novas normas, de criar um ambiente de segurança psicológica em que eu possa falar, eu tenho uma mania, posso tentar mantê-la aqui e começar a fazer acordos, porque a gente precisou se adaptar e mudar tanto. Vamos continuar mantendo a capacidade de inovar, de readaptar, e para isso precisa ter segurança psicológica."

Emoção no trabalho

Segundo Zoldan, emoção é uma coisa importante para o trabalho hoje em dia. "A gente precisa poder falar no trabalho, que brigou, que está sofrendo em casa, que hoje está mais estressado, e que se der uma patada, já peço desculpa de antemão porque não é com você, é comigo, é começar a reconhecer isso e trabalhar esse autoconhecimento", opina.

Se prepare e busque apoio

Se prepare física e psicologicamente, e busque apoio de pessoas e ferramentas. "Conectividade é extremamente importante, vamos voltar a nos conectar às pessoas que confiamos, vamos pedir ajuda, apoio, dica. Isso é essencial para gente retomar esse processo todo."

Toda semana, convidados especiais e especialistas vão conversar com a Mari sobre saúde, alimentação e equilíbrio mental de um jeito leve e divertido. Fique ligado em VivaBem e em nossas redes sociais para acompanhar toda a programação.