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Covid-19: BA.2 causou aumentos na Europa e na China? Brasil terá novo pico?

Imagem: iStock

Sarah Alves

Do VivaBem, em São Paulo

28/03/2022 04h00

A Europa e países na Ásia vivem nova alta de covid-19 por causa da subvariante BA.2, derivada da ômicron. A cepa é responsável por 82% dos casos da doença sequenciados no Reino Unido, 55% em França e Itália, e 54% na Alemanha entre os dias 7 e 21 deste mês, aponta o site de rastreamento CoVariants.org.

Os índices, lembram especialistas ouvidos por VivaBem, cresceram em um momento de maiores flexibilizações. No Brasil, é preciso cautela, já que ondas anteriores na Europa precederam altas por aqui.

"A BA.2 tem sido responsável por um aumento de casos muito importante, particularmente na Europa, e sobretudo em índices de hospitalização. Ainda não sabemos o impacto sobre a mortalidade, porque geralmente os dados são mais tardios, três, quatro semanas depois", afirma a infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e membro da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).

Na China, que nas últimas semanas voltou a registrar mortes por covid-19 após um ano, o aumento seria reflexo da chegada "tardia" da BA.1 (versão clássica da ômicron) junto a casos da BA.2, aponta o infectologista Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury.

O país ainda vivia contaminações pela variante delta quando o mundo viu explodir casos da variante entre o final de 2021 e o início deste ano. Mas outros exemplos asiáticos, como Hong Kong e Coreia do Sul, apontam para uma maior contaminação pela subvariante.

"Todos os repiques das infecções, não só com a BA.2, mas delta e ômicron, aconteceram em momentos em que as populações estavam relaxando. Sempre que relaxa o cuidado e tem variante nova circulando, existe risco de recrudescência", avalia Granato.

BA.2 pode causar novo surto de covid no Brasil?

Mensurar os impactos da BA.2 no Brasil ainda é bastante incerto, porque o país tem bons índices de vacinação e muitas pessoas se infectaram com a ômicron BA.1. Por outro lado, há alerta pelo fato de o país ter apresentado alta de casos em outros ciclos de variantes.

"Ao longo da pandemia, já aprendemos que o Brasil tem um atraso de estado epidemiológico. Inclusive, temos que ter cautela sobre flexibilizar ou não algumas medidas, lógico que as decisões dependem de vários fatores, as taxas de ocupação de UTI, óbitos. Mas é preciso pensar na liberação do uso de máscara, porque alguns países já mostram ser possível retroceder", defende o infectologista Danylo Palmeira, do Hospital das Clínicas da UFPE (Universidade Federal do Pernambuco) e presidente da Sociedade Pernambucana de Infectologia.

Além disso, o perfil de reinfecção ainda precisa ser mais bem avaliado. Segundo o infectologista, novos casos surgem em média 90 dias após o primeiro contágio. Mesmo raros, quadros mais precoces podem existir, já que as variantes vão se diferenciando da estrutura original do vírus e, assim, infectam com maior facilidade.

As vacinas vão proteger?

A proteção com três doses da vacina é essencial para proteger contra a ômicron. A recomendação da quarta dose é necessária, sobretudo para grupos da população mais vulneráveis à doença —como idosos—, avaliam os especialistas ouvidos por VivaBem.

Um estudo pré-print, ainda sem revisão dos pares, realizado no Catar, apontou que a vacina de RNA mensageiro (no Brasil, a Pfizer) manteve o mesmo nível de proteção quando exposta à BA.2 em comparação com a BA.1.

Segundo a equipe, a eficácia contra infecção sintomática caiu pela metade nos primeiros três meses após a segunda dose, diminuindo para níveis críticos posteriormente. Porém, "recuperou rapidamente após a dose de reforço para atingir níveis semelhantes aos observados logo após a segunda dose, mas pareceram diminuir novamente a partir do segundo mês".

"Isso nos obriga a fazer campanhas mais intensivas e mudar a forma de aproximar e divulgar para aquelas pessoas que não começaram o esquema vacinal ou que não completaram a terceira dose. E no estado de São Paulo, por exemplo, reforçar a importância da quarta dose", defende Raquel Stucchi.

Outra prioridade, afirma a especialista, é viabilizar os medicamentos específicos contra a covid-19 para evitar evolução da doença para formas graves.

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