Phil Collins teve pancreatite aguda; pedra na vesícula é a causa mais comum
No sábado (26), Phil Collins se apresentou na O2 Arena, em Londres, e revelou que aquele seria seu último show. O artista tem enfrentado alguns problemas na coluna após passar por uma série de cirurgias.
Além disso, sua saúde ficou mais frágil nos últimos 15 dias, quando teve pancreatite aguda, uma inflamação que acomete o pâncreas, um órgão do trato digestório, que fica atrás do estômago, próximo das alças intestinais. O pâncreas é responsável pela produção de vários hormônios como insulina e pancreatina, e enzimas que digerem a comida.
"A causa mais comum da pancreatite é a pedra na vesícula. Essa pedrinha sai da vesícula e passa por um canal em comum do pâncreas e da bile, e acaba inflamando a saída desse canal e obstrui a drenagem da secreção do pâncreas. Em mais de 70% dos casos, a pancreatite ocorre pela migração da pedra na vesícula (colelitíase)", explica Simone Reges Perales, cirurgiã do aparelho digestivo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Além da pedra na vesícula, a inflamação do pâncreas pode ocorrer, principalmente, pelo excesso de álcool, e demais fatores como:
- Hipertrigliceridemia;
- Pancreatite autoimune;
- Uso de determinados medicamentos (ácido valproico, inibidores de conversão da angiotensina, mesalazina, azatioprina, 6-mercaptopurina etc.);
- Traumas;
- Infecções virais (caxumba, hepatite B, citomegalovírus, covid-19 etc.);
- Genética;
- Exposição a toxinas e tabaco;
- Doenças vasculares (isquemia pancreática);
- Causas idiopáticas (a origem não pode ser identificada);
- Comorbidades (obesidade e diabetes).
Os principais sintomas da pancreatite aguda são dores abdominais, febre, olho amarelado, pressão baixa, náuseas, vômito e mal-estar generalizado.
Como é feito o tratamento?
Na maioria das vezes, o tratamento é feito apenas com suporte clínico —o paciente precisa ficar internado em jejum, se alimentando apenas por sonda ou dieta na veia (parenteral), tomando antibióticos e repousando.
"Nesses casos, em um segundo momento, a gente opera, mas não o pâncreas, opera a vesícula, faz a retirada da vesícula biliar, que é a colecistectomia", diz Perales.
No entanto, quando ocorre uma necrose do pâncreas é preciso fazer cirurgia. "Apenas 20% ou 30% dos pacientes evoluem para uma pancreatite aguda grave. O pâncreas, nesse caso, pode ter uma necrose do tecido e o médico precisa operar para retirar um pouco do tecido inflamado e necrosado no abdome. Esse paciente precisa de UTI e é um caso relativamente grave —a mortalidade gira em torno de 5% a 12% desses casos", alerta Henrique Perobelli, gastroenterologista e coloproctologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
O especialista explica que é muito comum a necessidade de novas intervenções cirúrgicas, porém, o paciente tem grandes chances de se recuperar 100%. "Mas é uma das doenças mais graves do aparelho digestivo", alerta Perobelli.
*Com informações da reportagem publicada em 06/04/2021 e 28/12/2021.
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