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Obesidade é uma doença ou um gatilho para outras enfermidades?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

12/04/2022 04h00

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a obesidade é classificada como doença crônica. Por outro lado, muitos estudos da literatura médica já comprovaram que ela também é um gatilho para o aparecimento de outros problemas.

Pessoas obesas apresentam maior acúmulo de tecido adiposo (gordura) no corpo. Quando em excesso, a gordura produz substâncias inflamatórias que circulam no organismo e geram lesões, o que pode desencadear o desenvolvimento de enfermidades, como entupimento das artérias do coração, levando ao infarto agudo do miocárdio.

Outra doença muito prevalente nos obesos é a apneia obstrutiva do sono, que também aumenta o risco de infarto e hipertensão. Além disso, o risco de problemas como osteoartrite, cálculo na vesícula biliar, esteatose hepática, trombose venosa, arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca, infecções, depressão e câncer também é maior em quem estiver obeso.

Atualmente, o cálculo de IMC (índice de massa corporal) ainda é usado para identificar a obesidade. A matemática é feita a partir do peso (kg) do indivíduo dividido pela sua altura (m) ao quadrado. Então, uma pessoa que tem 1,70 m de altura e pesa 70 kg, por exemplo, está com o IMC em 24,22 kg/m², que é considerado peso normal.

A classificação do IMC é a seguinte:

  • Peso normal = 18.5 a 24.9 kg/m²
  • Sobrepeso = 25.0 a 29.9 kg/m²
  • Obesidade = 30 kg/m²
  • Obesidade classe I = 30.0 a 34.9 kg/m²
  • Obesidade classe II= 35.0 a 39.9 kg/m²
  • Obesidade classe III = 40 kg/m² (também denominada obesidade severa ou extrema)

Vale ressaltar que essa indicação da OMS vem sendo bastante discutida. Isso porque esse cálculo não leva em consideração fatores importantes, como a quantidade de massa magra (músculos) e gordura no corpo da pessoa, assim como a distribuição da massa gorda em todo o organismo.

Por isso, profissionais da saúde podem pedir outros exames para identificar uma possível obesidade. Entre os testes estão aquele que mede a circunferência abdominal, e a partir daí identifica o nível de gordura visceral, localizada próxima dos órgãos e considerada mais prejudicial a saúde.

Outro método bastante usado é a chamada bioimpedância, exame que utiliza condução elétrica de baixa voltagem no corpo, separando o que é água e o que é gordura, dando um resultado mais preciso a respeito da quantidade de massa magra e gorda no organismo. Também pode ser utilizada a densitometria, exame bastante usado para avaliação de osteoporose. O teste é capaz de identificar, com detalhes, a composição corporal a fim de se chegar em um diagnóstico mais correto.

E por mais que a pessoa esteja obesa, mas com a saúde em dia, ou seja, todos os exames com valores normais, é preciso atenção. Afinal de contas, por conta do processo inflamatório que a gordura em excesso causa no corpo, isso pode, a médio e longo prazos, desenvolver alguma das doenças mencionadas.

Então, é importante procurar um especialista, seja endocrinologista, nutricionista ou nutrólogo, para traçar um plano a fim de sair do nível de obesidade. Vale lembrar que o emagrecimento não está relacionado à estética, mas é a principal maneira de evitar que os problemas apareçam.

Fontes: Cristina Bergmann Triches, endocrinologista do Hcor, em São Paulo; João Vicente da Silveira, doutor em cardiologia e médico do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo; Renan Montenegro Júnior, endocrinologista do HUWC-UFC (Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará), que faz parte da Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

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