Tomei a vacina da gripe há menos de 6 meses, devo me vacinar novamente?
Está em curso no Brasil a campanha de vacinação contra a influenza, vírus causador da gripe, desde o dia 4 de abril de 2022. No entanto, no final do ano passado e início desse ano houve um surto inesperado de influenza da cepa A (subtipo darwin) em diversos estados brasileiros, como Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia.
Para conter os perigos da doença, secretarias de saúde locais distribuíram algumas doses remanescentes de 2021. Mesmo assim, quem recebeu essa dose antecipada deve se vacinar novamente, conforme explica Flávia Bravo, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). "Nós descobrimos que a cepa não estava presente naquele imunizante e não havia a proteção cruzada, então, na realidade, ela não protegeu do subtipo que estava causando a epidemia."
Agora, a vacina usada na campanha de vacinação é a de 2022, e está atualizada com a cepa que predominou nos meses anteriores. "As pessoas devem tomar a vacina agora porque ela protege apenas por cerca de seis meses", alerta a médica especialista. "Então, independente de quando tomaram a vacina de 2021, precisa tomar a de 2022", enfatiza Bravo.
A médica lembra que idosos, em especial, devem se vacinar o mais rápido possível, já que eles podem ter uma proteção inferior, que gira em torno de 80%.
Quando devo me vacinar?
A primeira etapa da vacinação, entre 4/4 e 2/5, é direcionada aos idosos com mais de 60 anos e profissionais da saúde. Já a segunda etapa, que vai de 3/5 a 3/6, envolve crianças de seis meses a cinco anos (4 anos, 11 meses e 29 dias), gestantes e puérperas, povos indígenas, professores, pessoas que têm comorbidades, pessoas com deficiência permanente, profissionais das forças de segurança e salvamento e Forças Armadas.
Nesta fase serão contemplados também caminhoneiros e profissionais do transporte coletivo, trabalhadores portuários, funcionários do sistema prisional, jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas e a população privada de liberdade.
"Trivalente está com os dias contados"
Todos os anos, a vacina da gripe é atualizada de acordo com as cepas mais circulantes no hemisfério Sul no ano anterior, conforme o monitoramento da OMS (Organização Mundial da Saúde). Começou com a monovalente, que conferia proteção a apenas uma cepa predominante. Depois, a vacina precisou ser alterada para bivalente.
A vacina trivalente, produzida pelo Instituto Butantan e utilizada nesta campanha, traz em sua composição uma variante da cepa B e as variantes H1N1 e H3N2 da cepa A.
"O interesse é que a população seja vacinada com a melhor cobertura de cepas circulantes. A vacina trivalente está com os dias contados e ela vai ser substituída no Brasil pela tetravalente", acredita a diretora da SBIm.
Isso ainda não ocorreu, segundo a especialista, porque o Instituto Butantan não conseguiu produzir a vacina tetravalente para atender toda a população com equidade. Mas é uma questão de tempo. "É possível que a vacina do ano que vem disponibilizada pelo sistema público de saúde já seja a tetravalente", avalia Bravo.
Só para não restar dúvida, a vacina trivalente, disponível atualmente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) tem duas cepas de influenza A, a H1N1 e a H3N2, e uma linhagem de influenza B, a victoria. Já a tetravalente —disponível na rede privada— tem a victoria e uma outra linhagem adicional do tipo B, chamada de yamagata.
"O Ministério da Saúde oferece a trivalente e, até onde sabemos, é a influenza A que está predominando. Mas quem puder tomar a tetravalente vai ficar mais protegido, porque ainda não sabemos exatamente qual linhagem será predominante esse ano", conclui a diretora SBIm.
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