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Diabão retira orelhas: quais os riscos do procedimento? Ele consegue ouvir?

"Diabão" após retirada das orelhas - Reprodução/Instagram
'Diabão' após retirada das orelhas Imagem: Reprodução/Instagram

Letícia Naísa

De VivaBem, em São Paulo

13/04/2022 15h51

O tatuador Michel Faro Praddo, conhecido como Diabão, publicou uma foto em que mostra seu último procedimento para modificar sua imagem: a retirada das orelhas. Praddo afirmou na postagem que a modificação o deixou "emocionado". "Obrigado pelo presente", escreveu, agradecendo um amigo que o ajudou.

Diabão tem mais de 60 modificações corporais e 85% do corpo tatuado, mas o novo procedimento levantou dúvidas entre seus seguidores: ele consegue ouvir? Existem riscos para a saúde em viver sem orelhas?

As imagens são chocantes. No lugar das orelhas, o tatuador está com pontos. Em um vídeo, ele explicou que ainda consegue ouvir, que não perdeu a audição, e que, para usar óculos, ele consegue prendê-lo na cabeça. "O corpo se adapta ou a gente se adapta a ele", afirmou. "O ouvido não foi tampado, o que foi removido foi a orelha", disse.

Segundo Fernão Bevilacqua, otorrinolaringologista do Hospital Albert Sabin, em São Paulo, sem as orelhas, uma pessoa pode apresentar problemas auditivos ao longo da vida. "As orelhas têm uma angulação para captação de sons que são direcionados para o condutor auricular, elas amplificam o som", explica o médico. Sem o amplificador, a audição pode ficar prejudicada.

Outra função muito importante do pavilhão auricular é ajudar no senso de localização do indivíduo. "Parece bobagem, mas você consegue identificar de onde vem um som por causa das orelhas, a capacidade de localização sonora vem do fato de termos duas orelhas", afirma. "Sem elas, a pessoa perde essa capacidade de localização", diz o médico.

Há risco de doenças?

Outro risco que Diabão pode correr é com relação a infecções de ouvido e outras doenças. Sem as orelhas, ele terá menos produção de cera, que funciona como uma barreira protetora do ouvido, e é arriscado que ele deixe entrar água no ouvido, já que isso pode gerar um processo infeccioso.

"Nosso corpo não está preparado para isso. Existem animais que não têm pavilhão, mas eles têm um tipo de pele específica para se proteger", explica Bevilacqua.

Além de funções relacionadas à audição, o otorrinolaringologista afirma que as orelhas têm um papel importante relacionado à estética, à sexualidade e à afetividade. "É uma parte do corpo bem sensível."

Diabão afirma que o buraco de seu ouvido não foi fechado. Se tivesse sido, poderia ser ainda mais arriscado para sua saúde. "Dependendo de como foi feita a técnica, pode ter um acúmulo de pele dentro do ouvido", diz o médico. A condição recebe o nome de colesteatoma, que tem um comportamento tumoral e gera uma série de processos infecciosos. Normalmente, é preciso operar para resolver o problema.

O caso de Diabão é ainda mais arriscado por ele não ter a ponta do nariz, diz o médico. Pelo fato de os ouvidos estarem conectados ao nariz, se fecharem, a pessoa pode perder também o olfato e desenvolver sinusite crônica, segundo o otorrinolaringologista. "Não é uma boa ideia", aconselha.