Cuidado! Doses altas de vitamina D podem levar à intoxicação; veja sintomas
Muito se ouve falar sobre os benefícios da vitamina D e o quanto ela é importante principalmente na saúde óssea, garantindo a chegada de cálcio ao osso. Mas o "boom" em torno dessa vitamina foi e é tão grande que sua suplementação corre o risco de ser exagerada, elevando-se também o risco de intoxicação.
"O que se tem visto é que algumas pessoas consomem um coquetel diário de suplementos vitamínicos e alimentares comprados na farmácia ou em sites, e é comum que cada um deles tenha um pouco de vitamina D. Na soma final do dia isso pode gerar uma quantidade muito alta, que se consumida por bastante tempo —mais de seis meses— pode levar à intoxicação", diz Marise Lazaretti Castro, médica e professora de endocrinologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
A médica alerta ainda para o cuidado com os remédios manipulados que podem ter erros durante a manipulação e, portanto, podem levar a um quadro de intoxicação. "De 10 anos para cá houve um grande aumento no número de apresentações industrializadas [da vitamina D]. As doses habituais recomendadas na forma de comprimidos vendidos nas farmácias não têm risco de intoxicação e são mais seguras para consumo", afirma.
Para saber se a pessoa está com vitamina D suficiente, deficiente ou em excesso é feita uma dosagem de 25 hidroxivitamina D no sangue. A quantidade adequada depende de alguns fatores, como idade, por exemplo, mas, de maneira geral, os valores normais ficam entre 30 a 60 ng/ml. A partir de 100 ng/ml já é considerado intoxicação, segundo Sergio Setsuo Maeda, médico da disciplina de endocrinologia da EPM (Escola Paulista de Medicina) da Unifesp.
É importante destacar que a intoxicação pelo excesso de vitamina D pode contemplar todas as faixas etárias, por isso é preciso cautela. "A suplementação só deve ser realizada mediante necessidade individual e sob orientação do profissional de saúde", diz Sephora Louyse Silva de Aquino, nutricionista da área clínica do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, doutoranda do programa de pós-graduação em ciências da saúde da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
Para se ter ideia da quantidade adequada de suplementação via oral de vitamina D para crianças e adolescentes, os números variam entre 400 a 600 UI (unidades internacionais) diárias. Gestantes, idosos ou pessoas com alguma doença, como osteoporose, necessitam entre 1000 e 2000 unidades ao dia.
Problema pode causar insuficiência renal aguda e levar à morte
A intoxicação de vitamina D pode levar ao aumento do cálcio no sangue e causar sintomas como náuseas, vômitos, desidratação, fadiga muscular, confusão mental, perda de apetite, emagrecimento, insuficiência renal aguda e pode chegar ao coma e levar à morte, de acordo com os especialistas ouvidos pela reportagem.
Nos quadros mais graves, quando há excesso de cálcio no sangue, pode desencadear uma crise hipercalcêmica, segundo Castro. Nessas situações, a pessoa pode ficar internada para a infusão de grandes quantidades de soro fisiológico na veia, além de outros medicamentos para ajudar no controle do cálcio e na função dos rins.
Nos casos em que o paciente desenvolve insuficiência renal aguda por conta da intoxicação de vitamina D, é necessário fazer diálise para restaurar a função renal. "Ainda que esse tratamento seja temporário, não é raro que a intoxicação deixe sequelas nos rins, reduzindo a capacidade de filtrar a urina. A intoxicação é realmente um problema sério de saúde e pode colocar em risco a vida de um indivíduo, não se deve correr esse risco", enfatiza Castro.
De acordo com Maeda, num quadro de intoxicação as concentrações de vitamina D ficam altas durante muito tempo, de quatro a seis meses, pois a liberação pela gordura é lenta. Nesse período, é importante se hidratar bastante para diluir o cálcio e restringir as fontes dietéticas do mineral, como os derivados do leite.
Como produzir vitamina D de forma segura e saudável?
A luz solar é o principal mecanismo que leva à produção de vitamina D, no entanto, como ela também provoca o risco de câncer de pele, a exposição precisa ser controlada. Em situações em que não há contraindicação, tomar sol, sem filtro solar, de 10 a 15 minutos nos braços e nas pernas todos os dias ou de duas a três vezes por semana já é o suficiente para produzir vitamina D. "Ninguém se intoxica por vitamina D tomando sol, pois há mecanismos que controlam a sua formação", ressalva Maeda.
Uma outra forma, ainda que baixa (cerca de 20%), de produzir a "vitamina do sol" é consumindo alimentos fonte dessa substância, como peixes (sardinha, arenque, atum, cavala, salmão), óleo de fígado de bacalhau, gemas de ovos, cogumelos shitake e fígado, segundo a nutricionista Aquino.
Fontes: Marise Lazaretti Castro, médica e professora de endocrinologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), atual presidente da comissão executiva do 35º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia e especialista da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo); Sergio Setsuo Maeda, médico da disciplina de endocrinologia da EPM (Escola Paulista de Medicina) da Unifesp, da Comissão de Educação Médica da SBEM, endocrinologista e ex-presidente da SBEM-SP; Sephora Louyse Silva de Aquino, nutricionista da área clínica do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, doutoranda do programa de pós-graduação em ciências da saúde da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
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