Por que alguns fumantes não têm câncer de pulmão? Estudo pode explicar
Um estudo publicado no periódico Nature no dia 11 de abril pode indicar por que o câncer de pulmão não atinge todos os fumantes.
Esse câncer é o mais comum no mundo e o que mais mata. No Brasil, sua incidência perde apenas para o câncer de pele não melanoma. A relação do tumor no órgão respiratório tem muito a ver com o tabagismo: em cerca de 85% dos casos, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer). Mas o que a ciência ainda não sabe explicar é por que alguns fumantes não têm esse tipo de câncer.
Já era sabido que os carcinógenos químicos da fumaça do cigarro danificam o DNA e levam a mutações que causam o câncer. Mas no estudo em questão os pesquisadores conseguiram mostrar —mesmo com uma pequena amostragem— que mesmo que os fumantes tivessem mais mutações nas células pulmonares do que os não fumantes, quem fumava mais não tinha mais mutações do que quem fumava menos.
Parece que isso ocorre porque alguns fumantes podem ter melhores sistemas de desintoxicação para cuidar dos compostos mutagênicos da fumaça do tabaco antes que eles possam causar danos ao DNA do genoma da célula. "Eles também podem ter sistemas superiores de reparo de DNA que cuidam do dano e o reparam rapidamente", explicou Jan Vijg, coautor do estudo, ao site Medical News Today.
Esse reparo do DNA ou otimização da desintoxicação da fumaça do tabaco, portanto, estariam por trás desses fumantes que não desenvolvem câncer de pulmão.
Como o estudo foi feito
Os pesquisadores coletaram amostras de células pulmonares e das vias aéreas de 33 pessoas:
- 12 adultos que tinham entre 18 e 86 anos e não tinham histórico de tabagismo
- 2 adolescentes que não fumavam
- 19 fumantes, incluindo 7 ex-fumantes e 12 fumantes atuais, todos tinham entre 44 e 81 anos
Os fumantes disseram fumar entre 5,6 e 116 anos-maço de cigarros. Um ano-maço equivale a 20 cigarros por dia durante um ano.
Segundo os autores do estudo, 14 dos 19 fumantes foram diagnosticados com câncer de pulmão, e apenas um não fumante teve o tumor.
Para analisar as células, os pesquisadores usaram um método chamado amplificação de deslocamento múltiplo de célula única, ou SCMDA, que identifica melhor as mutações.
No final, eles descobriram que as mutações nas células pulmonares humanas se acumulam com a idade e que os fumantes têm mais mutações do que os não fumantes. Entretanto, a frequência de mutação se estabiliza após 23 anos-maço de cigarros. O que significa que os fumantes pesados não necessariamente tiveram mais mutações do que os fumantes leves.
Independentemente disso, os pesquisadores dizem que o estudo mostra que fumar aumenta o risco de câncer de pulmão, aumentando a frequência de mutações genéticas. Portanto, se você está fumando, deve parar para diminuir o risco. Mas para os não fumantes, além de tentar viver uma vida saudável, infelizmente as mutações fazem parte do envelhecimento.
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