Camila Queiroz fala sobre síndrome de impostor; entenda o que é a condição
A atriz Camila Queiroz comentou, em entrevista à Glamour, sobre um episódio em que a síndrome de impostora falou mais alto: "Uma escola de samba me convidou para ser musa e achei que estavam debochando da minha cara porque eu não achava que eu fosse capaz ou merecedora para estar ali".
"Quando se é uma figura pública, a pressão que existe a cada novo passo ou desafio é muito grande", confessou.
Mas, afinal, como saber se você sofre com a síndrome do impostor? O termo foi criado em 1978 por duas psicólogas norte-americanas, Pauline Clance e Suzanne Imes. Trata-se de uma condição na qual a pessoa tem medo constante de ser descoberta como uma fraude no âmbito intelectual, seja no trabalho ou na vida particular (pense, por exemplo, em mães perfeitamente normais que acreditam não estar desempenhando bem suas funções).
"De fato, esse sentimento é algo que observamos com frequência no consultório", reforça o psiquiatra Mario Louzã, médico assistente do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da USP (Universidade de São Paulo). "São pessoas que se sentem incompetentes, incapazes, insuficientes, apesar de terem sucesso profissional, uma boa vida social, um comportamento satisfatório em casa", explica.
Embora ela não se manifeste da mesma forma para todos, existem sintomas que podem ajudar a identificar o problema. A dificuldade em reconhecer que se conseguiu algo por mérito próprio é um deles —para quem se julga "impostor", seus feitos sempre são alcançados graças a fatores externos, como sorte ou ser amigo das "pessoas certas".
Ansiedade extrema antes de realizar alguma tarefa importante, seguida por procrastinação ou preparação em excesso para ela, atribuir o sucesso ao trabalho duro (que, na mente do impostor, não é indicação de uma habilidade real), sentir necessidade de ser melhor que seus pares (ainda que secretamente), perfeccionismo, achar que os outros são sempre mais inteligentes e medo do fracasso são outros indicativos.
A psicanalista e psicoterapeuta Dorli Kamkhagi, também do Instituto de Psiquiatria da USP, acrescenta: "Não conseguir aceitar elogios e não estar aberto para receber outros tipos de demonstração de afeto também podem demonstrar a presença da síndrome de impostor. É como se houvesse um censor interno que está sempre a postos para sabotar iniciativas, boas atitudes, até a própria criatividade".
Como superar a "síndrome"?
Cris Kerr, publicitária e idealizadora do Fórum Mulheres em Destaque, evento sobre empoderamento feminino e familiar realizado em São Paulo, sugere algumas perguntas que, dependendo da resposta, podem indicar a existência da síndrome: você atribui seu sucesso à sorte e nega as próprias realizações? Acredita que o sucesso não é seu? Fica arrasado com críticas, ainda que construtivas, vendo-as como evidência da sua incompetência? Você se martiriza por erros insignificantes no trabalho? Quando é bem-sucedido em alguma coisa, sente secretamente que enganou todo mundo?
"Se respondeu sim à maioria das perguntas, você pode estar convencida de que é uma farsa", diz. Se esses sentimentos impedem a realização de sonhos profissionais, freiam o bem-estar no dia a dia, e já chegaram até a atrapalhar a vida prática (você recusou uma promoção no trabalho por achar que não daria conta, por exemplo), é hora de procurar ajuda.
A psicoterapia é o melhor caminho. "É preciso trabalhar a visão que a pessoa tem de si mesmo, que em geral é muito negativa, para tentar entender o quanto há de distorção em relação à realidade", diz Louzã. Um coach voltado para carreira, feito com um bom profissional, também pode ajudar a pessoa a enxergar suas competências e aceitar seus erros (porque eles sempre vão existir) com mais compaixão.
*Com informações de reportagem publicada em 18/4/2018.
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