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Tenho alergia a ovo, posso tomar a vacina da gripe?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

17/05/2022 04h00

De acordo com o Departamento de Alergia Alimentar da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), pessoas alérgicas a ovo, de qualquer gravidade, podem receber a vacina a partir do 6º mês de vida. Isso porque a quantidade de proteína do ovo usada no imunizante é tão pequena que não consegue ser detectada pelo sistema imunológico do paciente alérgico.

Aqueles com história prévia de anafilaxia ao ovo, ou seja, que possuem reações alérgicas graves, devem preferencialmente ser vacinados em ambiente seguro, com supervisão médica. Neste caso, o ideal é procurar um hospital que realize a imunização, ou então ir até algum Crie (Centro de Imunobiológicos Especiais) mais próximo da sua residência.

Como o vírus influenza está em constante mutação, todos os anos, a OMS (Organização Mundial da Saúde) determina quais serão os três ou quatro subtipos do microrganismo que mais irão circular na próxima temporada de outono e inverno tanto no Hemisfério Norte como no Sul. A partir daí, a vacina é produzida com base nesses apontamentos da agência de saúde.

As amostras dos vírus são injetadas em ovos de galinha que contêm um embrião vivo em pleno desenvolvimento. Os ovos, então, são incubados para o influenza se multiplicar ali mesmo. O líquido que envolve o embrião dentro do ovo serve de matéria-prima para a vacina. Depois de extraí-lo, os cientistas fragmentam e inativam o vírus da gripe. Assim, é impossível que ele cause a doença.

Ao entrar em contato com a vacina, nosso corpo passa a produzir anticorpos que impedem a instalação da gripe, ou ajudam a trazer alguma memória imunológica para evitar as formas mais graves da doença.

E não é somente a vacina da gripe que é produzida dessa maneira. Os imunizantes contra a febre amarela e a chamada tríplice ou tetra viral, que combate sarampo, caxumba, rubéola e varicela, também utilizam o ovo como matéria-prima. Por isso, em caso de alergia grave, essas vacinas seguem o mesmo protocolo para o imunizante contra a gripe: ser aplicado em um serviço de saúde com suporte adequado.

O que devemos estar atentos logo após a imunização envolvem as chamadas reações alérgicas imediatas, principalmente as graves. Os principais sintomas são: vermelhidão, coceira e inchaço na pele, tosse, chiado no peito, falta de ar, dor na barriga, diarreia, vômitos, hipotensão (queda da pressão arterial), desmaio e sonolência. Geralmente, esses sinais acontecem em alguns minutos ou em poucas horas (geralmente até 24h) após a aplicação da vacina. Caso a pessoa que tomou o imunizante tenha algum desses sintomas, é recomendado procurar ajuda médica.

E vale ressaltar que a vacina é totalmente segura. O imunizante contra a gripe é um instrumento capaz de reduzir a circulação do vírus influenza entre a população, especialmente no início das épocas mais frias do ano. Isso faz com que ocorra uma diminuição no número de quadros de gripe, e principalmente ajuda a proteger a todos dos quadros mais graves.

Fontes: Brianna Nicoletti, médica especialista em alergia e imunologia do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo e integrante da equipe de qualidade da UnitedHealth Group; Claudilson Bastos, médico infectologista, responsável técnico pelo serviço de imunização do Sabin Salvador; Glória Selegatto, médica infectologista do Hospital Santa Paula, em São Paulo; Thallyta Antunes, médica infectologista do HU-UFPI (Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí), que faz parte da Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

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