Por que sentimos mais dor no frio? É real, o corpo 'reclama' nessa época
Com a queda de temperatura, é muito comum ouvir as pessoas reclamando que estão sentindo mais dor. Será que é verdade que o frio está ligado ao incômodo nas "juntas"? A resposta é sim!
É comum durante o outono e inverno que as pessoas fiquem mais suscetíveis a sentir dor, principalmente pacientes com dores crônicas. Mas isso não quer dizer que todos tenham essa sensibilidade exacerbada.
O motivo por trás deste incômodo é simples: em épocas geladas, as pessoas costumam ficar mais encolhidas e se movimentam menos, o que causa algum grau de rigidez articular e, consequentemente, dor.
O corpo humano, para funcionar bem, deve ser mantido a uma temperatura interna entre 36°C e 37°C —tarefa nada fácil quando os termômetros marcam 10°C, por exemplo.
Para se defender do frio, o músculo se contrai involuntariamente. Com isso, circulação sanguínea entre tecidos, pele e articulações fica comprometida. Isso também causa dor e espasmos.
Dá para comparar com o que sentimento quando carregamos um peso. Um quilo não pesa nada, mas segura um quilo por um tempão faz tudo doer.
O líquido sinovial, contido dentro das articulações, também pode ficar ligeiramente mais espesso com a queda de temperatura, outra mudança que pode dar a sensação de articulação mais rígida. Isso é especialmente ruim para quem sofre de problemas articulares.
Além disso, os músculos não aquecidos se tornam menos flexíveis, aumentando o risco de lesão.
Quem sente mais dor no frio?
Qualquer pessoa pode ter sensibilidade à dor no frio, mas ela é quase certa em pacientes com doenças crônicas, como artrite.
O processo inflamatório em determinada região do corpo já favorece que as pessoas tenham mais dores de uma forma geral, no frio isso só piora.
A chegada de menos sangue e nutrientes aos músculos e articulações no frio faz com que essas estruturas fiquem com o metabolismo prejudicado e com uma dificuldade ainda maior de combater qualquer processo inflamatório.
Pessoas com problemas ortopédicos também sentem mais, porque a temperatura tem efeito sobre os ossos das extremidades, como dedos, mãos, cotovelos, braços, pés, tornozelos, joelhos e pernas —fica tudo mais gelado, já percebeu?
Paciente com fraturas operadas, cirurgias de artrodese da coluna e cirurgias para escoliose também reclamam que as dores aumentam no frio. Isso acontece porque nessa região existem várias articulações, músculos e tendões suscetíveis às variações de temperatura ambiente.
"O osso, na verdade, não dói. O que dói é aquela membrana que o envolve, chamada periósteo", diz o reumatologista José Roberto Provenza.
Ao repararmos uma fratura, um calo ósseo será formado e a membrana que o envolve, chamada de periósteo, será reconstituída. Nessa reconstituição, esta membrana passa a ter mais receptores sensoriais, que são responsáveis pela percepção da dor.
Exercícios físicos, por exemplo, principalmente os aeróbicos, servem para aumentar a temperatura corporal, estimular a produção de endorfina e têm um papel importante no controle da percepção da dor. Outro "remédio" é o bom e velho agasalho.
Dicas para amenizar as dores no inverno
- Agasalhe-se bem. Se necessário use luvas, toucas e botas para proteger as mãos, orelhas e pés;
- Mantenha o corpo bem aquecido, especialmente na região afetada pela dor. Usar bolsa de água quente pode ser uma boa opção para utilizar em regiões delicadas como o pescoço, por exemplo;
- Massagens e compressas quentes ativam a circulação;
- Faça alongamentos durante o dia para relaxar, manter as articulações lubrificadas, ativar a circulação e minimizar a rigidez muscular;
- Não deixe de fazer atividades físicas no frio, pois o treino estimula a produção de neurotransmissores que possuem ação anti-inflamatória e analgésica, diminuindo a dor;
- Consuma alimentos e bebidas quentes, como sopas, chás e cafés. Eles conseguem transferir a temperatura para o sangue e aquecer o organismo de 'dentro para fora'.
Fontes: Alexandra Raffaini, anestesiologista da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas; Pérola Grinberg Plapler, Marcus Yu Bin Pai e Roberto Rached, do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP); João Paulo Bergamaschi, ortopedista especialista em cirurgia da coluna; André Marques Mansano, médico intervencionista da dor no Hospital Israelita Albert Einstein (SP); Niedja Bezerra, vice-presidente da Sociedade Cearense de Reumatologia; e Mauricio Marteleto Filho, cirurgião da coluna vertebral e chefe da Clínica Pró-Movimento (SP).
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