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Por que requeijão e maionese não podem ser guardados na porta da geladeira?

Requeijão e maionese não podem ser guardados na porta da geladeira - iStock
Requeijão e maionese não podem ser guardados na porta da geladeira Imagem: iStock

Franceli Stefani

Colaboração para o VivaBem

23/05/2022 04h00

Guardar alimentos no interior da geladeira pode parecer uma tarefa simples, mas pequenos erros interferem na qualidade e conservação deles. A dona de casa Valéria de Almeida, 45, costuma guardar o requeijão, utilizado diariamente no café da manhã, na porta do eletrodoméstico. Junto com ele, o leite, o café e a maionese.

Tudo desaconselhável, de acordo com a nutricionista funcional Maria Inês Taffarel. Pelo movimento natural de abrir e fechar, a porta é o espaço da geladeira mais suscetível à alteração térmica. "Maionese, requeijão, derivados de leite, como manteiga e iogurte, não devem ser mantidos ali, justamente devido ao abre e fecha da porta durante todo o dia. Esses perecíveis sofrem com as variações bruscas da temperatura, podendo impactar na conservação dos mesmos", explica.

Valéria conta que fazia errado até perder parte das suas compras, em um dia quente de janeiro do ano passado. "Eu tenho uma filha de 10 anos, que estava de férias. Na época, estávamos com visita e abrimos diversas vezes a geladeira. Na manhã seguinte notei que o leite e o requeijão estavam azedos. Parece que a geladeira não conseguiu manter os alimentos, por conta dessa oscilação. Dentro estava geladinho e fora a sensação era de quase 40ºC", diz. A nutricionista frisa que o melhor lugar para deixar esses produtos é nas prateleiras superiores do eletrodoméstico, onde há maior refrigeração.

O engenheiro químico Thiago Pithan Brito afirma que a conservação correta dos alimentos é essencial para garantir não apenas os seus valores nutricionais, mas também a segurança de seu consumo. "É importante atentar para a palavra 'correta', pois diferentes produtos podem possuir distintas maneiras de armazenamento, com alguns necessitando de refrigeração, por exemplo", orienta. Conforme ele, o produto conservado de forma incorreta poderá passar por transformações químicas, além do risco de contaminação por microrganismos e fungos.

Há equipamentos que possuem uma espécie de prateleira, com os dizeres "extrafrio" ou "frios", justamente para essa finalidade. "Sempre na parte superior gela mais, local em que devem ser acomodados esses itens", pontua a nutricionista. Caso a pessoa tenha dúvida sobre a qualidade do produto guardado na geladeira, ela alerta que deve ser descartado.

Os riscos de guardar no lugar errado

A conservação adequada dos alimentos faz bem para a saúde e para o bolso. "Além de permitir que a qualidade nutricional seja mantida, e também proteger o alimento da ação de patógenos (o que evitará possíveis intoxicações alimentares), também faz aumentar a durabilidade dele e diminui o risco de desperdício", diz Fernanda Rossi Schmechel, médica pós-graduada em nutrologia.

O armazenamento incorreto aumenta o risco de proliferação de fungos, bactérias e enzimas que podem agredir a microbiota intestinal e desencadear uma série de reações como náusea, vômitos, cefaleia, diarreia, distensão abdominal, gases. Até quadros mais severos de intoxicação alimentar com colite, gastroenterite, enterocolite, entre outros podem aparecer e fazer o paciente necessitar de atendimento hospitalar.

De acordo com o engenheiro químico, a temperatura acelera ou freia as reações químicas e a atividade biológica. Com o resfriamento, em geral, diminui a deterioração do alimento. "A umidade também influencia de forma relevante, seja pela quebra dos compostos químicos pela água, chamada de hidrólise, seja pela alteração do pH, o que afeta a atividade microbiana." Ele lembra que outra reação química que ocorre é a oxidação, por conta do oxigênio presente no ar.

Atenção com o botulismo

Os alimentos mais saudáveis, que são os mais naturais e minimamente processados, são os que correm maior risco de sofrer alterações e se tornarem potencialmente tóxicos devido a menor durabilidade. Schmechel recorda um quadro potencialmente fatal, o botulismo. "Ele é um envenenamento causado por toxinas produzidas pela bactéria Clostridium botulinum e pode acontecer caso ocorra ingestão de alimentos contaminados. São exemplos os vegetais, especialmente o palmito, os embutidos, os peixes e os frutos do mar preparados sem respeitar as regras básicas de esterilização", diz.

As principais formas de prevenção da doença são: não consumir alimentos em conserva que estiverem em latas estufadas, vidros embaçados, embalagens danificadas, vencidas ou com alterações no cheiro e no aspecto.