É verdade que óculos novos ou multifocais podem desencadear tontura?
Muitas pessoas ao começarem a usar óculos ou trocarem de modelos de armação, tipos e graus de lentes costumam sentir alguns desconfortos devido ao período de adaptação, como sensação de desnível ao tentar olhar para o chão, no caso das multifocais ou bifocais, visão menos nítida nas laterais, enjoos, vertigens, dor de cabeça, entre outros.
Dirigir-se à ótica para uma avaliação da armação e das lentes é sempre recomendado quando houver a persistência dos incômodos. Se mesmo assim os episódios continuarem, uma nova avaliação médica é necessária, pois as reclamações podem não ter relação com a visão.
"A tontura é um sintoma que o paciente chega a apresentar caso não esteja se adaptando bem. Se não desaparecer, dizemos que existe uma intolerância à prescrição", afirma Keila Monteiro de Carvalho, oftalmologista e professora de oftalmologia da FCM (Faculdade de Ciências Médicas) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
De acordo com ela, a não tolerância às prescrições de óculos ocorre em 1,8% dos casos, variando de 1,3 a 3,3%, conforme trabalhos científicos já mostraram. "Os motivos mais comuns, em ordem decrescente de frequência, são relacionados: à prescrição (61%), à execução da receita de óculos (22%), à patologia do paciente (8,5%), erro de digitação da receita de óculos (6,8%) e anomalias da visão binocular (1,7%)."
Multifocais
As queixas, como tonturas, dificuldades para leitura e para a visão de longe, afetam com mais frequência as pessoas com presbiopia —a dificuldade de visão de perto que ocorre após os 40 anos de idade— e que passam a usar as lentes multifocais.
"A adaptação às multifocais, nas quais existe uma progressão de grau da visão de longe para a de perto, dura 2 ou 3 semanas e provoca desconforto no início do uso. Se a pessoa sentir-se mal por mais tempo, é provável que o sintoma tenha outra origem, como a labirintite", explica Maianna Macedo de Sousa, médica oftalmologista do HDT-UFT (Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins), da rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
Na prescrição das lentes multifocais, além do grau de refração, são considerados outros aspectos: motilidade ocular (movimentação dos olhos), convergência (capacidade de aproximar os olhos), acomodação (capacidade de foco) e visão estereoscópica (visão de profundidade).
Monteiro explica que a visão de perto é bastante complexa e a alteração de algum desses fatores influencia na adequação aos novos óculos.
A existência de um astigmatismo irregular também influencia no acerto. Além disso, as medições devem ser realizadas com atenção para que haja a perfeita centralização das lentes em relação às características de cada pessoa.
"Muitas vezes, uma breve orientação de como usar as multifocais resolve o problema. Quando o indivíduo já é bem adaptado à determinada marca de lente, é desaconselhado ficar trocando a marca e o tamanho da armação, pois são itens que dificultam a adaptação aos novos óculos", orienta Michelle Figueirêdo, médica oftalmologista do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), da rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), do Instituto de Olhos Clóvis Paiva, da Unidade de Olhos do Recife e do Instituto de Olhos de Pernambuco.
De olhos nos sinais
A tontura não é indício específico de doença oftalmológica, mas, segundo Figueirêdo, alguns pacientes se queixam disso quando percebem que já não enxergam tão bem com os óculos que usam.
Muitas vezes, a sensação é relativa a outras patologias, como hipotensão ortostática, doenças neurológicas, enxaquecas e alterações no perfil lipídico.
"Já as alterações visuais observadas em algumas doenças oftalmológicas são diferentes da vertigem e, para uma melhor avaliação e diferenciação do sintoma, o paciente precisa procurar um oftalmologista ou otorrinolaringologista", esclarece a médica oftalmologista do HDT-UFT.
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