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Varíola dos macacos: é preciso se vacinar? Dá para saber quem se imunizou?

Tubos de ensaio rotulados como "vírus de varíola de macaco positivo" - CDC/via REUTERS
Tubos de ensaio rotulados como 'vírus de varíola de macaco positivo' Imagem: CDC/via REUTERS

Letícia Naísa

De VivaBem, em São Paulo

25/05/2022 16h11Atualizada em 26/05/2022 18h39

Com casos confirmados na Europa, América do Norte e uma suspeita na Argentina, a varíola dos macacos está gerando preocupação em muitas pessoas. Algumas questões então têm surgido: como um adulto pode saber se tomou a vacina contra a varíola quando era criança? E para quem nasceu após 1980, é possível receber a imunização agora?

A resposta é que, por enquanto, não há como (e nem é preciso) se vacinar contra a varíola humana no Brasil —que é diferente da dos macacos, explicamos mais abaixo. Nosso país recebeu a certificação internacional de erradicação da doença em 1973 e os últimos casos da enfermidade foram registrados em 1979. Com o "fim da varíola", os imunizantes para ela deixaram de ser oferecidos aqui há mais de 40 anos.

Mas não ter essas vacinas disponíveis ainda não é motivo para desespero. Até o momento, não há recomendação de vacinação em massa da população contra a varíola, seja para quem nasceu antes ou depois de 1980.

"A expectativa é de que o vírus não se espalhe tanto, porque ele não é tão rápido quanto o coronavírus, por exemplo", diz Ana Karolina Barreto Marinho, médica imunologista e membro do departamento científico de imunização da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia).

"Temos que ficar vigilantes, mas não há necessidade de medidas adicionais e nem motivo para pânico", completa.

Atualmente, existem duas vacinas contra a varíola que passaram a ser aplicadas nos EUA depois do 11 de Setembro: a ACAM2000, da Sanofi Pasteur, e a JYNNEOS (também conhecida como Imvamune ou Imvanex), produzida pela farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic.

Em estudos clínicos, a JYNNEOS se mostrou 85% eficaz contra a varíola dos macacos. Segundo o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos), ela também pode tornar a doença menos grave.

Além dos EUA, o Reino Unido também oferece as duas vacinas para populações de maior risco, como profissionais de saúde e viajantes que passaram por locais onde a doença está presente. Nos países onde a vacina está disponível, é possível que haja uma campanha de vacinação para bloquear surtos, voltada para pessoas que tiveram contato com alguém doente ou que viajaram para países onde há contágio.

No Brasil, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), não há medicamentos nem vacinas registrados autorizados pela agência. "A Anvisa não recebeu solicitação de laboratórios farmacêuticos para o registro de vacinas ou medicamentos para esta doença", diz a Anvisa em nota enviada por email à reportagem.

Como saber se tomei a vacina no passado? Ela funciona?

Conforme já falamos, a varíola deixou de ter casos registrados no Brasil em 1979, quando também acabaram as campanhas de vacinação contra a doença.

Por isso, somente quem nasceu antes dos anos 1980 pode ter recebido (e provavelmente recebeu) o imunizante. Se isso aconteceu, talvez a pessoa tenha uma marquinha no braço esquerdo que parece um pequeno caroço. É difícil de identificar, mas provavelmente a tal marca é a da vacina contra a varíola.

Ainda não se sabe se quem tomou a vacina antes dos anos 1980 está protegido contra a varíola dos macacos. Além disso, é complicado saber exatamente quantas pessoas já foram vacinadas no país. "Naquela época, não existia cartão de vacina, não era tão simples esse registro", diz Marinho.

Varíola humana x varíola dos macacos

É importante saber que o vírus da varíola dos macacos não é o mesmo vírus da varíola humana. Ele foi descoberto em 1958 e tem uma taxa de letalidade muito menor do que aquele da varíola humana, e também tem uma transmissibilidade bem menor entre humanos.

"Ela é menos contagiosa e infectante, tem menos capacidade de disseminação", explica a imunologista Ana Karolina Barreto Marinho.

O contágio se dá por meio de contato com fluidos corporais, lesões na pele ou em superfícies internas de mucosas, como a boca ou garganta, gotículas respiratórias e objetos, como toalhas e lençóis, contaminados. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a taxa de mortalidade é 3% a 6%.

Até agora, nenhum caso da doença foi registrado no Brasil e nenhum óbito foi registrado no mundo.

Sintomas

Os sintomas da varíola dos macacos são muito parecidos com os da varíola humana, mas mais brandos. Eles podem durar de duas a quatro semanas. São eles:

  • febre
  • dor de cabeça
  • dor muscular
  • dor nas costas
  • fadiga
  • lesões na pele
  • inchaço dos gânglios linfáticos.