Moela de frango é barata e boa substituta da carne bovina; veja benefícios
A aparência pode não ser convidativa e o paladar parecer um pouco diferente, mas o fato é que a moela de frango é uma ótima alternativa ao consumo da carne bovina.
Ela é uma ótima fonte de proteínas e pobre em gorduras —uma porção de 100 g de moela, por exemplo, tem 28,8 g de proteínas e apenas 0,88 g de gordura. "Considerando-se que as necessidades diárias de proteínas, conforme estabelecido pela DRI (Ingestão Dietética de Referência), devem estar entre 10 e 35% do total de calorias ingeridas no dia, a porção de moela (200 g), sozinha, pode preencher a necessidade diária de proteína", diz a nutricionista Natália Pinheiro de Castro.
O alimento ainda contém micronutrientes importantes ao funcionamento adequado do nosso organismo, como ferro, zinco e vitaminas. "Como toda fonte de proteína originária de fibras musculares animais, ainda é rica em ferro, vitaminas B3 e B12", informa a nutróloga Marcella Garcez.
Você sabe o que é a moela?
Parte do sistema digestivo de alguns animais, como aves, crocodilos e alguns peixes, a moela exerce a função de trituração dos alimentos. De acordo com Castro, a parede desse órgão é formada por uma camada muscular grossa, revestida por um epitélio rico em glândulas secretoras, resistente o suficiente para comportar o movimento dos pedaços pequenos de pedras ingeridos pelo animal.
Segundo ela, para a digestão, os animais que têm a moela ingerem pedrinhas com os alimentos, que são movimentadas pela parede muscular do órgão e colidem com os alimentos, triturando-os. "Quando as pedrinhas se desgastam e ficam lisas, os animais as expelem pela cloaca ou pela regurgitação", explica.
A moela é também conhecida como estômago mecânico, fazendo a trituração dos alimentos já amolecidos e misturados a enzimas digestórias. "Dessa forma, a função da moela é massagear mecanicamente e triturar o alimento, reduzindo seu tamanho e aumentando a área de absorção", acrescenta a professora Ana Rita Ribeiro de Araújo Cordeiro, doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Benefícios para a saúde
1. Ajuda no ganho e fortalecimento muscular
"A proteína é o único macronutriente que é fonte de aminoácidos. A partir deles, o organismo sintetiza outras proteínas, que determinam a forma, a estrutura das células e coordenam quase todos os processos bioquímicos vitais", informa a nutróloga Marcella Garcez.
Isso quer dizer que o alto teor proteico da moela de frango ajuda na construção de músculos e tecidos. Contudo, vale lembrar que o ganho muscular precisa também estar aliado à prática de exercícios físicos para resultados mais satisfatórios.
2. Auxilia no controle do peso
Por conter poucas calorias —em 100 g do alimento há apenas 126 kcal—, a moela de frango pode contribuir na manutenção e no controle do peso corporal.
3. Melhora a imunidade
A moela de frango contém vitamina A, C, E, vitaminas do complexo B e minerais como zinco, ferro e fósforo. Esses micronutrientes participam de processos fisiológicos importantes, como manutenção da função cerebral, formação de células brancas (imunidade) e formação de hormônios. O zinco é um dos mais importantes, uma vez que participa da atividade de mais de 100 enzimas e é mais conhecido pelo seu papel no sistema imune, por isso o encontramos frequentemente associado aos antigripais vendidos nas farmácias.
4. Previne a anemia
Grande parte dos minerais encontrados na moela de frango corresponde ao ferro, substância essencial na prevenção da anemia, sobretudo em crianças. Além disso, a moela de frango é um excelente alimento para combater à desnutrição.
5. Saúde vascular e do coração
A ingestão da moela de frango ajuda a prevenir doenças cardiovasculares, como aterosclerose, por apresentar baixo teor de lipídios, ao contrário da carne bovina, que tem um valor mais acentuado de gorduras. A ingestão de lipídios acima dos valores recomendados —para as gorduras saturadas, ela não deve ultrapassar a 10% do valor total calórico—, pode ocasionar enfermidades cardiovasculares.
Como consumir
A moela de frango, por seu reconhecido valor nutricional, pode ser consumida de diversas formas: cozida, ensopada, acebolada, ao molho, empanada, frita, refogada e acompanhada de vegetais. Mas é preciso cautela: "Embora seja fonte importante de proteínas, não devemos consumi-la com tanta frequência em razão do seu alto valor de colesterol", adverte Cordeiro.
Para prepará-la, primeiramente deve-se higienizar a moela, para retirar as possíveis sujidades, além de remover, com a ajuda de uma faca, o epitélio glandular que recobre o órgão (membrana amarelada).Convém destacar que a moela é um tipo de carne fibrosa, por isso, segundo Garcez, deve ser cozida, preferencialmente em panela de pressão pelo período necessário que a deixe macia. Depois, pode ser aprimorada em outros preparos, como empanada e frita, frita ou grelhada.
A moela é consumida por muitas culturas ao redor do mundo, como nas barraquinhas de rua do Haiti e do sudeste asiático, onde é encontrada na forma grelhada. Já na Indonésia e no Japão, ela é consumida frita. "E em Portugal é consumida ao molho, forma de preparo que também é a preferida no Brasil", informa Castro.
Riscos e contraindicações
Segundo a TBCA (Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, uma porção de 100 g de moela de frango cozida sem sal e sem óleo contém 102 mg de colesterol, sendo que o limite máximo diário de consumo deve ser de 300 mg. "Sabe-se que o organismo necessita do colesterol para continuar a construir células saudáveis, no entanto se estiver elevado, pode aumentar o risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares", adverte Cordeiro. Portanto, recomenda-se o consumo moderado do alimento.
Vale dizer que a receita utilizada para seu preparo pode trazer outros benefícios, se acompanhada, por exemplo, de vegetais, que são fontes de fibras. "É fundamental que toda e qualquer alimentação seja equilibrada, saudável e nutritiva", aconselha Garcez. Ela ressalta que "todos os alimentos devem estar inseridos em um hábito alimentar equilibrado variado e o mais natural possível".
Fontes: Ana Rita Ribeiro de Araújo Cordeiro, doutora em ciência e tecnologia de alimentos pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba); Marcella Garcez, médica nutróloga, professora e diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia); Natália Pinheiro de Castro, pós-doutoranda do programa de nutrição em saúde pública, membro do site: NutS - Nutrition Science.
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