Pesquisa: 81% das mulheres ficam deprimidas e ansiosas durante menopausa
Segundo números divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde), até 2030, serão 1 bilhão de mulheres atravessando a menopausa. Ainda assim, o tema é cercado por um tabu. Por isso, durante este período, mesmo sofrendo algumas mudanças físicas e emocionais, grande parte das mulheres são relutantes em procurar ajuda médica para entender os sintomas e buscar soluções para suavizá-los.
Os primeiros sinais da menopausa podem ser percebidos a partir dos 40 anos, no chamado período de climatério. A fase, entre climatério, pré-menopausa até a pós-menopausa, pode durar de 10 a 30 anos. Ou seja, 1/3 da vida da mulher é vivida dentro deste processo.
Os efeitos da menopausa vão muito além dos famosos calorões e não são restritos apenas a sintomas físicos. De acordo com os dados da Plenapausa, femtech brasileira que promove informação, solução e acolhimento para mulheres na menopausa, 87% se sentem instáveis emocionalmente e 58% afirmam que se sentem menos produtivas no trabalho.
Quando se trata de ansiedade e/ou depressão, 81% delas afirmam que já se sentiram desta forma durante este período. A plataforma avaliou cerca de 2.600 mulheres até março deste ano.
Segundo a psicanalista e fundadora da Plenapausa, Márcia Cunha, além da falta de conhecimento sobre o assunto, existe um grande estigma das mulheres em relação ao tema, pois acreditam que viver e falar sobre esta fase seja um atestado da idade.
"Para fundar a empresa, conversamos com centenas de mulheres, e foi até um choque ouvir alguns sentimentos, foram frases muito marcantes, como: "Falar disso é dar atestado da idade, então eu prefiro não falar", "Me sinto jogada na vala", "Meu marido vai me trocar", conta.
Além deste tabu que cerca a menopausa e o processo de envelhecimento da mulher, outros fatores, associados a este período, colaboram para que os sintomas emocionais fiquem mais intensos.
"Além de todos os sintomas que são típicos da menopausa, geralmente nesta faixa etária a mulher está passando por outras mudanças em suas vidas, muitas vezes os filhos estão saindo de casa para cursar faculdade ou casar, a vida conjugal não tem o mesmo desempenho, acontece a transição ou fim de uma carreira, isso, associado ao início da menopausa, o estigma da reprodução, machismo, etarismo, preconceitos, podem deixar essa mulher ainda mais abalada e confusa. E muitas vezes mais solitária, ter que parar e olhar para si é um pouco assustador, principalmente para aquelas que passaram até aqui cuidando do outro" explica Márcia
Para a psicanalista, estes sentimentos também ocorrem devido a falta de informação e solidão desta fase, já que muitas mulheres sentem vergonha de tocar no assunto, que já não é tão debatido em sociedade, nem em casa ou com as amigas. "Quando conversamos diretamente com centenas de mulheres, identificamos uma grande dor: a desinformação sobre esta fase. A informação e a troca de vivências é o melhor caminho".
De acordo com Natacha Machado, ginecologista parceira da empresa, além do apoio emocional e de troca de experiências, as mulheres devem procurar pelo tratamento dos sintomas da menopausa, que pode ser adotado a partir da identificação dos primeiros sintomas.
"A primeira linha de tratamento para a menopausa e a mais efetiva é o uso de hormônios. Nos casos em que a mulher não puder, eventualmente, fazer o uso, há alternativas que incluem fitoterápicos e outras linhas de medicamentos que ajudam a atenuar os sintomas do climatério", explica a médica.
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