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'Por que seu rosto está torto?': ela teve mini-AVC durante chamada de vídeo

Dawn Turnage tinha 44 anos na época - Divulgação Dawn Turnage/American Heart Association News
Dawn Turnage tinha 44 anos na época Imagem: Divulgação Dawn Turnage/American Heart Association News

Luiza Vidal

De VivaBem*, em São Paulo

29/05/2022 11h43

Exausta no final de um dia de trabalho, a norte-americana Dawn Turnage se sentou em uma cadeira confortável para tomar sol antes de ir para a cama. Por mais de uma semana, ela se sentia mais cansada que o normal e com muita dor de cabeça.

Durante uma chamada de vídeo com a irmã April Washington, e a sobrinha de 2 anos, Naomi, ela descobriu que estava sofrendo um mini-AVC (acidente vascular cerebral), também conhecido pelo termo AIT (ataque isquêmico transitório). A história foi divulgada pelo American Heart Association (Associação Americana do Coração).

Foi a criança quem percebeu: "Tete, por que seu rosto está torto?". "O que você quer dizer?", Dawn perguntou.

A irmã dela, que é médica assistente, ouviu a filha e foi ver por si mesma. O lado direito da boca de Dawn, que tinha 44 na época, estava voltado para baixo, fazendo seu rosto parecer torto.

Considerando a pressão alta dela e outros problemas, April temia que sua irmã estivesse tendo um derrame. Seu marido chamou sua outra irmã, Damika Withers, que morava perto de Turnage, para ajudar.

No hospital, os médicos disseram que poderia ser uma paralisia de Bell, o que pode causar fraqueza facial temporária. Mas quando a irmã telefonou para explicar o histórico clínico de Dawn, os especialistas disseram que poderia ser um derrame.

Depois de alguns testes e exames, ela descobriu que tinha sofrido vários AITs, ou ataques isquêmicos transitórios, que ocorrem quando um coágulo bloqueia o fluxo sanguíneo para o cérebro por um curto período de tempo.

"Eu só estou cansada", disse a mulher, no dia. Ela tinha apenas 44 anos. Para ela, um derrame acontecia com pessoas mais velhas.

Todos no hospital disseram que ela teve sorte por não ter complicações duradouras dos "mini-derrames", que podem ser um sinal de alerta de um derrame completo. A mulher recebeu isso como um alerta.

"Fiquei pensando no que poderia ter acontecido e agradecendo a Deus por ainda estar aqui", disse ela. "Eu senti que é isso. Eu tenho que cuidar melhor de mim mesma."

Mudança de hábitos

O caso ocorreu em 2015, mas, imediatamente, ela mudou sua dieta e começou a andar regularmente. Dawn logo começou a perder peso.

Antes disso, ela bebia refrigerantes, esperando que eles a animassem e diminuíssem a dor em sua cabeça —o que não acontecia. Ela também estava deixando cair coisas, e sua visão piorou. Às vezes, a tela do computador dela estava embaçada ou muito escura.

Dawn também culpava seus problemas em uma agenda estressante. Na época, ela tinha dois empregos. O estresse a levou a comer demais, e ela ganhou peso —outra coisa que ela culpou por sua fadiga. Ela sabia que o peso extra não estava ajudando a controlar a pressão alta que ela havia diagnosticado um ano antes.

Ela quer ajudar mais pessoas

Atualmente, ela enxerga como missão educar outras pessoas, especialmente grupos raciais e étnicos sub-representados. A prevalência de pressão alta entre negros nos EUA está entre as mais altas do mundo, de acordo com estatísticas da American Heart Association.

Eles têm taxas desproporcionalmente mais altas de hipertensão mais grave, que se desenvolve mais cedo na vida.

"É importante para mim que a comunidade afro-americana esteja ciente de sua saúde", disse ela. "Eles precisam fazer exames e saber quais são seus números, bem como conhecer os sinais de alerta para doenças cardiovasculares".

O que é AVC e os sintomas

De forma geral, o AVC é a morte de células do cérebro, que acontece pela interrupção do fluxo sanguíneo no órgão. Essa falta de circulação do sangue pode ocorrer de duas maneiras:

AVC hemorrágico: quando um vaso sanguíneo ou artéria se rompe, causando vazamento do sangue na região e interrompendo o fluxo sanguíneo apropriado.

AVC isquêmico: pode acontecer quando há o entupimento de um vaso sanguíneo, devido ao acúmulo de placas de gordura em suas paredes. Ou então quando um coágulo migra para um vaso sanguíneo cerebral e limita o fluxo de sangue, o que vai "matando" as células que não recebem nutrição.

Já os sintomas são iguais para homens e mulheres. Alterações motoras súbitas, como fraqueza muscular, incoordenação ou incapacidade de movimentar uma parte do corpo —geralmente braço e perna de um lado só do corpo —, e dormência na face, braço ou perna estão entre os sinais mais marcantes da doença.

O paciente ainda pode apresentar dificuldade na fala, conversando de forma devagar e confusa. Alterações sensitivas, como cegueira, mudanças nos níveis de consciência, sonolência e confusão mental também aparecem. São registradas ainda queixas de dor de cabeça repentina, aumento de pressão intracraniana e náuseas e vômitos. Na dúvida, faça o seguinte teste:

S de sorriso, peça para a pessoa tentar sorrir, em casos de AVC só é possível abrir a boca com um lado, fica um sorriso torto e é fácil identificar que há algo errado;

A de abraço, quem sofre um AVC costuma ter fraqueza em um dos lados do corpo e não consegue levantar ambos os braços para abraçar outra pessoa;

M de música, como a fala e coerência ficam comprometidas, o paciente não consegue cantar;

U de urgência, se todos os testes foram positivos, chame ajuda imediatamente.

* Com informações de reportagem publicada em 02/08/2018.