Inchaço da cantora Joelma pode ser sequela da covid-19? Médicos explicam
Fãs da cantora Joelma ficaram preocupados quando ela apareceu com o rosto inchado em um show no último domingo (29). Segundo a assessoria de imprensa da artista, trata-se de uma sequela da covid-19, que ela contraiu três vezes desde o início da pandemia.
"Tive todos os sintomas e mais alguns. Foi muito pesado o que eu passei. O meu corpo inchou, eu fiquei maior que uma grávida de nove meses. Fiquei totalmente deformada. Caiu muito meu cabelo, foi uma coisa absurda. Até agora meu corpo não voltou ao normal", afirmou a cantora em 2020. Ela contou que a doença também afetou sua visão e memória.
Joelma foi diagnosticada com covid-19 em julho de 2020, fevereiro de 2021, e em janeiro de 2022. A queda de cabelo e os problemas de memória relatados pela cantora têm sido sequelas comuns entre quem pegou a doença, mas o inchaço parece ser incomum, segundo os especialistas consultados por VivaBem.
Uma das hipóteses é que a cantora tenha desenvolvido síndrome de cushing, uma condição associada à covid entre pacientes que fizeram uso de corticoides.
"É uma droga que não deve ser usada em casos leves, que não precisam de hospitalização. O excesso de corticoide leva à síndrome de cushing, que causa esse tipo de edema no rosto", explica Alexandre Naime, vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), professor e pesquisador da Unesp (Universidade Estadual Paulista). "É muito comum entre pacientes que foram tratados de forma inadequada."
Entre pacientes que ficaram internados —que não foi o caso de Joelma, até onde foi divulgado—, uma das sequelas que podem gerar um inchaço no rosto é a doença renal crônica, que gera um acúmulo de líquido no corpo por conta do mau funcionamento dos rins.
Uma causa mais rara é a insuficiência adrenal. O problema é uma deficiência na produção hormonal da glândula que fica em cima dos rins.
Procedimentos estéticos podem ter relação
A SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) publicou, em janeiro de 2021, uma nota sobre os efeitos da vacina de covid-19 em pessoas que realizaram procedimentos estéticos, especialmente aqueles que usam ácido hialurônico, após dois casos de edema (inchaço) serem relatados em voluntárias de estudos com vacinas.
Entre pacientes que realizam procedimentos, pode acontecer um tipo de edema tardio intermitente e persistente, conhecido como ETIP. "Ocorre geralmente no local da aplicação do ácido hialurônico e é um dos efeitos que pode acontecer, uma reação comum", diz Werick França, dermatologista membro da SBD.
Para o médico, a cantora pode ter desenvolvido ETIP por conta dos procedimentos estéticos, mas não é possível afirmar que há relação com a covid-19. Se for o caso, Joelma pode realizar um novo procedimento para retirar o ácido hialurônico. "Não é um processo alérgico e não leva a problemas de saúde, apenas o desconforto", salienta França.
No consultório, a dermatologista Carla Góes viu casos de pessoas que tiveram covid-19 e apresentaram inchaço em regiões específicas do rosto que passaram por preenchimento, como o lábio. "Eram edemas locais, não no rosto inteiro, em casos de dois anos atrás", afirma Goés. "Pode ser que a Joelma tenha feito procedimentos preenchedores no rosto todo", diz a médica.
Outra possibilidade, segundo a dermatologista, é que a covid tenha alterado a microcirculação da cantora, mas que seria uma situação muito específica que ainda não foi estudada. Segundo médicos, a doença pode, de fato, afetar a microcirculação de algumas partes do corpo, como o rosto.
"Uma das consequências da covid é a trombose, mas, para ficar com o rosto daquela maneira, seria uma trombose em um vaso muito nobre, como o pescoço, e seria um quadro muito grave, ela não estaria fazendo show", afirma Demetrius Montenegro, infectologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz e do Hospital Português do Recife (PE).
Os especialistas alertam, no entanto, para a importância da imunização contra a doença. "Não há motivo para alarde nem para preocupação. De forma nenhuma as pessoas que fizeram preenchimento devem evitar a vacina, pois existe uma alta recomendação para que todos saibam as vantagens de se imunizar e de não se preocupar com esses eventos adversos, que geralmente são leves e regridem rapidamente", afirma Edileia Bagatina, coordenadora do Departamento de Cosmiatria Dermatológica da SBD, em nota do órgão.
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