Por que as crianças precisam se vacinar contra sarampo, especialmente agora
Os casos de sarampo estão em alta desde que a pandemia de covid-19 atrapalhou as campanhas de vacinação infantil em todo o mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). No Brasil, a campanha de vacinação teve baixa adesão e atingiu só 29,97% das crianças de 6 meses a 4 anos, pelos dados do Localiza SUS, do Ministério da Saúde.
A diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell, chamou a queda na imunização combinada com o retorno às atividades sociais de "tempestade perfeita". Isso por que o sarampo é um vírus altamente contagioso e a infecção causada por ele pode ter sérias consequências para a saúde, sobretudo das crianças menores de um ano, podendo levar à morte.
Já sabemos como prevenir surtos e mortes de sarampo: com vacina. Então, a volta dos casos é um dado alarmante de que não estamos conseguindo proteger as crianças, alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. "Devemos trabalhar coletivamente para apoiar os países e impedir este vírus mortal", disse.
Por isso, fique de olho. O sarampo se espalha mais rapidamente do que ebola, gripe ou covid-19 e é transmitido por meio da fala, tosse, espirro e até mesmo respiração.
Os sintomas são:
- Tosse persistente
- Irritação nos olhos
- Coriza
- Manchas vermelhas no corpo
- Febre
- Dor de garganta
O quadro pode evoluir para pneumonia, lesão cerebral, surdez, parto prematura e até mesmo morte. A letalidade está entre 5% a 10% a depender das condições sanitárias locais, diz a Fiocruz.
A boa notícia é que a doença pode ser prevenida com as vacinas (tríplice viral, tetra viral e dupla viral), que são oferecidas, gratuitamente, pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A imunização é a única medida preventiva eficaz contra o sarampo.
Surtos mais frequentes
Houve mais de 20 surtos da doença no mundo no último ano.
Pelos dados do DataSUS, do Ministério da Saúde, a vacinação no Brasil caiu para níveis muito abaixo dos ideais, de 90%. No ano passado, só 60,7% do público-alvo recebeu a tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola ao mesmo tempo.
Em 2022, o estado de São Paulo registrou dois casos de sarampo, um na capital paulista e outro em São Vicente, no litoral sul. Outros 25 casos suspeitos estão em observação.
O Brasil chegou a receber em 2016 o certificado de erradicação do vírus do sarampo, porém perdeu o reconhecimento em 2019. Entre 2018 e 2021, houve quase 40 mil casos de sarampo no país, com 40 mortes.
Entenda a vacinação
É muito melhor e mais fácil prevenir uma doença do que tratá-la, e é isso que as vacinas fazem.
Este ano, a campanha de vacinação contra o sarampo acontece junto com a da gripe para crianças entre seis meses e cinco anos e acaba na sexta-feira (3).
Para estar completamente imunizada, a criança deve tomar duas doses, uma com um ano de idade e outra entre quatro a seis anos.
O Ministério da Saúde também passou a recomendar uma dose extra, chamada de dose zero, para bebês de seis meses até 11 meses e 29 dias de idade. Esta é uma dose temporária, que não deve ser considerada para rotina do calendário vacinal.
Vacina é um direito da criança. Cheque a carteira de vacinação de todos na sua família e, se estiver incompleta, procure um posto de saúde.
Mesmo adultos podem ser vacinados se não estiverem com as doses em dia. Apesar de ser conhecido com uma doença infantil, o sarampo também afeta adultos e as complicações são maiores nessa faixa.
A vacina pode ser administrada junto de qualquer outra, exceto a da covid-19. Neste caso, é preciso esperar um intervalo de 15 dias.
É obrigatório?
Os pais brasileiros podem receber sanções se a vacinação dos pequenos não estiver em dia.
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) prevê que as crianças devem ser vacinadas quando há recomendação das autoridades sanitárias, e o descumprimento, de acordo com a norma, resulta na cobrança de multa de três a 20 salários mínimos.
Além disso, o descumprimento do calendário de vacinação pode ser considerado negligência e deixar a criança em estado vulnerável, o que pode levar os responsáveis a participar de programas sociais obrigatórios e até a perda da guarda.
Se a criança morrer por conta de uma doença pela qual deveria ser vacinada, os pais também podem ser indiciados por homicídio doloso. Mas, de acordo com especialistas da área de imunização, a multa e sanções mais graves como a perda da guarda não acontecem com frequência —o mais comum são advertências do conselho tutelar.
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