Conjuntivite alérgica é comum nesta época; veja como identificar e tratar
Para os alérgicos de plantão, o outono e o inverno fazem soar um alarme. No período de baixa umidade, aumenta o número de partículas de poluição e de poeira no ar. Isso tende a disparar quadros respiratórios alérgicos como asma e rinite, mas também pode afetar os olhos.
Pedro Carricondo, médico e diretor do pronto-socorro oftalmológico do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), diz que coceira, lacrimejamento excessivo e irritação nos olhos estão entre os sintomas frequentes no outono e no inverno, e podem indicar alergia ocular —problema que atinge cerca de 20% da população, segundo dados do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia).
Um dos tipos de alergia ocular mais comum é a conjuntivite alérgica. Ela ocorre quando partículas de poluição, pó ou pólen geram inflamação da conjuntiva, membrana transparente que cobre o olho. Diferentemente das conjuntivites gerada por vírus ou bactérias, a alérgica não é contagiosa, pois está associada a uma atividade do sistema imunológico do próprio paciente, que reage a substâncias que entram em contato com os olhos.
"Inclusive, quem tem rinite ou sinusite, fica mais suscetível a essas reações, apresentando coceira e lacrimejamento nos olhos. No entanto, nem sempre os dois processos aparecem ao mesmo tempo", diz Lisia Aoki, oftalmologista da USP.
Sintomas e diferenças entre os quadros
Lacrimejamento excessivo, vermelhidão, irritação, coceira e sensibilidade à luz são sintomas recorrentes de qualquer conjuntivite e somente uma análise biomicroscópica permite identificar se o problema nos olhos é provocado por bactérias, vírus ou partículas.
No entanto, a conjuntivite alérgica tende a ser mais comum entre o outono e a primavera, enquanto as outras costumam ter maior ocorrência no verão. Além disso, a alergia ocular apresenta menos secreção e muita coceira, ocasionada quando você entra em contato com o agente alérgico —e pode ter fim pouco tempo depois de esse contato cessar.
"Como quando tiramos roupas guardadas há muito tempo no armário. O primeiro contato com o pó causa irritação no nariz e nos olhos, mas, após a higienização da peça, cessam as reações como a secreção e coceira ", exemplifica Carricondo.
A duração da alergia ocular costuma ser de até cerca de dois dias. Já a conjuntivite bacteriana permanece por um período em torno de cinco dias e causa mais secreção densa e amarelada. "Isso acontece em decorrência das células de defesas que estão protegendo o organismo das bactérias", diz o médico do HC.
O tipo viral dura até cerca de 15 dias e, por ser mais próximo da gripe, geralmente implica na inflamação das vias aéreas. "Nesse caso, a secreção é clara, como uma lágrima espessa, e a pessoa apresenta inchaço ao redor dos olhos, onde localizam-se os cílios", diz Pedro Carricondo.
Como evitar o problema
No caso da conjuntivite alérgica, é importante observar qual o estopim da crise —poluição, poeira, pólen ou até um perfume específico— e manter distância dele.
Na rua —onde é impossível controlar os poluentes ou o pó—, a orientação é usar óculos escuros. Eles são uma barreira física e evitam que partículas entrem em contato com os olhos.
Já em ambientes fechados, para amenizar os efeitos nocivos do tempo seco, os umidificadores ajudam a minimizar tanto os incômodos respiratórios quanto a irritação dos olhos.
"Uma recomendação importante para evitar qualquer tipo de conjuntivite é sempre higienizar as mãos antes de levá-las em contato com a região dos olhos. Ter um colírio de lubrificação ocular à mão também é uma boa pedida, lembrando que deve-se respeitar o prazo de validade recomendado pelo fabricante, após sua abertura", indica Pedro Carricondo.
Como tratar?
No caso da conjuntivite alérgica, o tratamento de outros processos associados —como rinite e sinusite— já causa efeito no incômodo dos olhos. Ainda é possível usar um colírio lubrificante ou mesmo compressa de água filtrada para "limpar" a área e diminuir a irritação da região ocular.
De acordo com os especialistas, o uso de soro fisiológico ou água boricada em garrafinhas não é recomendado. Assim que as embalagens são abertas e esses produtos entram em contato com o ar, eles podem rapidamente ser contaminados com agentes biológicos —ocasionando uma piora da inflamação e até uma infecção.
Caso queira lavar os olhos com soro ou água boricada, utilize o produto em forma de flaconetes, com apenas 10 ml cada, que tem menor risco de contaminação e degradação com o passar do tempo —já que, devido à pequena quantidade, não é armazenado e reutilizado.
Atenção também para o uso fórmulas caseiras em compressas. "Há casos graves de queimaduras oculares causadas por substâncias extraídas de ervas. É totalmente contraindicado", diz Pedro Carricondo.
E, para quem acha que uma simples conjuntivite alérgica não implica em grandes riscos na comparação com as outras, fica o alerta:
"Quando o paciente demora a buscar tratamento, o quadro pode se agravar, com risco de lesões na córnea", alerta Lísia Aoki. Em alguns casos, quando não há melhora, é necessário consultar um alergista para avaliação completa.
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