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Protetor de ouvido contra barulho: quais os benefícios e riscos de usá-lo?

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Adriano Ferreira

Colaboração para VivaBem

15/06/2022 04h00

Dormir, estudar, trabalhar ou simplesmente descansar são períodos que exigem tranquilidade ou concentração, porém nem sempre estamos em um lugar silencioso. Neste caso, uma solução eficiente é o protetor de ouvido, que reduz os ruídos e assim ajuda no nosso foco, traz paz interior e ainda protege de um problema de audição sério: a surdez.

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), uma exposição a um nível de ruído de 85 decibéis (medida da unidade da intensidade do som) durante 8 horas por dia é suficiente para causar perda de audição irreversível.

Além disso, existem outros prejuízos, como zumbidos, irritabilidade, dor de cabeça, alterações gastrointestinais, circulatórias, entre outras, que acabam comprometendo a qualidade de vida.

Barulho no trabalho e os riscos

Na lista dos dez profissionais mais expostos a ruídos prejudiciais estão os operários, marceneiros, carpinteiros, técnicos de construção civil, mineiros, técnicos de som, DJs, músicos e jardineiros. Sendo os controladores de tráfego aéreo os mais expostos. Nas torres de controle, durante aterrissagens e decolagens, o barulho pode ser superior a 140 dB (sigla de decibéis).

Manoel de Nobrega, doutor e professor afiliado do departamento de otorrinolaringologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), afirma que a perda auditiva provocada pelo ruído é gradativa.

Isso quer dizer que a pessoa só percebe que está com dificuldades para ouvir quando o processo de surdez já está em estágio avançado. Para evitar que isso aconteça, é importante sempre estar atento ao nível de ruído e à utilização dos EPIs (equipamentos de proteção individual), de uso obrigatório em locais de trabalho que ultrapassam níveis saudáveis para a saúde auditiva.

Os riscos começam a aparecer dependendo de dois fatores principais em relação ao ruído: intensidade e tempo de exposição. Se o nível de ruído for maior que 50 decibéis e a exposição for necessária e frequente, como acontece com trabalhadores de metalurgia ou tecelagem, o uso de protetores auriculares é indispensável.

Quais os benefícios do protetor auditivo?

Protetor auricular, de ouvido - iStock - iStock
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A maioria dos protetores reduzem o ruído de 20 a 30 dB. Além disso:

  • Propiciam uma melhor noite de sono e relaxamento;
  • Ajudam em uma maior capacidade de concentração no estudo e no trabalho;
  • Evitam a perda auditiva ao longo do tempo;
  • Protegem de zumbido após ir a shows ou trabalhar em locais com ruídos fortes.

Há riscos em usar protetor de ouvido?

O protetor auricular pode desencadear alergia local em quem tem predisposição, agravar alguma doença que já esteja presente ou empurrar a cera de volta para o ouvido, causando um acúmulo, o que pode desencadear vários problemas incluindo perda auditiva temporária e zumbido.

Para limpar a cera, será preciso usar algo para amolecê-la ou removê-la com seu médico.

Existem riscos de infecções na orelha, embora possam ser causadas por conta do acúmulo de cera. As bactérias que crescem no protetor auricular também podem ser as responsáveis pelo problema. É importante ressaltar que as infecções causam dor e, se não tratadas adequadamente, podem ter complicações, como perda auditiva.

Quais cuidados devo ter?

1) Nunca compartilhe o seu protetor auricular, seja qual for o modelo, com outra pessoa —são dispositivos de uso pessoal e individual.

2) Encaixe o protetor corretamente. Verifique qual a forma correta de uso, descrita na embalagem do produto ou conforme orientado pelo seu médico otorrinolaringologista.

3) Se o protetor for lavável, preste sempre atenção na higienização. Lave o dispositivo com sabão neutro e seque na sombra. No caso de protetores tipo concha, deve-se evitar imersão em água. Apenas um pano úmido com sabão neutro é o suficiente.

4) Utilizar apenas no próprio ambiente de trabalho se for o caso. As empresas devem oferecer locais de armazenamento adequado para todos os EPIs.

5) Para a colocação e retirada, as mãos devem estar limpas. Brincos e acessórios nas orelhas também não são indicados, pois podem danificar ou atrapalhar o uso dessa proteção.

De acordo com Roberto Angeli, membro da diretoria da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial), trabalhadores que fazem uso correto dos protetores de ouvido devem, periodicamente, realizar exame de audiometria com a finalidade de detectar precocemente algum dano à audição.

Quem tem inflamação crônica nos ouvidos ou fez cirurgia em alguns dos ouvidos pode necessitar de protetores diferentes com o objetivo de prevenir a entrada de água dentro do canal auditivo que, neste caso, deve ser avaliado individualmente por um otorrinolaringologista.

Quais os tipos de protetores auriculares que existem?

Priscilla Gambarra, fonoaudióloga especialista em audiologia e mestre em modelos de decisão em saúde e profissional do Hospital Universitário Lauro Wanderley, de João Pessoa, orienta que é importante verificar se o acessório possui certificação de aprovação que garante a eficiência e qualidade do produto, uma vez que o foco é a saúde.

Confira abaixo os diversos tipos de protetores auriculares que permitem níveis de proteção diferentes contra ruídos:

Protetor auricular tipo concha (abafador)

Protetor auricular tipo concha (abafador) - iStock - iStock
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Esses tipos de protetores têm um ótimo desempenho em faixas de frequência médias para agudas e protegem a orelha por completo. O professor de otorrinolaringologia da Unifesp recomenda o uso para trabalhadores que estão expostos durante longos períodos a barulhos intensos.

A estrutura é deste equipamento é forrada com uma espuma ou material isolante próprio que serve para abafar os ruídos indesejados e diminuir os níveis prejudiciais. As espumas podem ser trocadas, usando o kit de reposição de cada modelo para que seja obtido o melhor resultado na atenuação e vedação do protetor. O arco ajustável envolve a parte superior da cabeça para garantir maior resistência e é possível manipulá-los com luvas.

Protetor auricular plug de silicone

Protetor auricular plug de silicone - iStock - iStock
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Por serem moldáveis, eliminam o problema do tamanho do protetor. Essas "massinhas" feitas de silicone ou cera são fáceis de colocar, basta rolar entre os dedos para amaciar um pouco e colocar no ouvido pressionando levemente para se moldar ao formato da orelha, e assim tampar a entrada do ouvido. Como são maleáveis, é mais fácil conseguir um encaixe perfeito.

Os protetores moldáveis no geral têm um nível de redução de ruído menor que os protetores de espuma. Os modelos de silicone podem ser lavados, o que dá mais tempo de vida útil ao produto. E devem ser manipulados com as mãos limpas e sem luvas.

Protetor auricular de espuma

Protetor auricular de espuma - iStock - iStock
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Protetores de espuma no geral são feitos para se encaixar em qualquer orelha e são descartáveis. É possível diminuir o tamanho enquanto são manipulados em formato cilíndrico antes de usá-los. De proteção mais leve, são bastante populares e mais utilizados em situações triviais e por curtos períodos. Esse modelo é considerado bastante confortável por causa da base plana e do topo arredondado, e só pode ser manipulado com as mãos limpas e sem luvas.

Protetor auricular tipo polímero

Protetor auricular tipo polímero - iStock - iStock
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Esse tipo não muda de forma, por isso tem um formato de cone com três camadas com diferentes diâmetros. São eficientes para abafar ruídos e reduzir a exposição dos trabalhadores aos sons indesejados da atividade laboral. As vantagens incluem pode ser higienizado (lavado) e reutilizado, além de permitir o transporte na própria caixa plástica (embalagem). A manipulação apenas deve ser com as mãos limpas e sem luvas.

Fontes: Roberto Angeli, otorrinolaringologista e membro da diretoria da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial); Cláudio Ikino, especialista em otorrinolaringologia pela AMB (Associação Médica Brasileira) e professor associado na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina); Priscilla Gambarra, fonoaudióloga especialista em audiologia e mestre em modelos de decisão em saúde, profissional do Hospital Universitário Lauro Wanderley, em João Pessoa e do Complexo Pediátrico Arlinda Marques; e Manoel de Nóbrega, médico especialista em otorrinolaringologia, doutor e professor afiliado do departamento de otorrinolaringologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).