Com 54 kg, ele entrou na academia para ganhar músculos e virou triatleta

Quando terminou a faculdade, em 2014, Pedro Henrique Inacio, 30 anos, percebeu que estava sobrando tempo e decidiu começar a fazer exercícios. Matriculou-se em uma academia para ganhar massa muscular —na época, pesava 54 kg— e, com o tempo, experimentou treinos de corrida e de bike. Em 2018, veio o desejo de encarar um novo desafio: o triatlo. A seguir, ele conta como se apaixonou pelo esporte e consegue levar uma vida mais saudável:

"Após concluir a graduação, resolvi levar uma vida mais saudável. Na época, eu pesava 54 kg e decidi ganhar massa muscular. Comecei a fazer academia —assim como a grande maioria das pessoas que pensam em sair do sedentarismo ou querem mudar o corpo.

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Em um ano, cheguei a 73 kg e participei da minha primeira corrida de rua. Comecei a correr sem muita frequência e sem nenhuma orientação, mas gostei do esporte.

Tinha alguns amigos que gostavam de andar de bicicleta aos fins de semanas, para fazer trilha. Então, resolvi comprar uma bicicleta para acompanhar o pessoal. Também peguei gosto pelo pedal e cheguei a participar de algumas provas de mountain bike, em 2018. A ideia era me desafiar e conhecer novos lugares.

Depois da corrida e da bike, a natação

Na primeira vez que ouvi falar do triatlo, achei uma loucura fazer os três esportes ao mesmo tempo. Era uma realidade muito distante para mim, ainda mais porque não conhecia nenhuma pessoa próxima que praticava a modalidade.

Mas, como eu já estava correndo e pedalando e sempre quis aprender a nadar, surgiu a 'pulga atrás da orelha', uma vontade de encarar o desafio de fazer um triatlo. Comecei a pesquisar as competições, fui entender a história do esporte e conhecer os atletas.

Nisso, conheci uma das provas mais famosas do triatlo mundial, o Ironman, que é um desafio de corpo e mente. É necessário nadar 3,8 km, pedalar 180 km e correr 42 km para completar o percurso. Também tem a prova que é metade disso, o Ironman 70.3, que envolve 1,9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21 km de corrida.

Foi nessa hora que resolvi correr atrás do que eu precisava para começar os treinos para esse desafio. Só que, para isso, teria de aprender a nadar. Aos 27, me inscrevi em um clube de natação e comecei a fazer as aulas para encarar a minha primeira prova em mar aberto, que foi na praia de Toque-Toque Pequeno, em São Sebastião (SP).

Fiquei um pouco nervoso porque o mar estava com muitas onde e garoava. Comentaram até que iam cancelar a prova. Meu professor, na época, chegou a me acompanhar com mais duas pessoas ao lado até o fim dos 1.000 metros. Não era um bom dia para quem ia nadar pela primeira vez no mar. Mas, no fim, deu tudo certo.

Já fiz mais de 11 provas de triatlo e também competições de aquatlhon, que é natação e corrida, sem a bicicleta. Já foram 37 competições no total, sendo que a maioria é de corrida de rua.

Todo mundo acha que a corrida é o esporte que mais gosto. Mas, na verdade, é a natação, pois não me causa dor nem tem impacto. Além disso, gosto de nadar, acho a sensação muito boa. Como foi o esporte que entrou por último na minha vida, tenho mais amor por ela.

Porém, entre as três modalidades do triatlo, a que eu sou melhor é a corrida. Nela, sinto que tenho maior potencial de melhorar. E a bike, tenho amor e ódio, porque é o mais dificil para mim, é onde passo mais tempo: os treinos são de duas a três horas direto. Às vezes, o tempo não passa em cima da bicicleta.

Como é o treino dele

No meu último ciclo de treinos para uma prova de triatlo, eu gastava em torno de 10 a 15 horas semanais nos treinos de natação, corrida e ciclismo. Às vezes, sobrava um tempinho para fazer o fortalecimento do corpo. Os treinos mais longos são aos finais de semana, que chegam a durar quatro, cinco horas.

Mas isso depende muito da distância e da prova alvo. A rotina geralmente é adaptada de acordo com o objetivo de cada pessoa, no meu caso é necessário uma superorganização das tarefas do dia.

Tenho preferência de fazer os treinos pela manhã, pois no resto do dia fico livre para fazer outra coisa e também consigo conciliar com as tarefas do trabalho. Para isso, preciso acordar às 5h, comer e partir para o treino, seja de natação, seja de corrida, seja de ciclismo.

Mudanças no corpo e na mente

Em relação às mudanças corporais, como o triatlo é um esporte que tem necessidade aeróbica muita alta, acabei perdendo um pouco de peso, porém eu sempre fui magro e não foi tão perceptível essa mudança. Hoje, peso 67 kg —tenho 1,81 metros de altura.

Acho que quem pratica triatlo, assim como eu, e pretende fazer uma prova como um Ironman, precisa ter muita disciplina, organização e foco.

Para quem busca saúde, eu digo que tem diversos esportes e são inúmeras atividades que podem beneficiar e muito a nossa vida. O ideal é procurar algo que traga prazer.

Ficamos muito presos com a ideia da academia, porém há modalidades acessíveis e que atendem às características de qualquer pessoa, desde o mais animado até o mais introspectivo.

Uma dica importante que me ajudou muito é: faça parte de uma turma com os mesmos objetivos que você. Pode ser uma assessoria esportiva, um personal training ou um grupo de esporte. No dia em que você estiver um pouco mais cansado ou com preguiça, alguém vai acabar lhe incentivando.

Novas metas

A minha primeira foi atingida neste ano, em Florianópolis, ao fazer o Ironman 70.3. Tinha me inscrito há 2 anos, mas, por conta da pandemia, a competição foi adiada duas vezes.

Uns meses antes da prova, meu pai morreu por um câncer no pulmão. Ele ia comigo para Florianópolis, pois me acompanhava algumas vezes. Mas não queria desistir e consegui me preparar em quatro meses só (de janeiro até abril, mês da competição).

Agora, minha nova meta é o Iroman completo. Mas gosto de trabalhar com metas de curto prazo e longo prazo. A de curto prazo é fazer uma maratona (42 km) que será em 31 de julho deste ano, a SP City Marathon. Estou treinando para isso neste momento.

Depois, pretendo fazer mais algumas provas de Ironman 70.3 para ir melhorando minhas marcas até chegar ao Ironman."

O que é o triatlo?

O triatlo é uma modalidade que consiste em três provas: natação, ciclismo e corrida. Uma das provas mais conhecidas é a citada por Pedro, o Ironman, uma competição de longa distância. São 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida. Já o triatlo olímpico tem 1,5 km de natação, 40 km de ciclismo e 10 km de corrida.

No treinamento, quem pratica triatlo geralmente faz duas modalidade por dia, em horário separados —pedala de manhã e nada à noite, por exemplo. Já, aos fins de semana, a pessoa costuma pedalar e correr logo em seguida. Mas claro que tudo isso depende da rotina de cada um.

"Para iniciar nessa modalidade, é importante fazer um bom check-up médico para saber a condição física e cardiológica", explica Vitor Cândido Ferreira de Faria, professor de educação física da rede de Hospitais São Camilo (SP). Ele diz ser importante contar com orientação nutricional e de um profissional de educação física capacitado em treinamento de triatlo.

"Geralmente, assessorias esportivas que são especializadas em treinamentos de triatlo dão todo o suporte de treino e em provas que são preparatórias para a competição principal", diz o professor de educação física.

Faria explica ainda que, para esse esporte, é preciso de tempo e investimento em equipamentos como bicicleta, um local com piscina para prática da natação, nutrição e profissionais capacitados para aplicar treino.

"Não é recomendado iniciar os treinos sem orientação profissional, pois são provas muito específicas, que demandam conhecimento para elaborar e organizar os treinos", afirma.

Quais cuidados?

Por fim, o professor de educação física lista os cuidados necessário para quem deseja ou já pratica triatlo:

• Orientação médica para saber o estado físico para iniciar qualquer atividade esportiva;
• Orientação nutricional para adequar a alimentação e suplementação;
• Orientação de um profissional de educação física para os cuidados com treinamentos específicos;
• Acompanhamento de um fisioterapeuta esportivo ou uma clínica de reabilitação motora para prevenção de lesão e recuperação muscular;
• Trabalhos de fortalecimento muscular.