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'Abstinência de cigarro dói', diz Tonico Pereira; como lidar com sintomas?

Tonico Pereira está tentando reduzir consumo de cigarro - Globo/Estevam Avellar
Tonico Pereira está tentando reduzir consumo de cigarro Imagem: Globo/Estevam Avellar

De VivaBem*, em São Paulo

17/06/2022 12h39

Em maio, o ator Tonico Pereira, 73, ficou internado para tratar uma traqueobronquite, inflamação que atinge a traqueia e os brônquios. Ele ficou 10 dias em um hospital do Rio de Janeiro e voltou recentemente às atividades.

Por conta do problema, precisou parar de fumar (e ainda precisaria ficar longe dos cigarros). Em entrevista à Quem, o ator contou que essa é a parte mais difícil.

"A abstinência de cigarro é o que me dói. Eu fumava muito, muito", disse Tonico, que conseguiu ficar sem cigarro no hospital e, após a alta, diminuiu o consumo. "Mas ainda não consegui zerar".

Efeitos da abstinência

E, de fato, só quem já tentou parar de fumar sabe como é difícil enfrentar essas "emoções negativas" responsáveis por diferentes efeitos físicos e psicológicos.

"A abstinência do cigarro dura pouco tempo, em torno de dois ou três dias. Porém, junto com a ela vem a fissura, um impulso muito forte de fumar", fala Eduardo Perin, psiquiatra pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e especialista em terapia cognitivo-comportamental pelo Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo).

A abstinência da nicotina pode gerar diferentes efeitos, como:

  • Dor de cabeça;
  • Ansiedade e irritação;
  • Suor excessivo nas mãos;
  • Tremores;
  • Mudança do hábito intestinal e no sono (insônia ou hipersônia);
  • Fome compulsiva;
  • Dificuldade de se concentrar nas tarefas;
  • Apatia;
  • Depressão.

Segundo Marcus Yu Bin Pai, doutor em ciências pela USP e pesquisador do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas, os sintomas físicos tendem a durar menos tempo.

"Quando um fumante inicia um plano de cessação do tabagismo, passa por uma experiência angustiante de abstinência da nicotina e sintomas de recuperação nas primeiras semanas. Os sintomas físicos podem desaparecer em poucos dias, mas os psicológicos podem durar muitos meses".

5 maneiras de controlar os nervos durante abstinência

  • Opte por uma "desmame" gradual
  • Procure um tratamento médico
  • Compartilhe e peça ajuda
  • Busque distrações e faça exercício físico
  • Evite os gatilhos, como álcool

Quer parar com o cigarro? Veja dicas

O apoio dos amigos e familiares é fundamental no tratamento. Essas pessoas precisam compreender o momento do fumante, entender que ele vai ficar mais irritado, mas que é uma fase e vai passar. Elas devem ser mais pacientes e reforçar que estão do lado para ajudar, dar suporte, ouvir mais do que falar, acolher, evitar criticar, cobrar e implicar com a pessoa por qualquer motivo.

"Nessa fase, é importante se distrair e tirar o foco do cigarro, fazer exercício físico e buscar fazer atividades que prendam a atenção, como leitura ou artesanato", afirma Carolina Salim, pneumologista e integrante do Grupo de Apoio ao Tabagista do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo.

Segundo especialistas, uma das dicas para lidar com a vontade incontrolável de fumar é montar uma espécie de "kit fissura", com balas e chicletes sem açúcar e frutas secas. Isso pode ajudar a produzir um sabor e dar a sensação de que tem algo na boca.

Mudar de ambiente, fazer uma caminhada e tomar banho também são boas estratégias para mudar o foco.

De acordo com Jairo Bouer, psiquiatra e colunista de VivaBem, são poucos os que conseguem parar de fumar por conta própria e muitos precisam de algum tipo de suporte médico e de recursos para conseguir parar de fumar.

"Se voltou a fumar nessas primeiras semanas, não encare isso como uma derrota ou fracasso, isso pode acontecer, faz parte do processo. Não se desespere se você não conseguiu, se reorganize e parta para uma nova tentativa", aconselha.

A cessação do tabagismo é um processo lento e difícil. Muitos fumantes querem parar de fumar, já tentaram e, infelizmente, não tiveram sucesso. Nesses casos, o ideal é procurar ajuda profissional.

Existem tratamento medicamentoso que combate tanto a dependência química quanto a psicológica, explica a pneumologista.

* Com informações de reportagens publicadas em 04/05/2021 e 25/08/2021.